Desculpas

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Passou-se um mês desde o jantar com Fernando, Gustavo me trata indiferente desde então, só me chamou em sua sala dois dias depois para tentar esclarecer sobre nossas fotos em um site de fofoca, na fotos estávamos no Central Park com ele me levando pela cintura, no titulo da matéria tinha Famoso Juiz Gustavo Orta está de romance com Clarisse Exposito. Fiquei indignada de estarem me expondo, mas o que mais me doeu foi ele dizer que já tinha mandado retirar a matéria pois não havia verdades nela e nem nunca poderia existir, me senti como uma ninguém, mas também não mostrei abalo, não na sua frente.
Coloquei na minha cabeça que vivíamos um relacionamento abusivo em que não teríamos futuro. Claro que mamãe me ligou e tive que explicar o mal entendido.
Consegui esclarecer as coisas com Fernando, ele apenas disse que eu não me preocupasse, somos amigos agora e não consigo impedi-lo quando ele rouba um beijo ou outro.
Ana e Vinicius estão firmes e fortes a cada dia, ela continua louca como sempre.
Hoje é sexta e acabei de chegar a empresa, esses dias estão cansativos, Tom me deu muitos casos, estou entupida de sessões, assim que entro ele vem ao meu meu encontro.
- Olá Tom.
- Olá Clarisse, Gustavo pediu que você fosse a sala dele.
- Algum problema ? Pergunto curiosa.
- Ele não disse, só falou que era pra eu avisar.
- Claro. Entro na minha sala e deixo minhas coisas.
Vou em direção ao elevador e aperto o andar dele, é um acima do meu departamento.
Saio em direção a secretária dele que por sinal é outra, e está é muito parecida comigo, até a cor do cabelo.
- Vim ver o senhor Gustavo. Digo e ela me olha receptiva.
- Só um momento.
Ela disca no telefone fala algumas palavras e desliga.
- Ele está com uma pessoa do departamento de crimes contra adolescentes, já vai atende-la.
Sorrio e agradecimento e me sento no sofá próximo.
A ultima vez que estive aqui não me traz boas recordações.
Me distraio e quando percebo a porta da sala dele sa abre, percebo sair alguém e dou de cara com Ana Clara, a nojentinha da faculdade.
- Ora se não é a empregadinha que sai com o patrão.
Ela se refere a foto que saiu na matéria, todos os departamentos comentavam sobre isso, até Gustavo dizer que se ouvisse mais alguém comentando a respeito mandaria pra rua.
- Ora se não é a oferecida da faculdade toda.
- Veio transar com o patrão queridinha ?
- Porque você não vai...
- Clarisse o senhor Gustavo disse que já pode entrar. A secretária me impede de terminar, sorte a de Ana Clara.
- Sabe, acabo de me lembrar o que o senhor Gustavo falou sobre comentários como os seus, quem sabe se for pro olho da rua não deixa de ser a vadia que é. Falo orgulhosa e escuto a risadinha da secretária.
Ana Clara me olha com espanto e eu entro na sala.
- Queria falar comigo ? Pergunto, ele está de costas pra porta.
- Sim. Ele se vira e faz sinal pra que eu me sente, me sento.
- Em que posso ajudar ?
- Preciso de sua ajuda em outro departamento, os casos da adolescência estão empacados, preciso que ajude.
- Já estou atolada com os meus casos.
- Está se recusando ? Me olha sério.
- Não é isso, só que eu pensei que tivesse uma psicóloga nesse departamento.

★★★★★

Quanta petulância, ela fala com aquela presunção que me deixa louco.
- Senhor, se era só isso porque não mandou Tom me avisar ? Pergunta séria.
- Por que queria avisar pessoalmente.
- Quem é a psicóloga desse departamento?
- Ana Clara.
- Quer que eu trabalhe com aquela vaca ? Solta de vez me arrancando uma risada. - Me desculpe senhor.
- Sim, você vai trabalhar com ela.
- Ai nossa que coisa fantástica. Ela revira os olhos.
Consigo sentir seu cheiro, o cheiro que sinto saudade todos os dias, as vezes invento desculpas para ir ao departamento dele só para vê-la de longe.
Não consigo fingir que não me abalei aquela noite, quando vi ela com aquele médico de araque, ela o beijou bem na minha frente.
E agora está aqui, com seu ar de superior, me encarando, com a arrogância é a língua afiada que tanto gosto.
- Era só isso ? Pergunta e percebo que ela quer sair de perto de mim.
- Sim, por enquanto, aqui estão as pastas com as informações dos primeiros dois casos, dê uma lida.
- Claro senhor Gustavo. Responde debochada.
Me levanto e fico atrás da cadeira em que está sentada, sinto seu nervosismo quando me aproximo de seu pescoço, cheiro seu cabelo e ainda está aqui, o mesmo perfume.
- Pode ir agora. Sorrio com as reações que lhe causo.
Ela se levanta sem olhar para trás e fecha a porta.

★★★★★

Saio as pressas, o que está acontecendo, meu corpo reagiu instantaneamente.
Por ser sexta Ana marcou de sairmos eu, ela, Vinicius e Fernando, vamos a uma boate nova que abriu.
Saio da empresa as 18:30, está bem distante de ser meu horário de saída, mas hoje tive que adiantar algumas coisas da segunda, não menti quando disse que estou atolada, só que pra piorar claro o senhor Gustavo me dá mais trabalho. Entro no elevador e dou de cara com ele.
- Boa noite. Digo ao entrar e ele responde com um sinal de cabeça.
Meu celular toca, droga, tento achar na bolsa mas estou cheia de pastas na mão, me enrolo toda mas acho.
- Alô.
- Onde você ta ? Não me diz que esqueceu do nosso compromisso ?
- Claro que não, estou saindo da empresa, estava adiantando o serviço, meu chefe me entupiu de trabalho. Gustavo me olha de canto de olho.
- Com um chefe desse eu não reclamaria. Rio.
- Não vou demorar, separe uma roupa pra mim, vou me arrumar as pressas.
- Está bem, não demore.
- Tchau.
Desligo e guardo o celular na bolsa.
- Seu chefe é muito mal pelo visto.
- É sim, me botou pra trabalhar com uma cascavel, só espero que o plano de saúde seja bom caso eu seja picada.
Ele ri.
- Então a sexta feira vai ser animada ? Pergunta por alto.
- Sim, abriu uma boate nova e Ana quer ir.
- Divirta-se. Fala assim que o elevador chega.
Saímos para o estacionamento, ele em direção ao seu carro e eu ao meu.

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