Bem-vinda

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 Esfrego meu pescoço que dói por ter dormido no assento do hospital

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 Esfrego meu pescoço que dói por ter dormido no assento do hospital. Já haviam se passado oito horas desde quando a bolsa de Bruna havia estourado e ainda nada da bebê nascer. Eu e Juan decidimos que ficar em cima agora seria muito aborrecimento para os dois, mas eu também não queria me afastar, então lá estávamos nós, esperando ansiosos quaisquer migalhas de notícias que podíamos ter.

Se nós dois estávamos assim, Juliano estava mil vezes pior. Bruna estava sentindo muita dor com as contrações e ele não parava de entrar e sair do quarto. Ninguém conseguiu fazer ele comer até agora, nem mesmo Bruna, que, apesar da dor, parecia anormalmente calma entre uma contração e outra.

Quando eu já estava prestes a me levantar para procurar saber o que estava acontecendo, dona Maria veio até nós. Finalmente a bebé estava nascendo e logo poderíamos vê-la no berçário. Juliano iria ficar com ela durante todo o processo, mas eu não conseguia ficar calma.

Eu e Juan ficamos perto do berçário atentos a toda enfermeira que passava por ali. Sei que deveria tentar ficar perto de Bruna, mas eu estava louca para ver a bebé, para saber se ela era saudável, se estava bem, se já tinha nascido com cabelinho ou não. Não demorou muito para vermos uma enfermeira entrar com um recém-nascido no berçário e quando ela saiu fomos até ela saber se este era o da Bruna.

-Sim, é uma garotinha muito saudável. –ela diz apontando pelo vidro onde havia colocado a criança.

-E a mãe, como está? –perguntei ansiosa.

-Já está em seu leito, repousando. Acredito que já pode receber visitas de familiares. –a enfermeira sorri ao ver o alivio em meu rosto. –Podem ficar despreocupados, o parto foi tranquilo.

Para um parto de oito horas, eu não sabia se tranquilo era o adjetivo correto, mas saber que a bebé estava bem e que Bruna havia passado por aquilo sem danos maiores me acalmava aos poucos. Juan me disse que eu deveria ficar menos eufórica antes de ir ver minha amiga, por isso demoramos mais um tempo observando a menininha no berçário.

-Tem cara de joelho. –ele diz depois de um tempo.

Eu lhe dou um tapa no braço rindo e ele reclama por eu ter lhe batido.

-Todo bebé é assim quando nasce, bobão.

-Eu não, aposto que eu era bem lindão. –ele brinca.

Vemos ela mexer os bracinhos enquanto dorme, seus dedos são tão pequenininhos que mal dá para ver nessa distancia, tão delicada que dava medo só de pensar em segura-la.

-Imaginei que estariam aqui. –dona Maria diz chegando perto do vidro. –Qual que é ela?

Eu mostro onde a bebé foi colocada e vejo a avó babando com a imagem da netinha.

-Bruna está dormindo, mas está bem, se tudo ocorrer bem com a bebé nas próximas horas elas terão alta. Anália, sei que vai querer ficar aqui com ela, mas gostaria que você e Juan fosse comigo para casa, arrumar as coisas para quando elas voltarem.

-Claro dona Maria, só quero ver Bruna antes de ir, mesmo que esteja dormindo.

-Sim, tudo bem, vem Juan, vamos esperar ela no carro.

Meio relutante, Juan segue sua mãe, apertando minha mão antes de ir. Vou direto no quarto de Bruna. Ela está dormindo um sono profundo e encostado em sua cama, Juliano também dorme. Acho que foi um dia mais do que estressante para os dois, porém feliz. A família estava completa, finalmente.

Quando Bruna voltou para casa com a bebé e Juliano, estava tudo a espera. Apesar de ser meio leiga nas coisas de maternidade, eu já esperava que a neném fosse sofrer muito com cólica nos primeiros meses, mas não esperava que já na semana inicial a casa se tornaria um caos.

Só percebi que as coisas estavam saindo do controle quando acordei as duas da manhã escutando Bruna resmungando o nome da menina, Maria Elisa (em homenagem as duas avós), em um tom choroso. Me levantei para tentar ajuda-la de alguma forma e a encontrei escorada na parede do banheiro, com a bebé no colo, chorando e fungando, toda descabelada.

Meu primeiro pensamento foi achar que a bebé havia morrido e que Bruna havia endoidecido com o choque, mas logo descobri que ela chorava porque finalmente conseguira fazer a menina calar a boca e dormir.

Dona Maria é a única que permanece calma e a única que sabia lidar com a criança de forma correta. A menina parecia um anjo em seu colo, seu choro calava e seu sono era profundo. Bruna agradecia mais do que nunca ter ido para a casa da sogra, mas se sentia frustrada por não conseguir manter as coisas sob controle.

Sei que Bruna não é uma má mãe, apenas inexperiente. E na boa parte do tempo, Maria Elisa é um ser tão fascinante e incrivelmente fofa que valia a pena todo o cansaço.

Se antes eu fugia de Juan para manter minha sanidade, agora eu fugia com ele. Quando a casa está tranquila, nós damos nossa volta. Dá para perceber que Juan gosta da cidade em que vive, nos últimos dias ele me levou a praças, mercearias, e lugares que eu nunca pensaria em visitar sozinha.

Após a primeira semana do nascimento da bebé, quando a casa se silenciou finalmente, ele se aproximou de mim na sala de estar, seus braços passaram em minha cintura e sussurrou em meu ouvido.

-Espero que tenha roupas para banho.

Com um sorriso atrevido no rosto ele se afastou. Não respondi ou protestei, sabia que ele iria me mostrar um lugar novo.

 Não respondi ou protestei, sabia que ele iria me mostrar um lugar novo

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