Novos amigos

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- Está tudo bem ? Pergunta enquanto estamos no carro em direção ao hotel.
- Está sim.
Gustavo me olha tentando enxergar verdade nas minhas palavras.
- Hoje temos que comemorar.
Olho pra ele com cara de sério ? Me ignorou a manhã inteira e agora finge que nada aconteceu, ele tem um sério problema de bipolaridade.
Só agora me dou conta de que não sei o que aconteceu direito, não olhei mas Sofia também.
- Qual foi a sentença ?
- 25 anos para o pedofilo desgraçado. Fala com satisfação. - A mãe foi mandada para uma clínica de reabilitação, segundo o psiquiatra do fórum ela sofre de problemas mentais também.
- E Sofia ?
- Ficará no orfanato por um tempo a espera de uma família, a única família que tem é a avó que não está em condições de cuidar de uma criança.
- Posso vê-la amanhã ? Pergunto. - Quero me despedir.
- Claro, eu te levo. Ele para tentando escolher as palavras. - Obrigado por fazer ela se abrir, sei que você tem grande parte nisso. Me olha com sinceridade.
- Eu só fiz o que estava ao meu alcance, ela merece ser feliz.
- Vista um belo vestido para comemorarmos então, Sofia está livre.
Sorrio com sua afirmação.
Chegamos ao hotel e decido dar um volta para conhecer mais, não estou muito afim de sair pela cidade.
Encontro um pequeno jardim, e fico por um tempo fitando as rosas que desabrocham, me delicio com o cheiro que traz satisfação, penso em Sofia e sorrio por saber que poderá ter uma vida diferente agora.
- Elas me lembram a minha infância. Ouço uma voz grossa próxima a mim, olho para o lado e percebo que tenho companhia. - Desculpe, invadir seu espaço, é que percebi que estava apreciando o cheiro.
- Me lembra liberdade. Respondo olhando de volta para o jardim. - E liberdade me lembra felicidade.
- Diogo, muito prazer. Estende a mão pra mim.
- Clarisse. Respondo apertando sua mão.
- Psicóloga ?
- Sim.
- Sou bom em decifrar as pessoas. Ele ri.
- E você ? Pergunto retribuindo o sorriso.
- Sou dono do hotel.
- Seu hotel é lindo.
- Vejo que já achou sua parte preferida. Diz se referindo ao jardim.
- Com toda certeza.
- Diogo ? Escuto a voz de Gustavo se aproximando.
- Ora, Ora, Gustavo Orta está na cidade, que se cuidem as moças. Diogo sorri.
- Seu bastardo, pensei que ainda estava para as Maldivas com Mariana.
- Chegamos ontem, ela quis adiantar a volta, precisava seguir com um projeto em uma empresa importante.
- Vejo que já conheceu minha funcionária. Gustavo aponta pra mim lembrando que ainda estou aqui.
- Claro, temos gostos em comum. Diogo me olha e percebo que está falando sobre gostar tanto do jardim.
- Janta conosco hoje ? Gustavo pergunta.
- Sim, vou avisar Mariana, preciso ir agora, tenho que checar se tudo ainda está como deixei antes de viajar.
Diogo beija a costa da minha mão e me olha.
- Foi um prazer conhecer você senhorita.
- O prazer foi meu. Sorrio com seu cavalheirismo.
- Até mais tarde então. Gustavo fala enquanto Diogo sai.
Decido voltar para o quarto pedindo licença a Gustavo, ele não diz nada, apenas me olha.
Estou no meu quarto quando o celular toca, é a mamãe.
- Oi mãe.
- Olá querida, como está ?
- Estou bem e a senhora ?
- Estou ótima, e você continua sendo péssima mentirosa.
Ela sempre sabe quando estou mentindo.
- Só estou cansada. Falo tentando não passar minha tristeza.
- Foi o julgamento não foi ? Mexeu com você.
Não adianta mas esconder, ela sempre descobre tudo.
- Foi sim, me abalei um pouco, tenho medo mamãe, sinto como se os fantasmas voltassem.
- Não precisa sentir medo minha querida, tudo ficou pra trás, você precisa seguir em frente, está começando a construir sua carreira, e já sei que conheceu um bom pretendente, me falaram que ele é médico.
Ana bocuda.
- Somos apenas amigos mamãe.
- E quando virá me visitar hein ? Estou com saudades.
- Vou no feriado, prometo.
- Tudo bem então, e lembre-se pode me ligar quando quiser, estou aqui por você, te amo minha filha.
- Também te amo mamãe. Desligo.
Preciso me arrumar para o jantar.
Gustavo disse para me vestir bem, então vou seguir seu conselho.
Visto meu vestido de seda cor de goiaba e carrego mais nas joias.

