11º Capítulo

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Levanto-me. André Almeida vira-se para mim e vejo como está calmo.
- Não precisas de te ir embora... Isto foi... Outro dia estava com a malta aqui perto e acabámos por nos encontrar. Acabei por deixar a camisola lá e... bem, ela veio trazê-la.
Aceno levemente.
- Como foi estar com ela?
Pergunto e ele surpreende-se. Não posso fazer mais nada senão descortinar o que se poderá vir a passar. Tenho a certeza de que esta é a única maneira de enfrentar esta situação.
Ainda bem que o meu trabalho aqui está a terminar...
- Foi... Não sei, foi... Não me senti mal por isso, se é o que estás a perguntar.
- Só estava a querer saber se ficaste bem em vê-la... Se assim foi talvez essa mágoa já se tenha dissipado.
- Não sei...
Finalmente, André põe a camisola num dos sofás da sala e senta-se no lugar onde estava.
- Eu sei que a amas.
Digo, serenamente.
- Porque me estás a dizer isso?
- Lembraste de quando falámos do amor?
Pergunto ao mesmo tempo que pego nas minhas coisas - Não o deixes fugir.
Aproximo-me e deixo um beijo na sua testa.
Quando estou prestes a mover-me, ele agarra-me na cintura.
- Não te vás embora. Não foi isso que tínhamos combinado...
Coloco as minhas mãos na sua face, fazendo-o olhar para mim.
- Tens a certeza?
Ele acena e eu deixo cair as minhas coisas ao mesmo tempo que o beijo. André inclina-se no sofá, ficando mais à vontade, enquanto percorro a sua face e o seu pescoço com os meus lábios. Nada mais posso fazer sem ser aproveitar o tempo que ainda me resta com ele. Ajoelho-me no chão e coloco as minhas mãos nas suas pernas, subindo até à sua cintura, para depois abrir as suas calças.

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Limpo a boca com a palma da minha mão, antes de me levantar e sentar-me do seu lado.
- Mataste-me... - Ele sussurra.
Fecho os olhos e inclino-me no sofá.
- Não era essa a minha intenção...
André coloca a sua mão no meu braço, descendo à minha perna.
- Esperava tudo menos isto... - ele confessa.
Não lhe posso dizer que tenho de aproveitar o tempo com ele até que tudo termine.
- E que tal?
Ouço-o a rir.
- Para quem tem pouca experiência... foi extraordinário...
- Também se aprende a ver... - acicato-o um pouco e ele coloca a sua mão mais para dentro da minha coxa.
- És uma caixinha de surpresas... Mas também posso retribuir...
Abro os olhos, inclino-me para a frente e tiro a minha camisola.
- Sim? Como?
Finalmente, ele olha para mim e beija-me com sofreguidão. As suas mãos passeiam pelo meu peito, tocando nos meus pontos mais sensíveis.
- Verás.
Ele diz antes de se levantar e tirar a sua roupa.

Deitados no chão da sala, sinto que nada me pode afetar. Aqui não existe mais nada sem sermos nós.
- Afinal os tapetes têm uma utilidade.
Levanto a minha cabeça e franzo o sobrolho.
- O quê?
- Os tapetes... não são só para decorar.
Desato-me a rir. Volto a deitar-me no chão. Quando nos acalmamos olho para ele.
- Fico contente de que tenhas descoberto isso comigo.
- Esta foi apenas uma das coisas que descobri contigo...
Sorrio. Não percebo como é que ele é capaz de me dizer estas coisas de uma forma tão desprendida.
Viro-me para estar de frente para ele.
- E o que é que descobriste mais?
- Como é bom partilhar... partilhar o que sou ou o que penso. Às vezes esqueço-me disso...
Chego-me mais perto dele e dou-lhe um beijo no ombro embevecida.
- Que coisas boas...
André dá-me um beijo na testa.
- Vamos para a cama.


Na última reunião que tive com o Jorge percebi que a minha pesquisa estava feita. Quando houver um produto final vou revê-lo para perceber se há alguma coisa que deva ser incluída.

Combinei um café com o André no sitio onde nos começámos a encontrar para lhe dar essa notícia. Talvez já não seja tão fácil voltarmos a estar juntos. Mas, de qualquer das maneiras, esta vai ser uma boa forma de o perceber.

Acabo de me sentar quando o vejo a chegar. André cumprimenta algumas pessoas no café e vem ter comigo. Há algo de diferente no beijo que me dá na cara e consigo ver pelo seu semblante que algo mudou.
- Estás bem? - pergunto e ele acena.
- Acabei o treino agora... mas amanhã tenho estágio, tenho de ir para o Seixal...
- E isso é mau?
Ele sorri.
- Não... é só cansativo. No fim de semana um dos meus amigos faz anos quero ver se consigo estar com ele.
- Boa. Vai ser animado.
Coloco as minhas mãos à volta da minha chávena - Queria dizer-te pessoalmente que a pesquisa acabou. Agora está tudo com o Jorge - Noto que André deve estar a pensar no que me poderá dizer. Mas a notícia não o deixa aliviado, disso tenho a certeza.
- Quer dizer que já estás noutro trabalho?
- Mais ou menos... estou a dar apoio a outra investigação, mas ainda vou rever o texto da tua biografia.
André encosta-se na cadeira.
- O tempo passou a correr...
- Sem dúvida... espero sinceramente que gostes do resultado final. Eu adorei fazer isto - sinto que há algo que termina e sorrio.
- Eu também.
Ele finalmente sorri. Aquele seu sorriso aberto e verdadeiro capaz de iluminar tudo à sua volta. E que bom que é vê-lo, nem que seja só por agora. Bebo um pouco do café e o seu telefone toca.

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