Sofia

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O dia amanhece e Gustavo ainda está aqui comigo, abraçado a mim, dorme como um anjo, me lembro dele ter dito que só conseguiria dormir se fosse comigo, preciso levantar ainda irei visitar Sofia antes de voltarmos.
Me levanto fazendo o minino de movimentos possíveis e consigo não acorda-lo, o observo mais um pouco e sorrio com a imagem dele nu na cama.
Vou em direção a sala e ligo para a cozinha pedindo o café da manhã.
Não demora muito a campainha toca e entram um carrinho cheio de coisas para o café.
- Muito obrigado. Sorrio dando a gorjeta ao rapaz que sorri de volta.
Levo o carrinho até o quarto e deixo ao lado da cama pra quando Gustavo acordar.
Tomo um banho rápido e tomo meu café da manhã ainda observando ele dormir, faço um barulho com a xícara que o faz acordar.
- Bom dia. Falo sorrindo enquanto ele se acostuma com a claridade.
- Bom dia. Ele sorri.
Sei que estou alimentando algo em mim que não é certo mas fico feliz por ele não ter fugido depois da noite de ontem.
- Pedi o café, e já estou pronta pra ir ver Sofia.
Ele se serve de algumas coisas e comemos em silêncio, ele me olha as vezes e não desvio o olhar, quando acabamos ele se levanta e desvio os olhos para não pensar que estou babando nele pelado.
- Vou tomar um banho, passaremos em alguma loja pra levar um presente pra ela.
Sorrio, Sofia merece mesmo um.
Ele se levanta e vai em direção ao banheiro, pensei que ele iria para o seu quarto, mas resolve banhar no meu.
Resolvo esperar na sala, estou lendo o mesmo livro de ontem quando ele aparece, está vestido de forma mais despojada, uma calça jeans, uma camisa branca, sapatênis e oculos escuros.
- Vamos ? Pergunta olhando pra mim e me levanto.
Seguimos até uma loja infantil e decido comprar um vestido e um sapato, Gustavo aparece com uma boneca na mão.
- É linda. Digo enquanto a pego da mão dele.
- Achei que gostaria.
Nos dirigimos ao caixa para pagar e a atendente coloca tudo na sacola.
- Sua filha vai adorar. Sorri me entregando a sacola, quando vou dizer que não é pra minha filha Gustavo a responde.
- Com toda certeza vai.
Olho para ele tentando entender o que está acontecendo e ele apenas sorri com a moça do caixa, enquanto isso as vendedoras ficam olhando pra Gustavo e cochichando, bando se assanhadas.
Quando voltamos ao carro consigo sentir o cheiro do meu perfume nele, claro que mexeu nas minhas coisas, ele estava no meu quarto, sorrio sozinha ao perceber que ele quis meu cheiro nele.
Chegamos ao orfanato e devo admitir que ele é maior do que pensei, as crianças correm animadas de um lado para o outro, ele me leva até a assistente social com quem falamos sobre Sofia, ela diz que ela chorou a noite toda e que estava no pátio em uma cadeira afastada.
Fomos até onde ela estava e percebo que está triste, de cabeça baixa, só levanta pra olhar as crianças brincando, ela vira pra trás e me olha, levanta e vem correndo em minha direção, abraça minhas pernas e eu faço carinho em seu cabelo.
- Clarisse você veio. Ela fala feliz.
- Pensou que fosse me esquecer de você ?
- É que ontem você foi embora. Percebo que fala quando sumi do julgamento.
- Estava me sentindo mal, tive que ir pra casa.
- Senti saudades. Ela diz me olhando.
- Eu também querida.
Só então percebo que ela olha pra Gustavo e me lembro que ele também está aqui segurando a sacola.
- Este é Gustavo, meu...
- Namorado ? Ela pergunta sem deixar eu terminar. - Ele não é mau Clarisse ?
- Não meu amor, ele não é mau. Gustavo apenas observa tudo.
- Olá Sofia, posso ser seu amigo também ?
- Se você é amigo da Clarisse é meu amigo também. Ela abraça Gustavo e ele retribui.
- Trouxemos um presente pra você. Ele fala e os olhos dela brilham.
- Presente ? Ela pergunta curiosa.
- Sim Sofia. Falo entregando a sacola a ela. - Veja se gosta.
Ela abre a sacola e fica super feliz quando vê o vestido é o sapato, mas fica ainda mais feliz quando olha a boneca.
- Ela é linda Clarisse. Abraça a boneca feliz.
- Foi seu amigo Gustavo que escolheu. Digo.
- Obrigada Gustavo. Ela o abraça sorrindo.
- De nada princesa. Ele sorri pra mim.
- Clarisse, não quero ficar aqui. Ela se vira pra mim um pouco triste. - Quero ir pra casa.
- Oh meu amor. A abraço. - Vai ser por pouco tempo, daqui a pouco você vai encontrar outra família que vai te encher de amor.
- E se a gente for dar um passeio ? Gustavo diz.
- Passeio ? Ela volta a ficar feliz.
- Sim, tomar um sorvete. Ele fala.
- Sim, sim. Ela dá pulos de alegria.
- Vou conversar com a assistente social, já volto.
Gustavo sai me deixando com a fadinha contente.
- Clarisse, você é a princesa é o Gustavo é o príncipe. Diz me fazendo rir. - E mais tarde vocês vão casar e ser felizes.
- Quem dera tudo fosse assim fácil Sofia.
- Ela autorizou. Ele se aproxima. - Vamos?
- Eu vou colocar minha roupa nova, já volto. Ela diz entrando no orfanato contente.
- Ela é especial. Ele diz.
- Sim, é muito especial. Digo enquanto olho ele seguir Sofia com os olhos.
Sofia colocou sua roupa nova e parece uma princesa, tomamos sorvete, comemos bolo e fomos passear no Central Park. Sofia estava feliz, corria atrás dos passarinhos quando Gustavo colocou a mão na minha cintura, caminhávamos como um casal, quem visse de longe até pensaria.
Quando Sofia cansou era 3 da tarde, teríamos que deixa-la, voltamos ao orfanato com a promessa de sempre a visitar, meu peito doeu no caminho de volta pro hotel, queria poder levar ela comigo, mas não podia, a faculdade ainda não tinha acabado, eu nem tinha namorado, quem daria a guarda de uma criança a uma solteirona que mora com a amiga? Sofia precisava de uma família de verdade, que lhe desse amor e muito carinho.

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