Aprendendo a dirigir as emoções

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*Por Alice*
- O acelerador, Alice... Não a embreagem - Pedro avisou me olhando. Duas coisas que aprendi nessas duas horas que estamos aqui: 1_ Eu sou uma péssima motorista 2_ O Pedro tem um limite de paciência ( mesmo sendo bem grande ) e eu tenho o poder de esgotar ela.
Nós estávamos numa rua deserta, na verdade tinham algumas pessoas, mas não havia carros, o que era importante para uma iniciante como eu... O básico eu sabia fazer: fazer o carro andar, acelerar quando preciso ( mas não uma velocidade absurda ). O meu erro é o resto: estacionar, frear devagar ( eu já freiei bruscamente e já quase matei nós dois ), manter o ritmo... Se o carro não fosse automático, tenho certeza de que teria problemas com isso também... Ah, e eu não consigo colocar meus pés até o final do acelerador, é muito longe...
- Isso, agora você vai parar devagar... - Ele falou e eu soltei o acelerador, apertei a embreagem e depois o freio, tudo isso bem lentamente. - Estacionar, okay? - Ele perguntou eu assenti. Fui manobrando o carro, girando o volante e o diabo a quatro. Consegui. Pedro sorriu orgulhoso e eu levantei as mãos no ar e soltei um gritinho. Sai do carro, precisava esticar as pernas.
- Você foi muito boa...
Soltei uma risadinha. Eu era péssima.
- Tá bom, tá bom... Mas essa foi a primeira vez... A primeira aula, depois vai ser bem melhor - Ele tentou amenizar as coisas. Saiu do carro e veio de encontro a mim.
- A primeira vez que você dirigiu foi assim também? - Perguntei já sabendo a verdade. Ele passou os bracos pela minha cintura e eu pelo seu pescoço.
- Não - Ele admitiu rindo um pouco. - Mas eu já tinha dirigido algumas vezes, nos carros da empresa do meu pai. - Ele explicou.
Então ficamos nos olhando por muito tempo, mergulhei na imensidão de olhos azuis dele. Vai sua pupila dilatar e sorri. Ele se inclinou lentamente até nossos narizes se encostarem, roçou nossos lábios um no outro e eu Fechei os olhos por um instante. Sua respiração estava acelerada, assim como a minha. Eu amava isso na gente, como nos conectávamos em questão de segundos, como sabíamos exatamente o que o outro estava pensando ou sentindo só de olhar; amava cono ele me entedia, como sabia tudo e mais um pouco de mim... Parei de raciocinar assim que as palavras se formaram na minha cabeça.
"Amava" a palavra ecoou no meu cérebro. Se repetiu diversas vezes.
Eu amava o Pedro.
Sai dos seus braços e engasguei com as palavras não ditas. Comecei a tossir, ainda engasgada.
Eu o amava. Eu nunca amei ninguém. Não sabia como era. Não sabia cono falar, nem como me expressar, mas sabia que sentia. Não sabia nem mesmo como cheguei a essa conclusão.
Senti as mãos de Pedro nas minhas costas e olhei pra trás, já parando de tossir.
- Ta tudo bem? - Ele perguntou entrelaçando nossos dedos. Neguei com a cabeça.
Deu uma puta ânsia de vômito.
- Acho que vou vomitar... - Falei sentindo um gosto estranho na minha boca.
- Quer voltar pra casa? - Neguei. Queria pensar no que sinto, e em casa não iria conseguir.
- Passou...
Tinha passado mesmo, foi rápido, momentâneo.
Eu olhei pra ele de novo que estava com uma expressão preocupada, com as testas franzidas.
- Não precisa ficar preocupado - Falei observando sua expressão.
- Não tô preocupado... - Falou parando de franzir a testa. Ele percebeu meu revirar de olhos, sabendo que eu o conhecia o suficiente para saber quando estava preocupado. - Tá bom, talvez eu esteja um pouco preocupado... - Ele admitiu sorrindo um pouco. Eu sorri também e o abracei, pousando a cabeça em seu peito, ele colocou o braço ao redor da minha cintura e o outro fez um carinho em minha cabeça.
