Apenas diferente

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Eu não trouxe nenhuma roupa para nadar, não podia imaginar que minha estadia se estenderia a isso, então arrumei o que tinha em uma bolsa, um par de roupa extra, toalha, e vesti algo confortável o suficiente para nadar, e isso deveria bastar para ...

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Eu não trouxe nenhuma roupa para nadar, não podia imaginar que minha estadia se estenderia a isso, então arrumei o que tinha em uma bolsa, um par de roupa extra, toalha, e vesti algo confortável o suficiente para nadar, e isso deveria bastar para a empreitada que Juan inventou.

Fomos andando, o que não teve nenhum problema, conversar com ele pelo caminho me fazia esquecer qualquer incomodo nos pés. Não posso negar que o loiro tem um senso de humor ácido, bem parecido com o meu. Após um tempo chegamos em outra parte isolada da cidade, está era diferente, as arvores começavam a surgir e a estrada é de uma terra seca e dura.

-Agora já está quase chegando. –ele diz me guiando pela estradinha de chão.

-É sério que você está me levando pro meio do mato?

-Está com medo maria Chiquinha?

-Haha, que engraçado.

-Reclame menos, aproveite mais. Sem julgamentos. –acrescenta quando me vê revirando os olhos.

A estrada vai ficando cada vez mais estreita e íngreme. Não demora muito e começo a escutar um barulhinho de água e sentir um ar húmido a minha volta.

-Fica um pouquinho difícil aqui, mas depois é tranquilo. –ele diz e começa a escorregar o pé para dentro de um inclinação tão profunda que parece um buraco. –Segura firme e cuidado para não cair.

Me apoio nele, morrendo de medo de escorregar de vez. Antes de completar o caminho complicado já consigo ver um rio lá embaixo, uma correnteza fraca, a agua tem uma tonalidade amadeirada que deixa todo o ambiente lindo e mágico.

-Como você acha esses lugares?

-Adolescente em cidade pequena sem nada para fazer, o que você acha que pode sair disso?

-Não sei, pensei que você gastava sua vida no vídeo game... –eu o provoco.

-Assim vou me sentir ofendido. –ele coloca a mão no peito em um fingimento de mágoa.

Logo nos instalamos na margem do rio. O loiro havia se preparado bem, tinha levado tudo o que poderíamos precisar, uma toalha para forrar o chão, comida para caso ficássemos com fome. Estávamos bem amparados de qualquer forma. Coloquei meu pé na água gelada. É uma sensação boa, refrescante. Deitei minha cabeça em seu colo, observando a copa das árvores e começamos a conversar sobre nada em particular.

Juan me faz rir. Apesar das brincadeiras, cada dia mais eu vejo um lado diferente dele, um lado que gosto muito. Ele não é aquele caso perdido que aparenta a princípio, apenas não é o tipo de pessoa que costumamos entender. As faculdades pelas quais passou não foram simplesmente jogadas no lixo, ele guarda dentro de si cada pequena experiência. Na verdade, quanto mais eu converso com ele, mas eu percebo que ele possui um tipo de inteligência rara.

-Então, porque não concluiu nenhuma delas? –pergunto após ele me contar sobre coisas diferentes que viu nas aulas.

-É muito entediante. Nenhuma delas me fez querer ficar.

-E o que pretende fazer?

-Pretendo entrar nesse rio, e nadar com você. –ele diz com um sorriso de canto, depositando um beijo em meus lábios e fugindo da minha verdadeira pergunta.

Ele levanta, retirando a camiseta e indo direto para a água. O observo por um tempo, ele é realmente uma obra rara na galeria. Solto uma gargalhada quando o vejo surgir no rio, tremendo pelo choque de temperatura e me chamando para me juntar a ele. Se fosse antes eu não iria, mas estou amando me arriscar nessas experiências com ele.

Passamos horas nadando, até meus dedos se enrugarem e quando o tempo começa a esfriar decidimos que é melhor ir embora, já que vai ser outra caminhada de volta.

Ao chegar perto da casa o semblante animado de Juan muda drasticamente para uma carranca mau humorada. Sem entender direito, observo alguns carros parados na frente da residência.

-Claro, sabia que os palhaços iam acabar vindo visitar o circo. –ele diz insatisfeito com que quer que sejam as visitas.

Ao entrar, vejo que a casa está cheia. A mesa do café da tarde está repleta de alimentos. Dona Maria avia caprichado na recepção novamente. Dois homens, mais velhos, bebem café acompanhados de três mulheres que paparicavam Maria Eliza no colo de Bruna. Duas crianças brincavam com o vídeo game de Juan e percebi que isso o deixaria levemente incomodado.

-Comprimente seus tios, Juan. –Dona Maria diz quando o filho entra em silencio. –Essa é Anália, Francisco. Amiga de Bruna que veio ficar aqui uns dias.

Eu aperto a mão do homem a quem ela havia me apresentado e ele me olha desconfiado.

-Você vai ficar um tempo, mocinha? –ele pergunta com a voz falsamente simpática.

-Enquanto a Bruna precisar.

-E não trabalha?

-Bom, eu trabalho em casa.

-Então, é mais uma para ficar nas suas costas, não é não Lia? –seu tom rude me deixa desconfortável. –Tinha que estar andando com Juan, trabalho em casa... hum. Menos feio do que falar que não faz nada né?

Abaixo a cabeça, constrangida, quase não percebendo o rosto de Juan se avermelhando de raiva. Não consigo ter reação para segura-lo a tempo, quando ele passa por mim em direção ao seu tio, acertando neste um soco de punhos fechados no rosto.

-Ela é uma tradutora de stream, seu babaca! –sua voz sai firme e clara, enquanto seu tio segura o rosto, pasmo.

-JUAN! –dona Maria grita do outro lado da sala, tão brava quanto o filho, só que por motivos diferentes.

Antes que sua mãe começasse com um sermão ele se vira e sai pisando firme. Fico paralisada por alguns segundos. Juan havia batido em um familiar por mim. Sem raciocinar se deveria ficar feliz ou receosa, vou atrás dele.

 Sem raciocinar se deveria ficar feliz ou receosa, vou atrás dele

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