De alegria à frustrações

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  No caminho Juan não abriu a boca e eu também não

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  No caminho Juan não abriu a boca e eu também não. Toda aquela aquietação no meu peito começava a se transformar em raiva. O que ele achava? Que eu ia lhe passar vergonha na festa? Que é tão superior que não poderia ir comigo? Se é assim, eu que irei sumir lá dentro, não quero ver nem sombra deste loiro oxigenado!

Ele para o carro perto de um enorme salão de festa, lotado de jovens que já carregavam copos com bebidas e dançavam  em um ritmo envolvente. Saio do automóvel depressa, sem esperar qualquer comentário que ele pudesse fazer. Vou em direção as bebidas. Eu sei que não tenho um bom histórico com elas, mas não é possível que não tenha uma coquinha gelada sem álcool por aqui, né?

Depois de enfrentar uma fila enorme, consigo sair com um copo de refrigerante e uma olhadela esquisita do barman. Eu não conhecia ninguém ali, então aproveitei para dar a loca na pista de dança, ninguém ia saber que era eu mesmo...

Logo não demorou para eu ter companheiros bêbados, eles estavam bem alterados, mas inofensivos, nós pulávamos ao ritmo da musica, fazendo todos os passinhos bregas que sempre acaba tendo em festas. O mais legal é que eu não fazia ideia de quem era aquela gente, mas eles me incluíam na rodinha mesmo assim. 

Parei ofegante na pausa entre uma música e outra, pensando seriamente se enfrentava a fila para pegar outro refrigerante ou não, quando um braço me puxa da pista de dança. Com as luzes piscantes demoro a reconhecer Juan.

-Caramba, seu cabelo tá roxo! -digo observando o efeito da luz neon no loiro.

-Você bebeu, Anália? -ele pergunta com uma carranca.

-Você bebeu, Anália? -eu o imito fazendo uma vozinha. -Ah me polpe, Juan! Que você tem haver se eu beber ou não? 

-Minha mãe vai me matar se eu te deixar tonta de novo! 

-Juan? -uma menina que nunca vi na vida aparece do nada chamando pelo loiro. -Tá tudo bem?

-Ah o menininho da mamãe está ótimo, querida! -digo dando uns tapinhas no ombro de Juan.

-Tudo bem sim, Tatá. -ele a responde me olhando feio. Ele a chega mais perto, a abraçando pela cintura e lhe dando um beijo na bochecha. -É só que minha mãe pediu para traze-la pra festa e eu estou vendo se está tudo certo. 

-Ah sim! -a garota diz, me olhando de cima a baixo.

-Já acabou de fingir que é responsável? -digo ignorando o ser ao seu lado. Não quero admitir, mas sinto um desconforto ao lado desta tal Tatá. -Ou vai continuar enchendo meu saco? 

-Não, não. Pode continuar nessa sua bolha de autopiedade, achando que os outros são culpados por tudo que dá errado com você. -ele diz e a menina esconde um risinho com a mão.

-Sabe, eu preferia quando quase não tinha que ver sua cara.

Eu me virei para ir embora. Já não me sentia animada para dançar e sabia que se ficasse lá dentro por mais tempo ia acabar surtando mais uma vez. Parece que estou passando por vários testes de autocontrole ultimamente.

-Onde você vai? -Juan diz me seguindo para fora. -Se quer ir pra casa eu te levo, não precisa ser tão nervosinha não!

-Eu vou pra PUTA QUE PARIU, JUAN! -grito para ele sentindo o sangue me subir a cabeça. -Oh grande homem! Não sou uma criaturinha frágil, tenho duas pernas e sei andar.

Ele fecha os olho, pressionando a ponte do nariz e respirando fundo, enquanto eu retiro meus saltos dos pés para andar de forma mais confortável. Sempre achei meio brega e acabado fazer isso, mas de boa, eu só ia demorar mais com esse salto.

-Você é insuportável. -ele diz ainda com os olhos fechados. -Só entra no carro logo, vai? Ou vou ter que pegar a princesa no colo?

Eu chego me perto dele. Juan me encara com as mãos na cintura estressado. Ele ainda não entendeu que quando decido algo, eu simplesmente faço, por isso falo bem devagar, levantando meus saltos em uma altura bem visível.

-Olha, Juan, eu vou embora do jeito que eu quiser e você vai voltar para sua Tatá e curtir sua festa sem torrar minha paciência, ou eu vou pegar esse salto lindo e maravilhoso que a Bru me emprestou e vou enfiar em um lugar nada confortável, entendeu?

Não espero por uma resposta e parto para a direção da qual viemos. Aproveito para andar depressa enquanto meu corpo ainda está quente de raiva e não sinto meus pés doerem ao pisarem desprotegidos no chão.

 Aproveito para andar depressa enquanto meu corpo ainda está quente de raiva e não sinto meus pés doerem ao pisarem desprotegidos no chão

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