- O que - o seu telefone toca. Rapidamente, levanto-me, vou até à sala e trago-lhe o telefone. Ele atende com a cara de quem não se esquece do que ia a dizer.
Espero, sinceramente, que ele me entenda e que não me faça dizer mais nada. Se há pessoa que me consegue pôr a falar é ele.Decido levar a loiça do pequeno-almoço para a cozinha. Esta manhã deixou-me de rastos. Não estava à espera de ter este tipo de conversa com o André tão cedo. Mas bem sei que este tipo de coisa acontece quando não planeamos. E quando assim é, não podemos virar as costas. Temos de aproveitar estas oportunidades, enfrentá-las e dizer o que é preciso.
Retorno ao quarto e o André esfrega a cara.
- Tenho de ir para o Seixal.
- Tudo bem, precisas de ajuda? Queres que te leve?
- Pedi ajuda ao Grego. Imagino que... Imagino que não queiras despertar as atenções.
- Não. De facto não o quero fazer. Mas se precisas que te leve eu posso ajudar-te.
Ele sorri levemente. Sento-me ao seu lado.
- Não te preocupes, Luísa. Eu sei que é melhor ir com calma e o Samaris não se importa de me ajudar, acredita em mim.
Coloco a minha não na sua perna.
- Obrigada. Não te chateias comigo? Preciso de tempo...
- Precisamos os dois.
André inclina-se e beija-me.
- Mas aceito a ajuda para me vestir.
- Hum.. aí está uma novidade... Normalmente, gosto mais de despir.
André abre a boca surpreendido com as minhas palavras e logo de seguida começamos os dois a rir. Ele coloca a sua mão na minha nuca.
- Sabes que isso é demais para eu me aguentar.
- Bem, então vais conhecer os teus novos limites, porque a tua recuperação está primeiro.
Beijo-o.
- Vou buscar a tua roupa.
Beijo-o novamente e levanto-me.--
É já noite. Foi bom para mim poder descansar. Ainda para mais tomei a sábia decisão de ir ter com a família da minha irmã. É sempre reconfortante poder estar com eles e, é claro, com o meu sobrinho. Não sei se o André virá até aqui a casa. Acredito que o ambiente não seja o melhor, principalmente depois da derrota e sei que devem ter muito para acertar. E o André é uma peça fundamental, mesmo que muitos ainda se recusem a aceitar que ele é o capitão do grande Benfica.
Estou no meu quarto a acabar de me vestir depois do meu banho. O telefone vibra, sinal de uma mensagem.
É o André.Ainda estou no centro de estágios. A derrota também dá direito a lições. Vemo-nos quando for oportuno?
Claro. O que disse o médico?
Estou melhor. É continuar a colocar as pomadas e a fazer a medicação. O meu pé está com melhor cara também. E tu? Como estás?
Bem. Estive com a minha irmã. Falamos quando puderes e não te preocupes.
Não vais desaparecer?
Nunca olhei para o André Almeida como um homem inseguro. Muito pelo contrário. Esta pergunta faz corar sem nenhuma razão aparente.
Descansa. Eu não vou a lado nenhum e tu sabes onde me encontrar. Paciência com os miúdos. Um beijo.
Desconfio que saberei sempre onde te encontrar. Vou dar o meu melhor. Beijo.
Suspiro.
Será que estou a ser mais papista de que o papa? Será que estou a fazer bem? Não sei. Mas decerto que estou a fazer aquilo que eu sinto. Deus queira que desta vez seja o certo, pelo tempo que for e em que circunstâncias for.--
Três dias depois
São dois jogos de castigo. Mas, mesmo assim, o André faz questão de estar no balneário. Diz ser importante para a confiança dos miúdos e eu acredito nele. Desde aquela manhã que não temos estado juntos e eu confesso que sinto a sua falta. Mas sei, também, que estas ausências fazem parte da equação. Farão sempre, pelo menos enquanto ele for jogador profissional.
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A Vida em Livro
FanfictionO que pode acontecer quando uma jovem jornalista, que está a trabalhar numa biografia, e acaba por se apaixonar pela "personagem principal", o capitão André Almeida. Se terá futuro ou não isso apenas a história o dirá!