Uma discussão

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  Do lado de fora da festa está fazendo frio

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  Do lado de fora da festa está fazendo frio. Passo a mão pelos meus braços para esquenta-los e fico de frente para Fábio esperando que ele comece a falar alguma coisa. Sua testa está franzida, reconheço bem esse semblante de quem tem algo a dizer, mas hesita.

-Então... -digo impaciente.

-Ana, não me olhe assim. Sei que não fui muito coerente ao terminar com você, mas eu realmente sinto sua falta. Falta de beber seu café enquanto a gente conversava, falta de ter ver depois de um dia cansativo no trabalho. Falta do seu cheiro.

De momento eu prefiro não responder. Não era possível que depois desse tempo que ficamos separados ele viria com essa conversinha fiada e acharia que estava tudo bem, que de repente eu me agarraria nele e declararia meu amor eterno.

-Eu quis te ver. -ele diz depois que meu silêncio se torna insuportável. -Fui na sua casa, mas você tinha simplesmente sumido.

-Ah é? Isso foi antes ou depois de sair com aquela loira? -sinto a rispidez em minha voz. -Quer saber? Não responde.

-Loira? -ele parece confuso por um momento. -Ana, você está falando da Celina? Não sei quem te falou sobre ela, mas é uma amiga, trabalha comigo, você sabe.

-Ninguém me falou nada, Fabio, eu vi. -quando eu falo seu rosto se avermelha.

É claro que não lhe contei que não vi os dois realmente juntos, se beijando ou coisa do tipo, mas toda essa vergonha em seu semblante... qualquer um que juntasse dois mais dois chegaria no resultado. Se antes eu tinha dúvidas do relacionamento dele com essa mulher agora não tenho mais.

Me viro para voltar para festa, não sou obrigada a aguentar esse circo. Sua mão agarra meu pulso, seu corpo ficando bem próximo do meu. Ele sussurra um "por favor, fique" no meu ouvido. Eu estremeço, não por causa dele, mas sim pelo frio. Seu toque, antes tão reconfortante, agora me causa repulsa. Sua voz em meu ouvido só me faz querer me afastar mais.

-Eu não consigo não te ter por perto! Preciso de você! -ele diz e em seus olhos eu vejo a necessidade. -Quero você ao meu lado novamente!

-Há uma diferença entre o precisar e querer que você fala e o que põe em prática, e acho que você não está entendendo isso. Você precisa do que eu te ofereço, você não me quer pelo que sou, senão não teria partido meu coração dessa forma.

-Não é verdade, você sabe que não. -ele diz e sinto medo quando ele intensifica o aperto em meu pulso. -Me diz que vai pelo menos pensar em mim. Pensar em nós.

-Me solta. -eu digo tentando puxar meu braço.

-Anália? -uma voz me chama. -Está tudo bem?

A mão de Fábio se afrouxa em meu braço e eu o puxo para me afastar dando alguns passos para trás sem tirar os olhos do homem a minha frente. Não gostaria de pensar que Fábio poderia me fazer algum mal, não queria que o homem por quem fui apaixonada por quatro anos se tornasse um monstro para mim, mas seus olhos tinham um quê de loucura que me fazia sentir um arrepio na espinha.

Atrás de mim alguém põe a mão em meu ombro me fazendo voltar a mim. Era Juan que me chamava. Sua testa estava um pouco franzida enquanto ele me olhava com preocupação.

-Acho que não vai chegar mais convidados, se você quiser, podemos ir andando agora. -Juan segura minha mão e olha pelo canto do olho para Fábio.

-Vou ficar esperando uma resposta sua. -meu ex reforça. -Pensa em todo tempo que tivemos juntos.

Eu concordo com a cabeça, mas acho que já pensei o suficiente. Não respondo mais nada, me viro com Juan para ir embora. No início penso que quando Juan disse para irmos andando ele estava falando sobre voltar ao salão de festas, mas ele me direciona para o carro de Juliano. Sem pensar muito, quando ele abre a porta eu simplesmente entro. Ele liga o carro e sai dirigindo.

Eu me afundo no banco do carro e cruzo minhas mãos sobre o colo. Minha cabeça lenteja de forma insistente. Só percebo que estava chorando quando sinto uma lágrima caindo no dorso de minha mão.

 Só percebo que estava chorando quando sinto uma lágrima caindo no dorso de minha mão

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