Você só pode estar brincando

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Quatro meses depois...

Alice
Luke fez dois anos. Dois anos de pura fofura. Ele fez em um tempinho, mas a gente não fez nada de grande pra ele, só cantamos parabéns, até porque não tinha nem clima.
Eu voltei pra escola, bom, todos nós voltamos, só que eu em especial voltei mesmo. Vou explicar. Em Fevereiro, eu não fui na primeira semana, dei uma desculpa de que não iria ter aula direito por causa do carnaval (e o Brasil só funciona depois dessa época, vamos ser sinceros) depois disso eu continuei indo, só que não estava aguentando. Minha mãe (a empresa, no caso) é uma patrocinadora da escola, então eles fizeram uma homenagem. Sim! Eles fizeram isso com a permissão do idiota do meu pai. E eu não estou falando com ele por causa disso, inclusive. Porém, depois disso, todos, (e quando eu digo todos, eu não é estou exagerando) começaram a falar comigo nos corredores, me dar abraços e falar "eu sinto muito" com umas caras tristes e foi surreal. Resumindo, eu tive uma crise de Pânico/ansiedade (esse transtorno em específico é mais conhecido como transtorno depressivo) e fiquei um mês sem ir pra escola. Depois eu fui (obrigada) pelo meu pai a ir... Só que eu, como sendo uma filha bem obediente, matei um monte de aulas, e só ia pra escola no mínimo duas vezes na semana. Mas agora tá tudo bem, eu estou indo constantemente. Isso é bom... Mais ou menos, né.
Mas eu sou uma aluna exemplar, não se preocupe. Eu pedia pro Pedro as suas anotações e eu copiava tudo.

Eu e os meninos fizemos a entrevista com o cara de Yale, e o pai do Peter está esperando a resposta dele.

Maio, é estamos em maio. Semana retrasada fez quatro meses que... Eu vou deixar vocês adivinharem... Sim! Que minha mãe morreu. Eu não chorei até agora. Hum, eu derramei umas lágrimas no enterro e tals, mas nada como um choro normal. E eu não chorei mesmo. E eu tô bem gente, eu já superei!

- Por que você não admite pra si mesma que sente falta dela... Chorar não é sinal de fraqueza... - Okay, eu estou cansada de escutar isso. Seja do Barry, da Valen, do meu pai, da Violet, do Pedro, do Brandon, de todo mundo. Mas dela, em especial, me fazia ficar com mais raiva ainda, porque significava que meus amigos estavam certos, uma profissional estava falando a mesma coisa que eles me diziam todos os dias. Eu gostava da Lúcia, ela era ótima, mas duas vezes na semana durante dois meses não é legal. O pessoal da clínica me conhecia já. Eu nem precisava mais chegar no balcão e falar: "Boa tarde, eu vim pra consulta semanal com a Lúcia, a piscicológa", porque eu só chegava, dava um sorriso e a mulher (que até hoje eu não sei o nome) anotava alguma coisa no computador e dava a deixa pra mim sentar e esperar a Lúcia me chamar.

- EU SEI! - Respondo já estressada. Olho no relógio de pulso pela décima vez. Fazia quinze minutos que eu estava dentro do consultório dela. Ainda faltava vinte e cinco minutos pra terminarmos a consulta.

- Você tem compromisso pra hoje? - Ela pergunta sorrindo. Eu me pergunto como uma pessoa pode ser tão feliz. Ou talvez como conseguia transparecer isso por tanto tempo.

- Não - Reviro os olhos.

- Olha, já fez dois meses, e você derramou três lágrimas. - É, eu falei pra ela a quantidade de lágrimas que eu derramei. Afinal, eu estava ali para isso mesmo.

- Ugh! - Resmungo com raiva - Sabia que eu e o Pedro fizemos um ano de namoro? - Tento mudar o rumo da conversa. - Ele me levou ao cinema pra assistir Aves se Rapina, porque deduziu que eu ia gostar de um filme produzido só por mulheres... - Sorrio de lado - É impressionante o quanto ele me conhece, não é mesmo?

- Quando que vocês fazem aniversário?

- Em março, dia 23 - Eu falo segura de mim - Mas eu mais ei de cabeça, eu tenho um lembrete no celular, e ele sabe disso, e mesmo assim acha a coisa mais fofa do mundo, segundo ele, isso mostra que eu me esforço. - Falo por fim.

Amor, amizade e outras drogasOnde histórias criam vida. Descubra agora