Rascunhos

Chegada

  Foram cinco horas de viagem e eu dormi metade do tempo. Não que dormir tenha melhorado meu humor, mas agora estava um pouquinho mais sociável.

Ao descer em frente a uma casa grande com um lindo Jardim eu esboço um sorriso para cumprimentar a mãe de Juliano. Maria é uma senhora baixinha, rechonchuda e muito hospitaleira. Ela abraça Bruna e passa a mão por sua enorme barriga, logo em seguida vai até mim e me abraça tão apertado que chego a sentir falta de ar. Eu sei que minha cara ainda deve estar parecendo uma desgraça, mas eu queria estar com a aparência amigável, já que ela sempre me trata muito bem.

-Anália! Que bom que você veio junto! Vamos entrando, não reparem a bagunça, vamos, vamos!

Maria havia arrumado a casa dos fundos para a estadia do casal, apesar de querer ficar de olho no seu futuro neto e ajudar no seu nascimento, ela entendia que os dois precisavam de certa privacidade.

Como minha chegada não era esperada até pouco tempo, ela me cedeu o quarto de seu outro filho, o mais novo, que estava longe por causa da faculdade.

 -Não precisa disso, posso dormir no sofá. -insisti, com a voz ainda meio rouca.

-Nada disso, quando ele chegar nas férias ele se ajeita, não vai se importar de você dormir aí não. Se você não aceitar eu vou achar ruim.

Por não querer contrariar a dona da casa eu aceitei. Coloquei minha mala para dentro do quarto cinza e simplista e me deitei na cama.

As imagens de Fábio com outra não saiam da minha cabeça. Peguei o travesseiro mais próximo e me agarrei a ele. O cheiro do travesseiro era de outra pessoa, mas meus pensamentos me enganavam e eu ainda podia sentir o aroma dele.