Hoje é quarta-feira, são 15:45 e estou terminando de resolver mais dois casos do departamento dos casos de adolescentes, dois estupros a meninas de 17 anos, dá pra acreditar ?
Só de imaginar tenho náuseas, em pensar alguém por quem não tenho sentimento algum me tocando, me violentando sinto nojo, e lá vou para o banheiro de novo.
Já me acostumei com os enjoos, a minha médica disse que era normal nesses primeiros meses, me passou uma medicação para aliviar mais o desconforto.
Mamãe ainda não sabe da notícia, vou deixar para contar no feriado do próximo fim de semana. Ana que já era chata com alimentação agora vive pegando no meu pé pra comer direito, e Fernando nem posso falar que ele está adorando ela regular o que eu tenho que comer.
Pedi que Vinicius não comentasse com ninguém da empresa, não quero que ninguém saiba, pelo menos ainda não.
- Está tudo bem ? Sarah pergunta saindo de uma das cabines do banheiro.
- Está sim. Digo enquanto limpo o rosto e procuro minha escova de dentes.
- Você tem vomitado bastante esses dias, já procurou um médico ? Vejo preocupação nas palavras dela.
- Já sim, é só um desconforto estomacal, já estou tomando remédio. Digo e percebo ela mais calma.
- Que bom, espero que melhore logo. Sorri amigável. - Como estão os casos do outro departamento ?
- Estão bem, ainda não tive que trabalhar com Ana Clara, por enquanto posso levar sozinha.
- Não sei como eu aguentaria trabalhar com ela, ouvi dizer que ela está saindo com Gustavo.
- Como ? Deixo escapar e depois me recomponho. - Quem te disse isso ?
- As pessoas comentam, viram eles juntos no estacionamento e ela no carro dele, e pensar que ela te julgou quando postaram aquela foto de vocês, agora ela é quem está dando em cima do chefe.
- Típico dela. Seguro nas mãos de Sarah. - Obrigado por ter se preocupado comigo. Me refiro a meu "incomodo estomacal".
- Estou aqui para o que precisar. Sorri pra mim.
Volto para minha sala e continuo o que estava fazendo.
- Olá queridinha. Ana Clara entra na sala sem nem bater.
- Deixou sua educação onde ? Não sabe bater antes de entrar ?
- Desculpe querida, pensei que tivéssemos que trabalhar juntas, como melhores amigas. Fala debochada.
Era só o que me faltava.
- Pode dizer o que veio fazer aqui ? Pergunto sem paciência.
- Vim dizer que você vai precisar conversar com a Cristine, uma das meninas do caso de estupro.
- E por que você não fala ?
- Por que ela não quer se abrir muito comigo, é o chefinho disse pra passar ela pra você porque eu tenho outros casos pra resolver.
- Claro. Respiro fundo. - É só você que tem trabalho, sou uma desocupada. Falo com ironia.
- Se estiver achando ruim reclame com ele queridinha, agora preciso ir, beijinhos. Sai rebolando da sala.
Não sei se mato ela ou ele.
Desço até o andar do departamento de Ana Clara e pergunto se a alguma sessão já marcada para Cristine, pelo que li do seu caso ela foi estuprada e está totalmente traumatizada, não fala quem o fez, e também se abre bem pouco, nem imagino o que ela passou.
- Boa tarde. Falo em direção a secretária do setor. - Tem alguma sessão marcada para Cristine Lacerda?
- Boa tarde, tem uma hoje as 17:00hs.
- Obrigada. Sorrio.
Ótimo, bem pouco antes do meu horário de saída, logo hoje que só queria chegar em casa e me afundar em sorvete.
A tarde passa normalmente e chega o horário da sessão, peço que ela se encaminhe a minha sala, aqui teremos mais privacidade.
Ela chega de cabeça baixa, peço que se sente e ela não me olha muito, é muito bonita, tem os cabelos claros, olhos azuis, parece até ser de uma boa família.
- Olá. Digo enquanto se senta.
- Oi. Ela fala séria.
- Sei que já está cansada dessas sessões, só quero que nós façamos um resumo para que eu possa te ajudar.
- Pelo menos você não é insuportável que nem a outra psicóloga.
Sorrio e vejo um pequeno sorriso sem mostrar os dentes em seus lábios.
- Ana Clara é meio difícil, eu a compreendo.
- Difícil ? Ela é insuportável, não aguentava mas. Fala rindo agora.
- Vamos falar sobre você, é uma jovem muito bonita, mas não entendo bem o seu caso, você não se abre muito.
Ela não rresponde abaixa a cabeça novamente.
- Só quero te ajudar, sei que não foi você que procurou os advogados da empresa, sua mãe procurou porque você não diz quem lhe causou mal, porque você não queria denunciar ?
- Não posso.
- Por quê ? Não quer que a pessoa que te causou mal seja punido ?
- Quero, mas tenho medo. Diz com a voz embargada.
- Está sofrendo ameaças ? Ela não responde, meu olhar pousa na outra ficha de estupro, Fabiana Lacerda.
Será que são parentes, merda, Ana Clara não me passou as coisas do caso direito, deveria ter me informado se tem parentesco.
- Conhece Fabiana Lacerda ?
Ela demora um pouco, acho que está pensando se deve falar.
- Sim, é minha prima.
Prima? Então pode ser o mesmo estuprador, as coisas estão começando a se abrir.
- Soube que ela também sofre abusos, que a mãe dela nos procurou ?
- Sei.
- Estou achando que pode ter sido a mesma pessoa, mas não entendo porque não falam.
- Não é tão fácil assim. Fala mais alterada.
- Cristine, entenda que só queremos te ajudar, se você não fala tudo fica mais difícil.
Ela se levanta e agora consigo ver as lágrimas descerem por seu rosto.
- Chega. Ela sai da sala correndo, tento alcançar mas ela está tensa, corre rápido e consegue pegar o elevador.
Ela vai voltar, penso comigo, tem que voltar. Olho pro relógio e já são 18:00 quando termino de organizar as coisas para amanhã.
Vou em direção ao elevador e quando ele para Gustavo está lá, parado olhando pra mim.
- Pode ir, eu esqueci uma pasta. Tento disfarçar meu incômodo em pegar o mesmo elevador que ele.
- Não precisa mentir Clarisse, não vejo problema em estarmos no mesmo espaço.
Sei que ele percebeu meu incômodo, e ele tem razão, não posso ficar ffugindo, tenho que mostrar que ele não me abala.
- Não vejo problema nenhum nisso também senhor Gustavo. Digo tentando mostrar confiança e entro no elevador.
Ele não fala mas nada, não me olha, apenas olha para as portas e é ai que me arrependo, sinto seu cheiro, aquele cheiro de homem intelectual que eu adoro, que me faz lembrar da nossa primeira noite, o incrível é que enjoei todos os perfumes de todos ao meu redor, menos o dele, o dele ainda me faz sentir tesão, me deixa de pernas bambas. Fecho os olhos e inspiro, inspiro o quanto posso.
- Não consigo. Ele diz me fazendo abrir os olhos.
- Está com algum problema senhor Gustavo ? Pergunto me fazendo de prestativa.
O diabo está me encarando agora é a vontade de me atracar nele só aumenta, preciso me controlar, não posso me deixar levar.
- Estou ficando louco, não paro de pensar no que me disse, eu vou ser pai e você não quer mais que eu me aproxime.
O clima fica tenso, não quero discutir, mas não vou aceitar que ele finja que nada está acontecendo.
- Gustavo, foi você quem quis assim, me humilhou em pensar que o filho fosse de qualquer outra pessoa, sendo que você é a pessoa com quem mais transei no último mês, não me peça pra fingir que nada aconteceu.
- Clarisse se ponha no meu lugar. Ele fala e põe os dois braços encostados na parede do elevador ficando frente a frente com meu rosto. - Um cara que você demonstra ter muita intimidade entra no seu quarto e diz que vocês vão ter um bebê, como acha que eu deveria pensar ?
Nunca tinha pensado por esse lado, Fernando tinha certeza que o bebê era dele, pra completar a merda toda o elevador para.
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Jogo De Prazer
ChickLitClarisse é uma estudante de Psicologia que só pensa nos estudos e em seu futuro promissor, não gosta do termo relacionamentos e é adepta do sexo casual. Gustavo é dono de um escritório de advocacia, imponente, sedutor e canalha, adora entrar em aven...