IX

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A semana voa.

De alguma forma estranha meus exames deram normais aquele dia. Aliás, estou achando que estou enlouquecendo mesmo. Não consigo me lembrar do tal incidente e nem do tal assassino. Tessa anda nervosa.

Outra coisa que tive fingir demência era o fato de Mag ter levado as crianças para passear. Fui trabalhar no outro dia cedo sem necessidade. Estou começando a me sentir meio louca sabe. Até comprei um diário e comecei a escrever meus dias. Estou com medo de perder a memória. Outro detalhe perturbador é que tem duas noites que estou sonhando com um homem. E não é Dimy. Ele está sempre me observando como se fosse o lobo mal e eu fosse a chapeuzinho vermelho.

E no sentido figurado ele está querendo me comer. Bato as mãos na cabeça e solto um grunhido. "Pare agora de pensar nesse homem!" Estou achando que minha mente criou ele. Ela não foi piedosa ao criar o homem. No sonho ele está sorrindo perversamente. Seu abdômen esta a mostra e uma calça jeans surrada mal cobre da cintura para baixo. Os músculos dele parecem gritar venha. Dou tapinhas nas bochechas. "Recobre a sanidade Mary..."

Gente eu juro que estou ouvindo coisas também. Noite passada acordei com alguém me chamando. O problema é que ao invés de querer correr para as colinas eu fiquei parada esperando ouvir novamente. A voz sumiu no ar. É muito sexy. É grossa e parece ter um desejo profundo quando diz meu nome. Minha mente está sendo cruel não é? Suspiro e aperto as bochechas.

- Mary... Você tem que parar de ler esses romances loucos e começar a ler sobre as leis da física! - digo em voz alta para ver se meu cérebro responde.

- Quer que eu compre um livro de presente. - dou um salto e acabo caindo da cadeira. Olho para Dimy. Ele tem vindo frequentemente aqui em casa, mas por algum motivo Tessa sempre tira ele. Esses dias estávamos quase nas preliminares e ela começou a bater na porta freneticamente. Estragou o momento e ainda fiquei me sentindo mal realizada. Sorrio. Ele entra e estende a mão. - Os policiais entraram em contato novamente com Tessa. Ela disse que você não pode dar mais pistas. Eles não sabem onde achar o assassino. - ele diz. Deve ser umas duas horas da tarde agora. O vento lá fora está mais violento hoje. O frio está chegando.

- Queria lembrar... Seria de grande ajuda, mas realmente não consigo. - digo e me levanto com seu auxílio. Ele se afasta e vai até a porta trancando ela. Sorrio. - Dimy... - sussurro. - Tessa vai aparecer a qualquer momento. Ela parece ter um sensor para isso. - ele me encara e sorri.

- Fiz Phelipe tirar ela de casa e ele me mandou uma mensagem de texto assim que conseguiu. Somos só nós dois aqui. - sinto um frio na barriga.

- Ó... - ele puxa a camisa para cima. Encaro seu abdômen e minha mente voa para a imagem perturbadora do homem que anda rondando meus sonhos. "Sai praga!" Bato com mãos imaginárias no pensamento. "Agora não! Vou deixar o celibato!" Dimy se aproxima e me joga na cama. Gargalho. "Finalmente!" Eu já disse que jurava que ir ficar encalhada? Pois bem... Estou dizendo uma vez mais. Encontrei o pote de ouro. Ele se coloca sobre mim e segura meu rosto. Seu peso é parcialmente deixado sobre meu corpo e respondo imediatamente ao peso. É agradável. Ele me beija e coloco as mãos em seus cabelos. Agarro com força e aprofundo o beijo.

Dimy se afasta um pouco e puxa minha regata para cima. Ele sorri ao perceber que não uso um sutiã. Ele beija meu pescoço e desce para meus seios. Arfo. Ok! Estou preparada. Sinto um calafrio.

"Mary... Não. Faça ele parar ou eu não serei bonzinho com seu amigo. " Arregalo os olhos. Olho ao redor. Minha vontade morre e olho pelo quarto. Dimy desce os beijos para meu abdômen e começa a desabotoar minha calça. "Mary! Droga! Estou perdendo a paciência!" Ofego, mas não é por causa dos beijos. Olho ao redor preocupada.

- Dimy... Tem alguém aqui. - ele pausa antes de descer minha calça. Ele olha em volta.

- Somos só nós dois Mary. - nego.

- Então tem alguém na minha cabeça me dizendo para parar e está te ameaçando também. - Dimy suspira e se coloca de pé.

- Você é esquizofrênica? - nego.

- Não... Sabe que não. Quer dizer, talvez a pancada... - franzo o cenho. Me sinto frustada. Pego a regata e engulo seco. Começo a vestir ela.

- Ei... Não era uma bronca... Não tem nada de errado se for. - ele sorri. - Deve ser divertido. Diga a essa voz que você está ocupada agora para obedecer. - olho para ele e sorrio. Deixo a regata de lado. Respiro fundo e falo bem alto.

- Saia da minha cabeça! Eu quero tirar a teia de aranha filhão! - grito. Dimy gargalha. Encaro ele rindo.

- Mary... Você é demais. - rio. Sinto outro calafrio.

"Eu... Apenas eu vou te tocar. Quer transar? Ótimo! Eu também!"

Meu sorriso morre e meus olhos marejam. Olho em volta. Dimy me encara preocupado.

- O que foi que a voz te disse?

- Dimy... Ele disse que... - fecho minha boca. É esquisito dizer isso. Balanço a cabeça. - Acho que hoje não vai rolar. Vou procurar um psiquiatra. Por favor... - olho para ele e devo parecer digna de pena. - Será que pode me compreender? - ele assente.

- Tudo bem... Tudo ao seu tempo. - ele olha no relógio. - Quer tomar um sorvete? Te levo e volto antes que dê o horário para que trabalhe. - assinto. Visto a regata e fecho o zíper e os botões da calça. Sinto outro calafrio. "Não... Me deixa em paz!" Olho em volta. Nenhuma voz. Olho pela janela do quarto e vejo que tenho visão para a floresta. Algo me atrae. "Céus..." Tem um homem parado lá embaixo. É definitivamente o homem que atormenta meus sonhos. Ele acena. Ele veste coturnos, uma camisa branca e calça preta. Engulo seco. "Estou sonhando!" Ele some dentro da mata. - Mary? - a voz de Dimy soa e olho para a porta. Ele me espera. Dou-lhe um sorriso que não alcança meus olhos.

- Estou indo...

DRAKE - Saga "Pearl"Onde histórias criam vida. Descubra agora