Mamãe

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Hoje é quinta e amanhã é feriado, tudo que eu precisava era um bom feriado pra ir ver a mamãe, seria assim se ela não ligasse dizendo que viria para cá pois teria que participar de um jantar beneficente o qual ela quer me arrastar junto, mamãe é conhecida por suas obras, ela é artista plástica e meu pai adotivo é advogado. Dona Julia e seu Carlos não estão mais juntos, se separaram quando eu fiz 18, não me importei muito já que mesmo separados os dois são muito presentes na minha vida, me dão todo o carinho e amor necessário desde o momento que me tiraram do orfanato até hoje.

Sei que pode ser só coisa de filha que quer ver os pais juntos mas tenho certeza que eles ainda se amam, papai vive inventando desculpas para ir visitar a mamãe, sempre diz que tem negócios pendentes em sua cidade natal, nenhum dos dois quis mais compromisso com ninguém, e as vezes consigo perceber o clima entre eles dois.

- Clarisse ? Tom entra na sala.
- Oi Tom, em que posso te ajudar ?
- Você poderia me ajudar com uma coisa ?
- Claro, se estiver ao meu alcance.
- Eu estou pensando em pedir a Sarah em namoro, mas queria que fosse algo especial, o que você me sugere ?
- Bom, a Sarah me parece ser romântica, acho que um jantar seria bom, flores talvez.
- Será que ela vai gostar ?
- Claro, conheço um restaurante ótimo em que você pode levá-la, te passo o endereço por mensagem.
- Obrigado Clara. Tom sorri em agradecimento. - Ah, quase me esqueço, Gustavo quer falar com você.
- Tudo bem, e compre as rosas. Falo quando ele está saindo da sala.

Gustavo está na sala de reuniões, e sou encaminhada para esperar dentro da sua sala, não consigo me conter em dar uma olhada ao redor, vejo um porta retratos em uma estante atrás da sua mesa, nela estão um casal que parecem ser seu pai e sua mãe, e mais dois jovens rindo abraçados a Gustavo, parecem bem felizes e me lembra um dia de piquenique, ele está totalmente diferente do Gustavo formal que vemos aqui na empresa, parece feliz como uma criança. Me pego sorrindo olhando pra foto e nem percebo sua presença.

- Foi um belo dia de piquenique. Fala confirmando meus pensamentos. - Foi no aniversário de casamento dos meus pais, resolvemos dar esse presente pra eles.
- Formam uma linda família. Me viro sorrindo pra ele.
- Eu sei.
- Algum problema ? Pergunto em relação a me chamar.
- Não, tenho um convite a lhe fazer. Fala mais sério.
- Convite ?
- Sim, meus pais estão organizando um jantar beneficente para amanhã, eu pensei e acho que está na hora de revelar para eles que teremos um bebê, por isso quero que me acompanhe.
- Gustavo, eu nem conheço seus pais, como vou falar que uma desconhecida será a mãe do neto deles. Falo nervosa. - Espera, você disse jantar beneficente ? Droga.
- O que houve ?
- Minha mãe quer me arrastar pra esse jantar, ela chega hoje de viagem e ficará conosco o fim de semana, ela disse que eu iria a acompanhar em um jantar beneficente.
- Ótimo, estarão todos reunidos então, não se preocupe com meus pais, eles são muito receptivos e ficarão muito felizes com a notícia, será o primeiro neto.
- Tudo bem, eu já ia contar pra mamãe mesmo, mas por favor, nada muito espalhafatoso, vamos manter a notícia entre família.
- Ok, vejo que se expediente já acabou, quer que te leve ?
- Não precisa, estou de carro, mas obrigado. Sorrio, sei que ele está se esforçando e não vou dificultar.
- Então amanhã posso pedir para o motorista buscar você, a Ana e sua mãe ?
- Claro, vamos aguardar, até amanhã Gustavo.
- Até Clara.

Saio da sala e vou direto para o estacionamento, ele agora me chama pelo apelido e não reclamo, não sei ao certo como ficarão as coisas, estamos indo bem até agora, mas não quero criar falsas esperanças, resolvi deixar tudo acontecer de forma natural.

Chego em casa e me deparo com mamãe e Ana no sofá conversando.

- Filha. Mamãe vem ao meu encontro e me abraça.
- Mamãe, que saudades. A abraço com força, estava com saudades de seu abraço.
- Filha, você está mais linda, está diferente, não está Ana ?
- Está sim. Ana ri, mal sabendo mamãe o que está se passando.
- Venha, quero saber de tudo o que está acontecendo. Me puxa para o sofá. - Como está a faculdade?
- Vai bem mãe, estamos na última matéria.
- Que bom meu amor, é o trabalho, está gostando da empresa ? Seu chefe é legal ?
Ana ri.
- Do que tanto ri Ana ? Mamãe pergunta desconfiada.
- Nada não tia Julia.
- Está tudo bem sim mamãe, o chefe até que é legal, e eu adoro os casos do meu departamento.
- Qual é mesmo o nome da empresa ?
- Trabalho no escritório do Gustavo Orta mamãe.
- Nossa, que coincidência, é justamente na casa dos pais dele o jantar.
- Eu já sei mamãe, e Ana você também ta convidada, ele vai mandar o motorista buscar nós 3 amanhã.
- Nossa, nunca tinha visto um chefe tão generoso, estou perdendo de saber alguma coisa.
- Nada mamãe, ele só soube que iríamos ao jantar e fez uma gentileza, agora se as duas não se importam irei tomar um banho para jantarmos.
- Ótimo, hoje vamos jantar fora, vamos levar sua mãe naquele restaurante japonês Clara. Ana levanta indo se arrumar.
- Ok.

A noite foi bem tranquila, comemos no japonês e demos uma caminhada para jogar conversa fora.

- Seu pai virá para o jantar, chegará amanhã a tarde filha.
- Ótimo, estou com saudades dele também.
- Ficaremos em família novamente. Ana diz nos abraçando.
- Claro querida.

Mamãe e papai gostam muito de Ana e ela como diz já é da família.

- Tia, amanhã vou lhe apresentar meu namorado, ele é gato.
- Ótimo Ana, quero saber quem é o pretendente da minha sobrinha.

Sorrio com as coisas que Ana fala pra mamãe, mas não consigo pensar em como vamos falar sobre a gravidez amanhã.

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