Consequências e acertamentos

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  Eu não senti dor na hora, mas senti o sangue escorrer pela minha cara

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  Eu não senti dor na hora, mas senti o sangue escorrer pela minha cara. E o barulho do osso quebrando... Talvez o eu tenha pesadelos com isso para sempre. Acho que meu cérebro estava um pouco lesado, porque demorei alguns segundos para perceber que eu tinha me machucado e tentar segurar meu nariz com a mão.

-Puta merda! -digo e ai sim sinto a dor.

-Puta merda! -Juan larga a bebida no chão e vem até mim. -Você está bem?

-Ah, claro! Eu só quebrei a porra do meu nariz! -digo me sentindo zonza. -Sai da frente Juan!

-Ok,ok. -ele se afasta um pouco com as mãos levantadas e com o ar um pouco desesperado. -O que a gente faz?

-Me leva pro hospital, caramba!-grito e me arrependo na hora, porque todo movimento doí.

A partir desse momento eu não sei exatamente como as coisas aconteceram. Tenho uma vaga lembrança de entrar em um Uber com um Juan bem nervoso ao meu lado, mas quando dei por mim já estava na maca de um hospital com um médico me dizendo que talvez eu teria que ir para a sala de cirurgia botar meu nariz no lugar, mas que antes iria esperar o raio x e que se fosse esse o caso eu teria que esperar uns dez dias, pois precisava desinchar para ver como estava a fratura. 

Pelo menos ele disse que se tiver que fazer cirurgia é provável que vá utilizar anestesia geral.  Uma coisa é certa, eu morro de medo de procedimentos cirúrgicos e se vou ter que faz algum, prefiro que esteja bem dopada. 

Seguro uma compressa de gelo no nariz e me encosto na maca, pensando em vários xingamentos que eu poderia proferir pra esse loiro oxigenado quando eu não estivesse uivando de dor a cada palavra dita. Sentado no canto do quarto as vezes ele me olhava de esguelha e eu transparecia bem a minha dor para ele se sentir culpado.

-Pelo menos eles disseram que a recuperação é rápida. -ele diz.

-Ah, cala a boca! -digo pensando se deveria ou não tacar alguma coisa nele.

Antes que eu tenha mais tempo para colocar o pensamento em prática escuto Bruna se apressando pelo corredor do hospital. Ao seu encalço está dona Maria com as bochechas rosadas e a respiração dificultada a medida que tentava alcançar minha amiga.

-Ai meu Deus! -Bruna diz quando finalmente me vê. -Amiga você tá horrível!

-Valeu por deixar isso em evidência!

-Ai, isso é tudo culpa minha. -sua voz treme um pouco quando ela chega mais perto e se senta, com um pouco de dificuldade, ao meu lado na cama.

-Eu mandei você ir atras dela pra ficar de olho e é isso que você me faz, Juan? -dona Maria coloca as duas mãos na cintura enquanto briga com o filho.

-Desculpa mãe, eu não pensei que ela fosse acertar o próprio nariz!

-Pode deixar, da próxima eu acerto o seu. -digo o fuzilando com o olhar. -Recebi um bom curso de como quebrar as coisas hoje, vou adorar colocar em prática na sua cara.

-Meu Deus! Vocês não param um segundo? -Bruna diz irritada. -A semana inteira assim!

-Desculpa. -murmuro arrependida.

Ás vezes é difícil admitir, mas minha amiga tem razão. Sei que essa semana eu estou sendo 100% infantil e que só estou fazendo merda atrás de merda. Ela está certa de reclamar sobre minha briga ridícula com Juan e também está certa em falar o que disse sobre a mensagem do Fábio.

-Desculpa. -digo novamente, dessa vez com a voz mais firme. -Por tudo amiga, sei que estou passando dos limites nesses dias.

-Ai Anália. -sua voz está emocionada quando ela me abraça. -Me desculpa também. Não devia ter falado aquilo.

-É claro amiga. -digo rindo e retribuindo seu abraço. -Não se preocupe. Eu estou bem, sério.

-E nunca mais saia daquele jeito. Eu quase morri do coração! Você sabe que eu não gosto de ficar brigada com você!

-Tá bom! Nunca mais vou fazer isso, Bru, prometo.

Eu a abraço de novo, sentindo meu coração mais leve. Saber que tudo estava bem entre nós duas novamente me fez até esquecer a dor no meu nariz, mas logo me lembrei e o senti latejar quando o médico voltou ao quarto e o examinou novamente.

-Bom, não vamos precisar de um procedimento cirúrgico. -ele fala olhando o raio x.

-Que ótimo. -respondo. -Fico mais tranquila.

-Sim. -ele sorri. -Normalmente eu falaria para respirar fundo, mas...

Ele não espera eu assimilar a ideia quando sua mão já esta na minha cara para colocar o nariz no lugar e minha alma resolve sair do corpo. Vejo estrelinhas de dor, mas pelo menos agora está tudo acertado.

 Vejo estrelinhas de dor, mas pelo menos agora está tudo acertado

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