DRAKE - Saga "Pearl"

XXVII

Acabei adormecendo depois que Drake e eu... Bem... Acabei sendo fraca e assumo a responsabilidade disso. O que eu poderia fazer?! Ele é mais forte e sabe como me convencer. Eu até tentei resistir, mas ele é bom com palavras. Deus! Ele é bom com a língua também! Cerro os dentes. "Pare Mary!" Sufoco a vontade gritar. Estou deitada ao lado dele e acho que estou no paraíso e não descobri ainda. Ele dorme como um anjo. Seu rosto angelical parece tranquilo e ele nem parece o provocador assíduo que é quando está acordado. Definitivamente ele não parece nada com o Drake versão acordada. Claro, ele é, mas se eu visse uma foto dele dormindo jamais diria que ele tem um apetite tão grande e não estou falando de comida. Ele está de bruços e com um braço sobre meu minha cintura. Estou deitada de lado olhando para ele e não me canso de fazer isso. Meu cabelo deve parecer um ninho de mafagafos. Uma de suas asas está me cobrindo e por isso estou quentinha. A noite deve estar caindo, pois está esfriando aqui.

Toco seu rosto e acaricio sua bochecha. A pele dele é extremamente macia. Ouço toques na porta e me assusto. "Alguém vai causar um alvoroço novamente!"

- Drake. - chamo. Ele resmunga palavras inteligíveis. - Acorda. Drake! - balanço ele.

- Não... Quero dormir um pouco mais para podermos repetir a dose. - alguém espanca a porta. Drake salta para fora da cama e pega a boxer. Ele veste ela na velocidade da luz e diz alguns palavrões. - Já vai! - ele grita. Ele se levanta e anda até o outro lado pegando a calça no chão.

- Vou entrar! - a voz soa lá embaixo. É Faruk. Meu coração dispara. Drake bate as asas e começa a vestir a calça. Ele desce voando e colocando a calça.

- Já vai! - ele grita novamente. - Já disse que não é para invadir minha casa! Se abrir a porta vou te receber com minha espada. - ele diz em alto e bom som. Engatinho na cama e pego um dos vestidos que Drake me deu. Visto e não consigo apertar o espartilho. "Droga!" Tento inutilmente ir puxando as tiras, mas minhas mãos mau alcançam. Tiro o vestido de Ada do chão e tento segurar o que estou vestindo para ele não cair. Começo a dobrar. Não escuto bem o que eles falam já que o tom de voz saiu de gritos para normal. Termino de dobrar o vestido e paro no topo das escadas olhando para baixo. Sinto vontade rir. Drake esta com uma mão nas costas segurando a camisa e o cabelo dele está mais selvagem do que realmente é. Volto para dentro do quarto e arrumo meu cabelo. Volto para a escada. Faruk está olhando ele com o olhar mais desconfiado do mundo.

- Ok... - ele diz. "Droga! Perdi a conversa!" Faruk desce os olhos para a calça de Drake. Sigo seus olhos. Fico boquiaberta. Ele sequer fechou o zíper e os botões. Faruk sobe novamente o olhar. - Por que será que não acredito em você? - Faruk diz e cruza os braços. Drake olha para as escadas e aponta.

- Pergunte a Mary. - "Perguntar?! Eu?!" - Não estávamos dormindo? - Assinto.

- Sim. Estávamos. Drake dorme só de cueca. - digo. - E eu, bem... Não vem ao caso. - ele olha para minha mão e sobe as escadas. Os olhos de Drake mudam de heterocromáticos para vermelhos em segundos.

- Aonde vai? - a voz dele parece uma pedra de gelo. Faruk pausa e me olha alguns segundos e volta a olhar para Drake.

- Vou pegar o vestido de Ada. - ele diz. - Por que seus olhos estão tão violentos? Drake... Está mentindo? - ele nega e abaixa a cabeça.

- Não senhor. - Faruk volta a subir as escadas e Drake tensiona. Ele parece se segurar. Faruk recolhe o vestido e desce passando por Drake.

- Até amanhã.

- Até. - ele diz e fecha a porta. Seu corpo relaxa e ele olha em minha direção. - Com fome? - Assinto. Ele segue para a cozinha e deixa a camisa sobre a mesa. Desço as escadas segurando o vestido. Ele abre um pacote e joga alguns bichinhos que parecem mini pessoas feitas de barro dentro de uma panela. Enche de agua e coloca sobre o fogão. Ele liga e deixa lá.

- O que é isso? - ele me encara e se coloca atrás de mim apertando o espartilho.

- Humanóides. Não se assuste quando estiverem prontos. Serão nosso jantar. - Assinto.

- Humanóides lembra humanos... - digo. Ele ri.

- Não são humanos. Chamamos assim por que parecem mini humanos, mas não são. É apenas um nome. Você vai gostar. São saborosos. - ele diz e termina de apertar. - Pronto. Ele se afasta e começa a encher os baldes. - Vou preparar um banho para nós dois. - coro.

- Vamos tomar banho juntos? - ele assente.

- Cabe eu, minhas asas e você tranquilamente. - ele diz.

Assim que os baldes estão cheios ele sobe e aparece nas escadas.

- Vem. Se eu encher demais ela vai transbordar. - Assinto. Subo as escadas. Noto que o quarto está iluminado. Tochas estão acesas ao redor do quarto. Ele já está na água e me coloco de costas perto da banheira. Ele afrouxa o espartilho. - Nem precisava estar vestida. - ele diz e reprimo uma bronca. "Claro que não! Faruk só me arrancaria daqui novamente. " O vestido cai e me viro. Entro na água com Drake. Ele me puxa para perto e ignoro seu corpo. Apoio minha cabeça abaixo de sua cabeça e ele apoia o queixo no topo dela.

- Você me disse mais cedo que sou a primeira humana aqui... Ninguém nunca se relacionou com uma humana?

- Não exatamente. Os mortais desse lado são bem mais fortes e resistentes que humanos. Ada é parte Alada e parte Humana. Bom... Faruk não é um ser alado puro. Ele é metade bruxo. Eles são o casal mais miscigenado daqui e são nossos guardiões. Se um dia você ver Faruk com o corpo negro e Ada coberta de chamas sugiro que corra até não puder mais. Eles são cruéis quando evoluem. - sinto vontade rir.

- Tipo Pokémon? - digo.

- O que é pokémon? - sempre esqueço que eles não vieram do outro lado.

- Deixa para lá. Te aguentei bem ou você se segurou? - ele baixa o rosto para meu pescoço e mordisca.

- