Pedro está deitado no meu colo a dormir. A febre teima em não baixar, mas sei que ainda temos de aguardar algum tempo até os medicamentos surtirem efeito. Olho para o telemóvel, que está em cima da mesa ao pé do sofá. Recebi uma mensagem do André, à qual ainda não respondi. Foi tudo tão rápido. A minha irmã chegou aqui com o Pedro doente, tanto ela como o marido precisam de trabalhar e é óbvio que eu quero ajudá-los. Foi receber todas as indicações, deitar o Pedro no sofá e aqui estamos. Em frente à televisão.
É melhor avisar o André para não vir até aqui. Dou um jeito e consigo chegar até ao telefone. Quando estou prestes a responder, a minha campainha toca.
Suspiro.
Não me digam que é ele...
Sinto Pedro a mexer-se.
- Tia?
- dorme, querido... eu já venho.
Devagarinho, levanto-me. Deixo o meu sobrinho confortável e vou até à porta. Pelo intercomunicador, confirma-se. É ele.Em poucos minutos, ele já está na ombreira da porta.
- Olá! - Ele diz sorridente.
- Entra...
- não respondeste à última mensagem, mas como tinhas dito que ias estar por cá, resolvi arriscar. Espero que não te importes? - Assim que passa por mim eu fecho a porta. André para perto do sofá - o que se passa? - ele pergunta, preocupado.
- gripe, André. Estou a tomar conta do meu sobrinho... estava mesmo para te mandar mensagem para te dizer que não estava sozinha, mas acho que foste muito mais rápido do que eu.
Apesar das minhas explicações, André Almeida tira o casaco e coloca-o em cima do sofá.
- Oh... Que chatice para o Pedro... - André senta-se perto do meu sobrinho.
Honestamente, eu não percebo o que André quer fazer... Mas é um verdadeiro regalo para os meus olhos ver como o coração dele amolece perante uma criança que mal conhece.Pedro mexe a sua cabeça.
- Tenho sede...
Apresso-me a ir até à cozinha e pego num copo de água.
- André Almeida?
- Sim...
-Estou a sonhar?
Sorrio ao mesmo tempo que vejo como André ajuda Pedro a sentar-se no sofá.
- Sou mesmo eu, miúdo...
Entrego o copo de água a Pedro.
- Já te tinha dito que o André é amigo da tia, lembraste?
Pedro abana a cabeça e sozinho bebe um pouco da água. Ajudo-o depois com o copo.
- não sabia que ele vinha aqui... desculpa estar doente...
Pedro diz-lhe baixinho.
- não tens nada que pedir desculpa. Vais ficar bom num instante, tenho a certeza.
- tens fome? - pergunto e ele maneia a cabeça.
- e um chocolate quente?
Pedro fica a olhar para mim e depois acena.
- Venho já...
- Quando estiveres bem jogamos na PlayStation, o que achas?
Oiço André perguntar-lhe enquanto me afasto.--
- Também tenho direito?
Oiço-o a perguntar. Estou de costas, ao pé do fogão.
- Jogadores de futebol também podem beber destas coisas?
- Estou na minha folga... tenho liberdade para isso... afinal é só um chocolate quente?
Viro-me e vejo como está a fazer beicinho. Só me posso rir e volto a minha atenção para o fogão.
- Um homem com mais de trinta anos a fazer beicinho? Deves mesmo gostar de chocolate quente...
- Quem é que não gosta?
Desligo o fogão.
- Desculpa, André. Sei que te deveria ter dito para não vires, mas realmente foi um bocado confuso...
Divido o chocolate quente por duas chávenas.
- Não tens nada que pedir desculpa. Tenho três sobrinhos, lembras-te? Estou mais do que habituado a isto, não te preocupes.Pego nas duas chávenas e viro-me para ele. Há sempre alguma coisa no seu olhar que me acalma. Entrego-lhe uma das canecas. Ele sorri-me e a sua face parece que se enche de alegria.
- Já estavas a contar com isto...
Sem me rir, respondo:
- És uma criança grande, André. Todas as crianças gostam de chocolate quente...
Ele finge-se de chocado.
- Acabaste de me chamar criança?
Fico perto dele.
- Sim - digo de forma divertida e vou até à sala.--
Ver o André com o meu sobrinho encheu-me de ternura. Pedro vai ficar melhor num instante depois deste tempo em que esteve com o jogador, o capitão André Almeida.
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A Vida em Livro
FanfictionO que pode acontecer quando uma jovem jornalista, que está a trabalhar numa biografia, e acaba por se apaixonar pela "personagem principal", o capitão André Almeida. Se terá futuro ou não isso apenas a história o dirá!