Pai ou padrasto ?

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Não consegui dormir o fim de semana, passei a maior parte do tempo trancada no quarto pensando na vida, também não consegui desfazer o mal entendido, minha cabeça está para explodir.
Não prestei muita atenção nas aulas de hoje, minha mente está em outro lugar, estou grávida, ainda não caiu bem a ficha, gravida do homem que não pensa em ter filhos.
Realmente minha vida deu um belo salto, não comi muito bem o almoço, Ana só sabia falar que tinha um sobrinho a caminho, não quis demonstrar que não estava bem pra ela. Estou tentando me preparar para o momento em que terei que enfrentar Gustavo.
Ainda estou pensando se falo a verdade, não quero que meu filho seja rejeitado, ainda preciso conversar com Fernando, são tantas coisas ao mesmo tempo, ainda tenho que trabalhar com Ana Clara.
Quero morrer, entro na empresa e cumprimento a todos, não estou nos meus melhores dias, tenho uma ânsia de vômito me incomodando, ainda tenho que marcar uma consulta com minha ginecologista.
Chego no departamento e dou só um boa tarde a todos, entro direto pra minha sala, não estou afim de muito assunto.
Tom bate na porta, e sei que tem alguma coisa errada pelo seu semblante.
- Clarisse?
- Sim.
- Gustavo quer falar com você e está com uma cara de que não está em um bom dia.
Pronto, o dia não tava ruim o suficiente.
- Já estou indo.
Levanto da minha cadeira já preparando meu psicológico, sei que esse mal humor é por minha causa.
Subo ao andar dele é a simpática secretária diz que posso entrar.
- Mandou chamar senhor Gustavo ? A cadeira está de costas pra mim de novo.
- Mandei sim. Diz e se vira.
Ele está mal também, com olheiras, se percebe que não tem dormido direito.
- Preciso que adiante os casos que lhe dei, quero eles ainda hoje na minha mesa.
O quê ? Tenho 6 processos na minha mesa e ele ainda quer que eu adiante.
- Como é ? Pergunto séria.
- Não está escutando quer que eu soletre ?
É o que faltava para que eu transbordasse.
- Acho que quem perdeu a noção das coisas aqui é o senhor, tenho 6 processos na minha mesa, e quer que eu adiante mais dois, não sou uma máquina. Me altero.
- Clarisse eu não estou em um dia bom, por favor só faça o que pedi. Diz massageando as têmporas.
- Ah claro, você não está tendo um dia bom, que se dane, estou com enjoos, com vários processos pra analisar, não durmo direito a 3 dias e você está tendo um dia ruim.
- Talvez se ao invés de estar fazendo bebês com seus amigos estivesse trabalhando não teria tantos problemas. Diz com rispidez.
Vou explodir, juro que vou.
- Senhor Gustavo, se ao invés de estar me infernizando estivesse dando uma boa foda não teria esses problemas.
- Como ousa falar assim comigo ? Se levanta e vem em minha direção.
- Eu falo como quiser, e pra sua informação eu faço bebês com quem eu quiser e QUERIA MIL VEZES QUE ESSE BEBÊ FOSSE DO FERNANDO DO QUE SEU.
Minha garganta queima, meus olhos estão cheios, gritei em cima dele e não pensei antes de falar. Droga.
- O que ? Ele me olha surpreso. - O que disse ?
Não consigo responder mais nada, me sinto fraca, exposta.
Ele se aproxima e eu recuo, recuo até ele conseguir me prensar em uma parede.
- Me diga, me diga Clarisse, repita de novo.
- Esse bebê é seu. Choro, por ser fraca.
Ele me olha como se tentasse descobrir mentiras em minhas palavras, mas não encontra.
Então ele me beija, me beija pedindo perdão, pedindo desculpas. Mas estou tão machucada, tão magoada.
Me afasto, e ele olha sem entender. Dou um tapa no seu rosto.
- Achou que eu iria me derreter, você me ofende, fala o quer, me humilha e acha que vou te perdoar assim. Choro. - Acabou Gustavo, não quero mais você perto de mim, nem do meu filho, você não terá mais contato com nenhum de nós dois, só se refira a mim quando falar sobre trabalho, acabou o que nem começamos.
- Clarisse...eu... Ele tenta tocar em meu braço mas me afasto.
- Não me toque. Saio da sala chorando e desço as escadas em desespero, entro no primeiro banheiro que encontro e choro, mas ai vem aquela queimação desagradável e vômito, vômito o que nem almocei direito.
Após me recompor volto ao departamento, termino todos os meus trabalhos inclusive os que Gustavo pediu, peço que Tom entregue tudo a ele.
Saio no meu horário, agora preciso conversar com Fernando e esclarecer tudo de uma vez.
Peço pra ele vir aqui em casa já que Ana disse que vai dormir com Vinicius.
A campainha toca e é Fernando.
- Entra, vou tirar a lasanha do forno.
- Que cheiro bom, não sabia que você cozinhava. Ele diz entrando na sala.
- Sou muito prendada. Sorrio.
- Trouxe suco de uva, já que a senhorita está suspensa de álcool.
- Ótimo, vem cá pegar os copos.
Ele enche os copos de suco eu sirvo a lasanha.
- Está um delícia. Diz enquanto come um pedaço.
- Não minta pra mim. Digo sorrindo.
- Não estou. Ele ri. - Mas me diga, você falou no telefone que tinha um assunto sério.
- Sim. Tomo um gole de suco, preciso achar a melhor forma de falar. - Fernando preciso te contar algo delicado.
- Pode falar Clara. Fala segurando minhas mãos passando confiança.
- O bebê que estou esperando, não é seu. Ele me olha sem entender.
- Como não, sei que ficamos bem nesse tempo, lembra no hotel...
- Eu sei, mas aquele dia eu tomei a pílula, o bebê que espero é de outra pessoa.
Ele abaixa a cabeça tentando entender.
- Ele já sabe ?
- Já sim, mas não vai ter contato com meu bebê, vou cria-lo sozinha, não quero que ele se aproxime de nós.
- Você não vai criar esse bebê sozinha, eu estou aqui Clara, vou cuidar de você, se quiser posso dar meu nome para ele, você sabe que eu gosto muito de você, não escondo isso, e vou estar aqui para o que você precisar.
Me sinto segura, Fernando conseguiu me passar a confiança que eu estava precisando, me sinto bem melhor.
- Agora coma, você precisa se alimentar.

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