Visto meu vestido de seda cor de goiaba e carrego mais nas joias

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Saio do quarto ele me espera com seu copo de whisk.
- Está linda Clarisse. Diz me olhando de cima a baixo.
- Obrigado, você está até bonitinho. Digo desdenhando fazendo ele sorrir.
Que grande mentira, ele está um gato, com sua camisa social branca, a calça social mais apertada que o normal é a gravata que me faz ter outros pensamentos.
- Gosta do que vê querida ?
Só agora percebo que estava o admirando.
- Vamos descer, Diogo deve estar esperando.
Saio na frente fingindo que não ligo pro seu comentário.
O salão está mais vazio, talvez por ser segunda, o garçom nos leva até uma mesa mais glamurosa do que a de ontem.
- Boa noite. Digo assim que me aproximo e vejo Diogo rindo com a esposa.
- Boa noite Clarisse, está é minha esposa Mariana.
Ela sorri pra mim e estende a mão.
- É um prazer conhecê-la Clarisse. Ela ri pra mim, e que sorriso, parece uma barbie de tão linda, olhos azuis, o cabelo loiro, a pele pálida, é linda.
- O prazer é meu. Sorrio de volta.
Gustavo conversa com Diogo e eles sorriem.
- Mariana, a viajem lhe fez bem, está mais linda que antes. Gustavo beija a costa da mão dela.
- Você não muda Gustavo. Ela ri.
- Estávamos esperando vocês para pedir as entradas. Diogo fala.
O garçom se aproxima e anota os pedidos, traz um vinho para nos distrair enquanto conversamos.
- Gustavo querido, onde achou essa beleza ? Parece um anjo. Mariana pergunta olhando para mim, não consigo esconder o rubor no meu rosto.
- Clarisse trabalha com ele, é psicóloga dos casos da vara da infância. Diogo responde rápido.
- Sabia que formam um belo casal ? Ela pergunta pra mim, não sei o qur responder.
- Não ligue pra ela, ela sempre fala o que vem na cabeça. Gustavo fala segurando minha mão para tentar amenizar minha vermelhidão e droga ele só piora as coisas com sua mão gelada sobre a minha.
Retiro minha mão e penso como mudar de assunto.
- Estão casados a quanto tempo? Pergunto tentando virar o assunto.
- 4 anos. Diogo responde orgulhoso segurando na mão de Mariana e eles riem um pro outro, um riso que transborda amor e cumplicidade.
- 4 belos anos. Ela completa.
- E quando pretendem me dar sobrinhos ? Gustavo pergunta brincalhão.
- Acho que você deveria pensar em fazer os seus. Mariana responde olhando pra ele.
- Bem, não tenha está intenção. Ele responde.
- Deveria arranjar uma esposa, construir uma família, a vida não é só festas Gustavo. Ela continua.
- Certo vamos mudar de assunto.
O garçom chega com os pratos e conseguimos mudar o assunto. Mariana fala animada do projeto que está fazendo, ela é arquiteta, fala sobre as viagens que ela e Diogo já fizeram, como se conheceram e as lojas que devo ir. No fundo sinto um pouco de admiração pelo amor que eles tem, e bem no meu íntimo desejaria ter algo parecido, mas acabo caindo em mim e percebendo a loucura que estou pensando.
O jantar correu bem, conversamos sobre tudo e descubro que Gustavo e Diogo são amigos de infância, e que Mariana se tornou uma irmã pra ele, nos despedimos e prometemos jantar juntos de novo em outra viagem.
Estou um pouco cansada mas decido tomar uma taça de vinho antes de dormir, me sirvo e sento no sofá lendo um dos livros que estão em uma prateleira.
Gustavo toma whisk e apenas me olha encostado no balcão do bar da cobertura, anda até minha direção e se senta no sofá me olhando.

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