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Ficamos eu foiça dentro do barraco. Eu me sentia tranquila e o mesmo me olhou com um sorrisão.

—Caralho, Ludmilla sou maior seu fa! — o mesmo correu me abraçando e eu retribui com o fuzil no meio do abraço. O mesmo jogou o revólver pra trás meio sem graça. O foiça não era um adulto ele parecia ter uns 15 anos. porém tinha quase minha altura e era magro.
—Agora eu sou sua maior fã foiça, mas como é seu nome? — Assim que fiz a pergunta vi foiça murchar, e senti uma dor como se fosse a dele
—Eu não tenho nome não senhora, nasci no morro! — Se a Brunna estivesse aqui com certeza ela estaria aos prantos só com essa frase dele.
—Você não tem família!? — perguntei e ele negou, minha família era um senhorinha que me criou até o ano passado, mas então ela morreu e o cabeça pediu pra eu segurar o fuzil e não deixar policial subir, eu na verdade não sei nem como usa! — ele tinha a lerdeza igual a da brunna e isso me fazia querer rir. 
—Você vai morar comigo foiça! — Eu disse e o mesmo me olhou espantado.
—Você quer que eu trabalhe pra você? — ele perguntou com o fuzil em mãos
—Não foiça, você vai ser meu filho e acredito que da minha futura mulher!
—Mas eu ja sou um homem! — Ele disse cheio de si
—Quantos anos você tem? — Ele me olhou sério.
—Você não vai rir? — Eu ja queria rir da cara dele nessa frase.
—Tenho 13! — Acho que minha boca foi ao chão enquanto eu negava com a cabeça
—13? — eu perguntei e o mesmo concordou ele parecia estar dizendo a verdade.

Eu não sei explicar o porque mas esse menino além de ter salvado minha vida, despertou em mim um sentimento de mãe, como se ele fosse realmente meu e da bru eu me via nele, eu via a brunna nele. Ele tinha a lerdeza dela e a minha inocência.
Ele era meu.

—Juro pra você! — ele disse, eu olhei pra ele novamente e eu estava decidida.
—Me leva até esse tal cabeça! — eu disse e o mesmo me olhou assustado não acreditando no que eu estava prestes a fazer.

[...]
Tive qe passar cerca de uma hora brigando com o foiça pra que ele me levasse até o bendito cabeça, subimos o morro e eu atraia olhares de todos que passavam, algumas crianças sorriam pra mim e eu sentia uma imensa gratidão por ser conhecida. Chegamos até uma barraco na ponta do morro, tinha cerca de cinco meninos parecidos com foiça com aks e fuzis que nos olhavam de forma curiosa, ele subiu primeiro e logo depois um outro menino saiu de la de dentro indicando para um menino que ele chamou de "Alicate". Subi a escada e quando entrei dei de cara com um homem que jamais achei que veria mas que ja tinha visto em fotos e até mesmo em alguns jornais, meu pai.

—Ludmilla! — ele disse calmo e se levantou se encaminhando até mim. — Minha filha.

A cara de espanto de todos ali me deixava cada vez mais tensa e eu já não tinha mais expressão alguma.

—Jorge — Eu disse e o mesmo beijou minha testa, eu senti meu corpo todo arrepiar e o mesmo voltou a se sentar no seu lugar. Me olhando.

—Você tem o gênio da sua mãe! — Ele disse calmo.
—Graças a Deus.
—Ludmilla aquelas mulheres que te sequestraram queriam o que?
—Dinheiro.
— A menina disse sobre você ser ex dela, você é lésbica?
—Não acho que seja da sua conta, Jorge!

O mesmo fechou a mão e era um embate acirrado, nos olhávamos como se a qualquer momento fôssemos nos atacar, era estranho olhar pra ele dessa forma. Sempre quis conhecer o meu pai que minha mãe foi apaixonada, mas que logo foi preso e depois nunca mais soubemos notícias. Mas agora que eu estava vendo queria desconhecer.

—Você quer adotar o foiça!? — Ele perguntou enfim e acredito que um pouco de humanidade chegou aos seus olhos. —Acho uma atitude nobre, eu queria que todos esses meninos tivessem a mesma oportunidade igual a ele. Sei que você quer cuidar dele, como eu não pude fazer com você. Infelizmente eu assim como ele nunca tive família e meu único amor foi sua mãe. Um dia você vai achar uma mulher ou um homem, não sei. Mas que te ame e você a ame a ponto de saber que as vezes longe ou perto você vai continuar a ama-la. — Minha atenção voltou-se pro nada ao lembrar da Brunna e uma lágrima escorreu. — Aquela moça que estava com você no dia do acidente, ela é seu grande amor, eu vi pelo jornal o jeito que você a olhava nos seus shows.

Eu fiquei atônita a toda a situação e ele novamente saiu do seu lugar, deixando agora as armas em cima da mesa e vindo em minha direção eu via, amor nos seus olhos, via paixão. Ele colocou as mãos em meu rosto e eu fechei meus olhos e pude o ouvir sorrir.

—Eu esperei por esse momento a minha vida toda, me lembro de quando eu tinha seis anos, e minha mãe me disse que você não existia, que não se lembrava de nós. Aquele dia em diante decidi que você havia morrido e que ela era tudo. Eu estou feliz em te encontrar jorge e queria muito mais, realmente eu amo a mulher que você mencionou e amo o foiça e vou dar a eles o que eu nunca tive de você, amor. Seremos uma família.

Ele concordou e foi até o foiça, pude perceber que ele tinha lágrimas nos olhos mais não perdeu a postura. Ele segurou foiça pela cabeça da mesma maneira que fez comigo.

—Você vai proteger ela com sua vida, nunca mais saia de perto dela, nem da outra moça ouviu bem? — Foiça concordou — Você vai ter um futuro brilhante e eu vou ter orgulho de você como tenho dela. Meu neto!

Sorri ao ver aquela cena e ao lembrar que a minha bru estaria chorando horrores, uma preocupação me assolou ao pensar em como será que ela estava, ela devia estar preocupada demais com o meu sumiço. Me lembrei também da Gabi e de sua mãe e resolvi perguntar.

—Jorge e as mulheres que me sequestraram? — Ele se virou e então ele parecia frio novamente e calmo de uma forma que eu jamais vi.
—Elas trouxeram perigo ao meu morro, elas sequestraram a minha filha, agora ela vão pagar com a vida. — Eu senti meu corpo estremecer e pena tomou conta do meu coração.
—Agora vocês dois precisam ir, a polícia não pode querer invadir, por causa de você! — Ele disse se armando novamente — Não conte nada a sua mãe Ludmilla.
—Porque? — perguntei curiosa.
—Ela não sabe de mim, ela acha que eu morri quando você tinha seis anos. E melhor que continue assim. Eu te amo!

Eu concordei com a cabeça e saímos eu e foiça do barraco indo ao encontro da única coisa que importava agora a Bruna.

True (EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora