Passado

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- Fernando, que bom receber sua visita. Tento amenizar o clima.

- Eu pensei em vir antes, mas não sei se seria uma boa ideia.

- Que bom que pensou. Gustavo fala em seu tom rude.

- Que bom que veio, você sabe que adoro sua amizade, e foi você quem descobriu minha gravidez.

- Sim Clara, sinto muito pelo que aconteceu, se eu soubesse que você corria algum risco com o bebê eu teria ficado mais próximo, cuidado de você. Fernando se aproxima de mim no leito e Gustavo olha tudo da poltrona do quarto, como posso ser gentil da forma que gostaria se ainda não consigo acabar com esses ciúmes do Gustavo.

- Ela estava sendo muito bem cuidada, infelizmente isso aconteceu. Gustavo responde grosso, como se Fernando o tivesse chamado de incapaz, mas eu sei que ele não quis dizer isso.

- Me desculpe, eu não...

- Fernando, não precisa explicar nada, eu entendi, infelizmente isso acabou acontecendo. Tento não desanimar tanto. - Mas esperei sua visita antes, por que demorou tanto ?

- Bom, houve uma epidemia de pneumonia nas crianças, estava virando dia e noite no hospital, mas assim que consegui um tempo livre decidi te ver. Ele coloca o buquê que trouxe com cuidado em um vaso ao lado da minha cama. - Ana disse que você gosta de rosas, então trouxe pra melhorar seu astral.

- Obrigado, seu apoio me faz muito bem.

- Eu não vou poder demorar, vim meio que fugido. Sorri. - Mas quando puder vou vir te visitar, estou tendo notícias suas todo tempo, tenho perguntado para seu obstetra, ele foi meu professor, disse que logo você terá alta.

- Que bom, não aguento mais esse cheiro de hospital. Fernando levanta a sobrancelha. - Nada contra os médicos claro, mas prefiro ficar em casa.

- Claro, eu preciso ir. Fernando beija minha testa, aperta minha mão e sai pela porta do quarto.

Sinto afeto vindo dele, é maravilhoso saber que tenho amigos assim, que se preocupam, e todo esse carinho e cuidado são como um cafuné no meu coração, lembro de um Gustavo ciumento na poltrona e tento não gerar outra confusão.

- Por favor, não vamos brigar. Ele se assusta, afinal ele não disse mas nada.

- Claro que não, você não pode passar por nenhum estresse, e se te faz bem essas visitas eu não irei implicar.

Devo admitir que não esperava isso, mas fico feliz com a compreensão dele comigo.

Finalmente chega o dia de receber alta, me arrumo da melhor forma que posso para não parecer uma baranga adoentada, mas fica um pouco complicado, minha pele está um pouco pálida e eu perdi um pouco de peso, não vou negar que isso afetou minha auto estima.

- Clara, eu vou com você, passarei a tarde na casa de vocês e de lá irei voltar pra cá pro hospital. Ana diz penteando meus cabelos.

- Ana, não precisa se preocupar.

- Não comece, eu vou e pronto.

Gustavo está conversando com os médicos sobre os cuidados alimentares e de medicação que eu terei que ter, me parece concentrado na conversa com meu médico.

Ana carrega minhas coisas enquanto tomo um copo de suco, no fim do corredor vejo uma recém mamãe passeando pelo corredor com seu bebê em uma incubadora portátil, ela sorri e depois percebo seu companheiro ao seu lado olhando e rindo para o bebê, ela ainda esta vestida com roupa hospitalar, mas me aparenta estar bem, deve estar perto de receber alta, Ana percebe a direção do meu olhar, e me abraça.

- Não se preocupe, mas na frente será você. Me olha e sorri amigável.

Percebo um medico de jaleco vindo do corredor lateral em direção a eles, deve ser o obstetra dela, eles conversam calmamente, ele olha o bebê da pequena incubadora, eles falam sobre algum assunto, e encerram com ela dizendo um obrigada doutor, o medico se vira na minha direção e pra minha surpresa ele é um rosto bem familiar, ele reconhece o meu também e abre um sorriso na minha direção, aquele mesmo sorriso que algum tempo atrás me deixava bem perturbada.

