Acordo com uma fraca luz é o despertador tocando, olho pro relógio e são 07:00 da manhã, o julgamento acontecerá as 09:00, mas preciso acordar.
Olho ao redor e me lembro de estar no quarto de Gustavo, mas ele não está mas aqui.
Me levanto e me enrolo no lençol, pego minhas coisas e vou em direção ao meu quarto, preciso tomar um banho, estou uma bagunça, descabelada, com a maquiagem borrada, horrível.
Entro na banheira dos sonhos e lembro de tudo da noite passada, como pode despertar tudo isso em mim, estou fora de órbita, aqueles beijos, seu cheiro, seu gosto, seu corpo, não consigo tirar da cabeça.
Quando disse que me desejava, que me queria, implorou pra me ter de novo, e me fez sua como nunca ninguém fez.
Preciso parar de pensar, saio da banheira e procuro uma roupa mais formal, é a primeira vez que vou participar de um julgamento em um caso como esse. Opto pelo mais formal que trouxe.Saio do quarto e vejo Gustavo tomando café, ele sequer olha em minha direção, mas é claro sua boba ele conseguiu o que queria. Também finjo que não me abalo.
- Bom dia senhor Gustavo. Falo seca.
- Bom dia Clarisse.
Ele nem me olha, aff, decido tomar meu café e me sento no sofá checando algumas mensagens enquanto espero a hora de sairmos.
Ana me mandou várias mensagens falando sobre Vinicius, perguntou se eu já tinha transado com o gostosão do meu chefe e eu apenas acho graça de suas loucuras.
Gustavo pega sua maleta e percebo que é hora de ir, o caminho todo foi um terrível silêncio e ele voltou ao modo chefe insuportável.
Quando chegamos ao fórum ele me apresenta a um dos funcionários, sou encaminhada até a sala em que está a menina, preciso ajudar com as provas e fazer com que inocente menininha diga o que aconteceu.
- Olá. Digo assim que entro notando ela sentada em uma cadeira de cabeça baixa.
Ela não responde, parece com medo, nervosa, sinto uma angústia enorme, é um sentimento horrível o de temer as pessoas que deveríamos apenas amar.
- Me chamo Clarisse, só quero conversar, qual o seu nome?
Ela me olha mas não parece confortável ainda.
- Sofia.
- Nossa, que lindo nome, lindo com a dona.
Ela me olha tentando saber se pode confiar em mim.
- Sei que você não está muito confortável comigo aqui, e que também não queria estar aqui em um julgamento, mas você é muito importante agora.
- Não posso falar nada. Ela diz e vejo lágrimas em seus olhos. A coisa está pior do que pensei.
- Tudo bem, não chore, eu vou te contar uma história ta bem ?
Ela faz que sim com a cabeça.
- Quando eu era pequena passei pela mesma coisa que você. Ela me olha assustada como se não acreditasse. - Tive um monstro que me machucou, chorei por muito tempo, mas tudo passou, eu resolvi me abrir com alguém, pedi ajuda, confiei em uma pessoa, e hoje eu estou aqui ajudando você, hoje sou forte e nada mais me abala.
Ela me olha e não consegue entender o que quero dizer.
- Estou falando isso Sofia, porque hoje você tem o poder de decidir o seu futuro, se você confiar vai poder viver feliz, e será uma mulher forte como eu.
Percebo agora que existe um vidro fumê na sala, e tenho certeza que pessoas estão ouvindo nossa conversa e nos vendo.
Agarro a mão dela passando confiança e ela sorri pra mim, um sorriso fraco como agradecimento.
- Confie Sofia, você pode mudar tudo.Ela aparenta ter uns 6 a 7 anos, está magra, pálida, com um rosto de quem tem chorado bastante, estava sofrendo na mão dos próprios pais, isso me parte ao meio.
Sorrio para ela e levanto indo em direção.
- Estarei lá para passar confiança.
Nesse momento ela levanta correndo e me abraça, um abraço que diz obrigado, um abraço que faz meus olhos encherem de lágrimas. Retribuo o abraço e ela me olha nos olhos.
- Vai ficar tudo bem meu amor. Falo pra ela que ainda me olha.
Ela mais segura de si me solta e volta correndo pra cadeira.
Saio da sala tentando conter meus sentimentos, tenho que ser forte, forte por Sofia.
Me sento na frente em um dos bancos que ficam de frente para o julgamento, passam alguns minutos e Gustavo entra na sala, é a primeira vez que ele me olha no dia inteiro. Me olha como se tentasse me ler.
Desvio o olhar apenas para ver Sofia entrando, ele a colocam em um lado é o pai e a mãe do outro, eles olham para ela como se quisessem a persuadir.
O julgamento começa e são ouvidos o pai é a mãe, eles mentem descaradamente e ainda se enrolam em seus depoimentos.
É a vez de Sofia falar, percebo o quanto está nervosa, mexe com as mãos, olha pra baixo, esta procurando a coragem, até que Gustavo pergunta tudo o que aconteceu, pede que ela fale a verdade que nada irá acontecer a ela, então Sofia me olha, como se pedisse autorização e coragem, sorrio pra ela e faço que sim com a cabeça passando toda confiança ppossível, Gustavo também me olha.
- Ele passava a mão em mim, pedia para que eu tirasse a roupa, me tocava, dizia que eu seria só dele. Ela para um pouco para respirar. - Ele me tocava em baixo, nas minhas pernas, passava a mão enquanto eu dormia e me ameaçava me matar se eu falasse. Sofia chora.
- Está mentindo, sua pirralha. Seu pai grita com ódio.
- Silêncio. Gustavo grita. - Sua mãe sabia ?
Sofia pensa um pouco, acho que deve estar com medo, me olha novamente e continua.
- Sim, mamãe sabia, disse pra eu não contar porque se eu contasse papai ia largar ela.
Gustavo está apenas ouvindo, não consigo identificar suas reações, está sério. Sofia chora, soluça, enquanto sua mãe e seu pai dizem barbaridades, até ameaçam a pequena de morte, finalmente mostram suas faces verdadeiras.
Um policial leva Sofia para fora da sala e sinto uma dor no peito, como se estivesse me vendo ali de novo.
Sai correndo da sala e so escuto Gustavo dar o intervalo para declarar sentença, entro no banheiro as pressas, choro, choro muito e sinto a dor no peito me matar, acabo escorregando na parede até o chão e não consigo controlar as lágrimas, passo um tempo ali até escutar batidas na porta.
- Clarisse, você ta ai ? O julgamento já acabou, preciso voltar para o hotel. Gustavo fala do outro lado da porta.
- Já vou sair.
Me levanto limpando minha roupa e lavo o rosto da melhor forma que posso, não fica muito mas não quero demonstrar que chorei, saio do banheiro e Gustavo está me esperando enconstado em uma coluna.
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Jogo De Prazer
ChickLitClarisse é uma estudante de Psicologia que só pensa nos estudos e em seu futuro promissor, não gosta do termo relacionamentos e é adepta do sexo casual. Gustavo é dono de um escritório de advocacia, imponente, sedutor e canalha, adora entrar em aven...