Uma mensagem

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 No decorrer da semana o clima estava irritadiço, com uma guerra silenciosa entre mim e Juan

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 No decorrer da semana o clima estava irritadiço, com uma guerra silenciosa entre mim e Juan. Se eu precisasse usar o banheiro, ele dava um jeito de entrar antes e ficar lá por horas, em compensação eu sempre mudava a toalha dele para a sombra para que não secasse direito. Se eu estava cansada e querendo dormir, ele monopolizava o sofá e a televisão até as quatro da manhã. Se ele queria dormir até meio-dia, pois tinha ficado acordado até tarde, eu ajudava Dona Maria a arrumar a casa bem cedinho, batendo todas as panelas o mais alto o possível (principalmente em frente ao quarto dele). Ele me provocando de um lado e eu o provocando do outro, o aborrecimento cintilando em nossos olhares todas as vezes em que nos encontramos pela casa.

Ao fim da semana já estávamos no máximo. Dona Maria não via ou fingia não perceber o ódio crescente entre o seu filho e eu, no café da manhã de sábado ela estava empolgada, cantarolando enquanto eu a ajudava a por a mesa. Já virou um costume para mim ajuda-la nas tarefas domésticas, mesmo que no inicio eu tenha feito apenas para irritar Juan...

Bruna chega na cozinha arrastando os pés e segurando a enorme barriga.  Estava cada vez mais próximo o nascimento do bebê e seu corpo estava sentindo os efeitos da gravidez.  Ela se senta em uma cadeira, os cabelos desgrenhados e um ar de casada, acaba por pegar um pedaço do bolo que esta na mesa.

-Você devia comer coisas mais saudáveis. -digo e já me arrependo.

O olhar que ela me dá é como um tiro certeiro, ela tem um regime a seguir, para o bem do bebê, mas nesses dias ela está simplesmente fingindo que esse regime não existe. Resolvo deixar quieto por enquanto, mas murmuro um obrigado a dona Maria, quando Bruna não está vendo, por ela ter tirado os doces de perto dela e colocado uma travessa com frutas.

-Onde está o Juliano, querida? -nossa anfitriã pergunta.

-Saiu atrasado, vai comer no serviço. -ela responde sem se preocupar em estar mastigando.

Eu me sento ao lado de Bruna, me servindo de uma generosa xícara de café, só assim pra aguentar a mal noite de sono causada pelo programa de luta livre que Juan assistiu na noite passada. Agora já passava das oito da manhã e, mesmo com todo o barulho infernal que eu havia me empenhado em realizar, ele não acordou ainda.

Fico tentada a ir bater na porta de seu quarto, ele não deveria ter o direito de ter um sono tão pesado assim, não quando eu acordo com míseros barulhos que ele faz ao redor do sofá. Mal sabe ele que eu mantenho minha sanidade tirando breves cochilos na rede da varanda enquanto ele está ocupado com o videogame ou qualquer outra coisa que ele faça na rua.

Mas foi pensar na praga que ele apareceu, com a cara de sono, esfregando os olhos enquanto circula a mesa para dar um beijinho de bom dia em sua mãe. Nossos olhares se cruzam por um momento enquanto ele se senta em uma cadeira, como se desafiássemos um ao outro. Antes que eu possa dizer qualquer coisa rude meu celular vibra em cima da mesa, chamando minha atenção.

Desde que eu cheguei aqui as únicas mensagens que recebo são de meus pais, ter que contar para minha mãe o motivo de Fabio não ir mais nas reuniões de família por celular foi uma coisa difícil, mas consegui fazer tudo sem chorar. Mamãe me disse que essas coisas desastrosas da vida são um rascunho para aprendemos a lidar com o que realmente importa e eu lhe disse que não precisava recitar frases de efeito pra mim, porque eu já estava muito bem, o que não é bem verdade, mas ela não precisa saber disso, então tá tudo certo.

Mas voltando a mensagem que eu acabo de receber, se antes eu estava prestes a beber mais um gole do meu café, agora minha mão abaixa o mais delicadamente possível a xícara, enquanto vejo o nome de Fábio brilhando na tela do meu celular.

Abro a mensagem, querendo estar enganada e ao mesmo tempo querendo não estar. A mão tremendo de leve, o coração se apertando, como se estivesse se preparando para me abandonar e parar de bombear meu sangue. Meus olhos seguem rápidos e diversas vezes as frases na tela: Quero conversar com você, sinto sua falta, seguindo de emojis, aquele das duas mãozinhas juntas que parece alguém orando, ou sei lá. Sou péssima para decifrar emojis, mas esse parece bem claro pra mim.

-Que foi?- diz Bruna e me demoro um pouco para perceber que ela havia falado comigo.

-Nada. -digo ainda olhando para a tela brilhante.

-Você não está com cara de "nada". -ela diz e avança pro meu lado tentando ver o que eu tento olhava no celular.

Eu o tiro de perto o que só serve para atiçar mais a curiosidade de Bruna, que agora tenta insistentemente pegar o aparelho da minha mão enquanto eu tento deixa-lo fora de seu alcance. Não sei se o bebê vem junto com super poderes, mas ela parece ter uma força fora do comum e consegue pegar o celular e ler a mensagem enquanto me afasta.

-Você não vai responder, né? -ela pergunta meio apreensiva de que não irei dar a resposta que ela deseja.

-E se eu responder? O que tem de mais? -digo meio que a afrontando. Eu estou cansada, porque não posso apenas dizer que também sinto a falta dele? 

-Anália, olha  o que esse cara te fez! Ele te meteu o pé na bunda e já estava com outra, você não pode responder esse idiota!

Nesse instante minha garganta se fecha, como um bolor querendo sair, meus olhos ardem, eu tento engolir em seco, mas parece que nem isso eu consigo. Sei que o que ela falou é verdade, mas suas palavras rudes não deixa de machucar.

-Amiga, eu não quis dizer desse jeito. -ela fala mais manso agora, percebendo que estou magoada.

-Deu pra perceber que não. -digo de forma seca e estendo a mão pra ela. -Devolve meu celular, por favor.

-Garotas, vamos ficar calmas. -diz dona Maria se levantando.

Quando bruna não faz nenhum movimento e pego meu celular se sua mão, ela não resiste muito. Eu não consigo olhar para ela. Sinto raiva, não é como se eu não conseguisse cuidar de mim mesma.

-Pode deixar que eu sei fazer minhas próprias decisões. -digo e não espero escutar mais nada quando saio de casa respirando fundo. 

Pelo menos dessa vez eu consegui não chorar.

Essa é a primeira vez que estou interagindo com vocês, né?  Sorry, sou um pouco anti-social mesmo kkk

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Essa é a primeira vez que estou interagindo com vocês, né?  Sorry, sou um pouco anti-social mesmo kkk

E então?  O que acharam dessa mensagem de Fábio?
Ela vai responder ou não?

Comentem e votem aí 😀😀😀😀

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