- Clarisse. Sua entonação de voz ainda continua a mesma, sexy ao extremo e bem egocêntrica.

- Alexandre. Retribuo tentando conter minha Clarisse adolescente que não se continha com ele, e sim, o nome vem de Alexandre o grande, como ele é literalmente.

Alexandre tem mais ou menos 1,80 de altura, cabelos lisos negros, olhos castanhos escuros, corpo definido não de forte, mas sim de gostoso no limite, no rosto uma barba por fazer, sempre muito cheiroso o que constato no momento que ele continua, mãos grandes o suficiente e um membro de não se colocar defeitos. Há um tempo atrás nos meus 18 anos eu decidi que ia viver a vida o máximo que pudesse para não me tornar uma velha amarga no futuro, a única coisa que eu não falharia seria na minha formação, então comecei a curtir em algumas festas universitárias e conheci Alexandre em uma delas, ele já estava no 4° ano da faculdade enquanto eu no primeiro, ele fazia medicina e tinha uma otima conversa, era maduro o suficiente para não me jogar uma cantada barata e me fazer ter vontade de ir pra cama com ele na primeira conversa.

- Você está otima. Me olha de cima a baixo vendo se ainda sou a mesma.

- Eu ouvi dizer que você tinha saído da cidade.

- E saí, mas decidi voltar e aqui estou.

Ana pigarra.

- Não vai me apresentar seu amigo ? Me olha tentando entender o que está acontecendo.

- Claro. Tento me recompor. - Ana esse é o Alexandre, um velho amigo.

- Bom, nós fomos mais que amigos no passado.

- Serio ? Gustavo se aproxima, não sei porque mas ultimamente a vida anda me colocando em sinucas de bico.

- Gustavo querido, esse é Alexandre, Alexandre esse é Gustavo meu noivo.

- Prazer. Alexandre estende a mão, Gustavo retribui com um certo mal gosto. - Então você é o felizardo que conquistou a Clarisse, você é muito sortudo em ter uma mulher como ela, Clarisse é uma mulher maravilhosa. Ele diz me olhando e depois encara Gustavo.

Alexandre continua o mesmo, marcador de território com seus interesses, sempre gostou das disputas porque sabia que sempre ganhava, foi assim nosso começo, depois da nossa primeira transa no apartamento dele depois de acabarmos de nos conhecer, começamos a sair nos fins de semana, nos divertíamos muito e transavamos todo fim de festa, até ele decidir estragar tudo com uma aposta boba, as pessoas começaram a dizer que nós formávamos um belo casal e eu odiava aquilo, então Alexandre disse que eu não gostava porque no fundo eu nutria sentimentos por ele, então eu apostei que no dia em que sentisse alguma coisa nós não teríamos mais nada, e foi o que aconteceu, eu sempre adorei o jeito sargitariano liberto dele, viver a vida tão intensamente e ao mesmo tempo levar algumas coisas tão a serio como sua carreira, sua família, eu idealizava que se um dia fosse casar com alguém seria alguém como ele, e quando eu descobri que estava começando a gostar dele eu me afastei imediatamente, e ele apenas entendeu e não insistiu, e agora depois de todo esse tempo ele ainda é o mesmo, e eu ainda me casaria com alguém como ele se não estivesse com Gustavo.

- Sim, eu realmente tenho muita sorte. Gustavo me olha confirmando que estou ao seu lado. Mas agora precisamos ir.

- Claro, Alexandre, foi um prazer te rever.

- O prazer foi todo meu acredite. Alexandre beija o dorso da minha mão e nem vão pensando que foi cavalheirismo, foi apenas uma forma de sentir um pouco de pele, Alexandre me conhece como ninguém e sabe o quanto sou sensitiva na forma de que adoro toques, e ele sabe muito bem onde tocar.

Nos despedimos e fomos em direção ao estacionamento, Gustavo e Ana fizeram mais algumas perguntas que tentei contornar do meu jeito, Alexandre é só alguém do meu passado, não tem porque ele virar assunto agora.

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⏰ Última atualização: Jul 07, 2022 ⏰

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