Fecho a porta do meu quarto e vou até o banheiro. Encontro a minha mãe com uma expressão triste no rosto.
- Sinto falta do seu pai.
- Se você não tivesse feito a escolha errada, não teria perdido ele.
- Eu fiz isso para...
- Nos proteger. Eu sei, eu sei... Mas isso não muda o fato de você o ter perdido, ou muda? - Ela nega e eu respiro fundo. - Mas enfim, foi a sua escolha e não tem como mudar o passado. Mas tem como planejar um futuro, melhor do que o seu presente pelo menos.
- Você tem razão.
- Sei disso. - Digo convencida. - Obrigada pela ajuda, mãe. Sweet Pea e eu vamos te encontrar depois do baile.
- Ok. Como eu saio daqui?
- Janela! - Aponto para a janela e ela sorri.
- Sério?
-Boa sorte. - Cantarolo e saio do quarto, a deixando sozinha.
Desço as escadas e vejo meu pai e Sweet Pea, ambos sentados no sofá e comendo frango, de costas para mim. Chego por trás deles e olho para o que tira a atenção deles : a TV.
Como eu pude esquecer que o jogo é hoje?
Sento no sofá e os dois me encaram.
- Como tá o placar?
- 14 à 17 pros Bulls.
- Parece que os Lakebostas vão perder! - Cantarolo e pego um frango do balde de frango do meu pai.
- Nunca! - Os dois falam em uníssono e o meu pai pega o frango da minha mão.
- Quem torce para os Clippers não tem direito de comer o meu frango. - Eu reviro os olhos e me levanto.
- Sweet Pea, vamos!
- Precisamos mesmo ir agora?
- Anda logo! - O puxo pela gravata e ele se levanta a contragosto.
- Espera, deixa eu tirar uma foto de vocês antes!
- Pai, é sério?
- Esses momentos são importantes, precisam ser registrados. - Reviro os olhos e ele pega a câmera.
Sweet Pea se aproxima de mim e abraça a minha cintura por trás. Eu faço o mesmo com ele e nós dois sorrimos para a foto.
- Já foi?
- Mais uma!
- Pai!
- Só mais uma, eu prometo.
Sweet Pea aproxima o seu rosto do meu e eu arqueio uma sobrancelha.
- Vira o rosto, idiota. - Ele fala em um tom descontraído e eu faço o que ele pede. Sweet Pea beija a minha bochecha e eu sorrio para a foto.
Meu pai pede mais uma foto e depois de uma breve discussão, acabo aceitando tirar apenas mais uma foto. Tiramos uma foto igual a anterior, só que eu beijo a bochecha do Sweet Pea dessa vez.
Assim que acabamos, nos despedimos do meu pai e vamos em direção ao carro. Sweet Pea abre a porta do carro para mim e eu entro.
- Vestido preto? Obscuro, gostei.
- É só uma cor. - Reviro os olhos e ele ri.
- O seu cabelo tá mais parecido com o da sua mãe agora. E você tá linda.
- Só percebeu isso agora?
- Desculpa. Você é linda, mas uma cesta do LeBron é mais.
- Ridículo! - Bato no seu braço e ele ri.
No caminho para a escola, nós nos divertimos conversando e cantando músicas aleatórias do rádio. Sweet Pea estaciona o carro e a música é audível mesmo do lado de fora da escola.
[...]
Chegamos faz 1 hora e a festa tá um saco. O lado bom é que eu consegui conversar com a Toni e agora ela não está mais com tanta raiva de mim, só um pouco. Nesse exato momento, estou sentada comendo uma deliciosa coxinha enquanto todos se divertem dançando.
- Vai ficar sentada comendo à noite toda? - Toni pega o prato de salgadinhos da minha mão e eu faço cara feia.
- Devolve!
- Não até você vir dançar com a gente. - Cruzo os braços e ela revira os olhos, me puxando logo em seguida.
Começa a tocar Dark Horse da Katy Perry e eu ouço a Toni gritar de animação.
- É a nossa música! - Sorrio e começo a dançar com a Cheryl e a Toni.
Mais alguns dos nossos amigos se aproximam e começam a dançar com a gente. Todos estamos nos divertindo muito. Por um momento eu olho para onde o Cole ficou quase a noite toda e o vejo ir em direção à saída.
- Onde você vai? - Toni me pergunta assim que eu começo a ir em direção ao Cole.
- Eu preciso resolver as coisas com o Cole.
- Tá, mas não demora! Não é o mesmo sem você. - Assinto e me apresso.
Assim que chego do lado de fora, caminho até ele em passos lentos. Mas paro assim que vejo que ele não está sozinho. Eva chega perto dele e tira algo da sua bolsa.
Assim que ela mostra para ele, ele parece surpreso e então a abraça. Os dois se beijam e eu me esforço para ver o que está acontecendo. Assim que consigo ver o que ela mostrou para ele, fico em choque. Sinto uma ânsia de vômito e corro para dentro.
Vejo uma lixeira próxima a mim e corro até ela. Vomito na lixeira e ouço passos atrás de mim. Sweet Pea segura o meu cabelo e assim que eu termino, entro no banheiro. Sweet Pea me acompanha sem se importar com o fato de o banheiro ser feminino.
- Você tá bem?
- Eu só preciso ir embora daqui. - Ouço o som de notificação do meu celular e ignoro.
- Tudo bem, vou avisar o Foca que a gente vai embora. - Assinto e o vejo sair do banheiro.
Saio do banheiro e vejo Toni e Cheryl caminhando na minha direção.
- Tá tudo bem?
- Sim, eu só preciso ir embora.
- Aconteceu alguma coisa? - O som de notificação do meu celular toca de novo e eu fico irritada.
- Eu te conto tudo depois, prometo.
- Manda mensagem quando chegar. - Cheryl diz e beija a minha bochecha.
Recebo uma ligação de um número desconhecido e rejeito a chamada.
Mensagens
- Achamos o seu moletom em uma caçamba de lixo próxima àquele covil idiota de víboras. Os Canibais estão indo atrás de você. Se não sair daí, vai morrer.
- Se sabe que fui eu, porque está me ajudando?
- Não faço isso por você. Vai para longe de Riverdale e não volta mais. Se eu te ver em Riverdale, eu mesma mato você.
Mensagens off
Desligo o celular e procuro o Sweet Pea. O vejo dentro do carro, estacionado em frente ao ginásio e corro até o carro. Entro no carro e fecho a porta rapidamente.
- Precisamos sair daqui, agora!
- Aconteceu algo que eu deveria saber?
- A Penny sabe que fui eu, precisamos sair da cidade!
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Conto De Uma Serpente (EM REVISÃO)
Hayran KurguLexy Campbell, uma menina de 17 anos, cresceu em uma cidadezinha chamada Riverdale. Riverdale é conhecida por ser bem tranquila, mas nem tudo é o que parece ser...