- Olha pra mim - Ele pediu e eu fiz.
Ele não falou nada, apenas segurou minha cabeça com as duas mãos e ficou me olhando.
- O que foi? - Perguntei franzindo o cenho.
- Nada... - Ele falou simples e então me beijou.
- Por que isso agora? - Perguntei assim que paramos o beijo.
- Não posso mais beijar minha namorada?
- Pode - Falei entre uma risada e outra. - Quantas vezes você quiser... - Falei inclinando a cabeça e o beijando mais uma vez. Meu celular apitou acabando com o momento.
Eu o peguei e tinha uma mensagem da Violet.
"Mamãe passou mal, vem pra casa. Rápido"
Franzi o cenho preocupada, minha mãe nunca fica doente, ou passa mal, nada abala ela.
- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou Pedro.
- Vamos voltar - Falei ainda olhando pra mensagem. - Minha mãe passou mal - Disse e desliguei o celular.
Ele entrou no carro e eu também.Quando chegamos em casa, a medida que eu fui subindo as escadas e chegando perto da suíte da minha mãe, escutei ela vomitando e entrei correndo em seu quarto indo direto para o seu banheiro. A encontrei escorada na privada, toda suja, com a respiração ofegante e algumas gotas de sangue no chão. Eu baixei e segurei o cabelo dela de novo, então ela vomitou mais uma vez, e quando me dei conta, era sangue, muito sangue.
- Mãe? - Chamei nervosa. - Cadê a Violet? - Perguntei.
Ela finalmente par ou de vomitar, estava mais fraca do que nunca.
- Foi ligar para o Barry - Ela falou entre sussurros se referindo ao meu padrasto. Assenti com a cabeça e levantei ela.
- O que aconteceu? Você comeu alguma coisa estragada? - Perguntei guiando ela até a cama.
- Não sei, eu não comi nada demais hoje - Ela falou se deitando.
- Vou pegar um remédio. - Falei e sai correndo. Fui até a cozinha, onde ficava os remédios. Quando voltei pro quarto dela a Violet estava deitada com ela, eu dei o remédio e chamei a Violet lá fora pra conversar.
- O que aconteceu? - Perguntei preocupada.
- Não sei... Ela começou a passar mal do nada me chamou pra ajudar ela, fiquei preocupada e te chamei, não sabia o que fazer - Ela falou rápido demais, dava para ver que ela estava nervosa. Respirei fundo.
- O Barry tá vindo? - Perguntei finalmente. Ele ia saber o que fazer. Afinal, ele é marido dela, ele vai ser mais racional.
- Ele tá na Espanha, tá tentando pegar um avião o mais rápido possível.
- Vai demorar muito.
- É só um enjôo - Violet falou.
- Não é - Revidei. - Mamãe nunca fica doente, e quando fica, nunca pede ajuda, você falou que ela te chamou, se fosse só isso ela não ia te chamar. Ela é dura na queda, é orgulhosa, um enjôo não ia derrubar ela assim tão fácil. - Falei.
Ela só assentiu, não falou mais nada.
- Ela tá bem? - Perguntou Pedro com o Luke no colo.
- Mais ou menos - Falei pegando Luke no colo.
- O que a ma tem? - Perguntou Luke pegando meu cabelo.
- A gente não sabe... - Ele franxiu a testa. - Mas vamos de descobrir - Acrescentei.
- Eu quelo mimi - Ele falou deitando no meu ombro.
- Tem certeza?
Ele balançou a cabeça ainda deitado.
- Então vamos lá no quarto da irmã que eu vou te fazer dormir. - Falei e fui em direção ao meu quarto.
Quando entrei, coloquei Luke no meio da cama e botei os traviseiros em volta dele. Dei um beijo na testa dele e baguncei seus cabelos dourados.

Amor, amizade e outras drogasOnde histórias criam vida. Descubra agora