O pedido

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  Parece que agora quem está evitando qualquer tipo de contato é Juan e eu ainda não faço ideia do que aconteceu

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  Parece que agora quem está evitando qualquer tipo de contato é Juan e eu ainda não faço ideia do que aconteceu. Estou decidida a não transformar isso em um grande caso, mas dona Maria parecia cada vez mais incomodada quando ele sai sem hora para voltar.

Dois dias depois da nossa briga pelo controle remoto eu a encontrei bem cedo sentada à mesa da cozinha com as mãos sobre o rosto parecendo mais cansada que nunca. Me é estranho vê-la nesse estado, pois ela é sempre tão animada e ativa. Fiquei em dúvida se perguntava se estava bem ou se a deixava quieta e pensativa. Antes que pudesse tomar alguma atitude, dona Maria percebe minha presença na cozinha e não demora a abrir um sorriso.

-Bom dia, Anália! -diz já se levantando. -Senta aí que vou fazer um cafezinho pra gente.

-Não precisa, pode deixar que eu arrumo. -digo tomando conta da situação. -Tudo bem com a senhora? Parecia tão séria...

Ela solta um suspiro e se senta novamente no lado oposto da mesa enquanto eu arrumo as coisas para o café.

-Você acha que eu devia ter sido mais firme com o Juan? -ela me pergunta depois de um tempinho. -Quando ele era mais novo?

Agora era minha vez de suspirar forte. Eu realmente achava que dona Maria era muito mole com ele, mas ao vê-la nesse estado não poderia nunca falar as coisas deste jeito para ela. Fico parada tentando pensar em uma resposta que não vá magoa-la.

-Não sei. -digo finalmente. -Porque pergunta?

-Ás vezes acho que não o eduquei direito. Me esforcei tanto para não sentirem a defasagem do pai, mas acho que não foi o suficiente. -seus olhos começam a se encher de água.

Eu dou a volta na mesa para lhe dar um abraço, então ela começa a chorar muito dando tapinhas em meu braço enquanto eu afago seu cabelo. Eu já sabia da situação de dona Maria para criar os dois meninos, essa foi a primeira coisa que Bruna me contou ao falar da sogra. Seu marido havia morrido quando Juliano tinha nove anos e Juan tinha cinco, desde então ela deu sua vida para cuidar dos dois. Trabalho muito para juntar o dinheiro dos estudos e bancou todos os gastos dos meninos. Mesmo com a ajuda de familiares, não tem como negar o tanto que ela foi guerreira para lidar com o luto e com as crianças.

-Não fala assim. -eu sussurro. -Você é uma ótima mãe! Sério! Ninguém pode se atrever a falar o contrário!

-Ai Anália! Você é tão boa, queria que Juan fosse um pouquinho mais como você! Eu não sei mais o que fazer com esse menino! Não para em uma faculdade, não para em casa, faz sempre o que bem entende, parece que não toma jeito.

-Dona Maria. -digo ficando de frente para pode olhar para ela. -Ele já tá bem grandinho, tem nada que fazer não, isso ai, agora, ele aprende por conta própria. A senhora já fez tudo o que podia por ele, agora é a vez dele de tomar as decisões para a vida, ele ainda é novo, vai aprender.

Ela concorda com a cabeça, se acalmando um pouco. Passa as mãos no rosto para secar as lagrimas que haviam ficado e pega minhas duas mãos nas suas.

-Desde que você chegou ele estava tão mais bonitinho. Chegou até a me ajudar em casa um dia e não ficou trazendo aquelas piriguetes, que me dá nos nervos, pra cá. E agora ele tá tão esquisito.

Ela afaga minhas mãos enquanto fala. Não sei bem onde ela quer chegar, mas estou começando a ficar desconfortável com o rumo que essa conversa está tomando.

-Ai Anália! Eu não sei o que aconteceu, Juan não estava assim! Agora só anda emburrado e quase não tá em casa. Será que você não podia falar com ele? Descobrir o que têm? Você ele escuta!

-Poxa, dona Maria. -digo envergonhada e sem jeito. -Acho que a senhora está um pouquinho equivocada, o dia que Juan me escutar a gente pode fazer uma procissão e rezar o rosário!

-Escuta sim. -ela diz segurando mais forte minha mão. -Sei que escuta, já percebi que vocês dão certo, me promete que vai tentar falar com ele?

Não sei como dona Maria podia achar que eu e seu filho damos certo se o que a gente só faz é brigar, mas ela me encarava esperançosa e com o rosto manchado de lágrimas, então eu concordei com a cabeça. Iria falar com ele.

O problema era como, se ele só sabia fazer me evitar...

O problema era como, se ele só sabia fazer me evitar

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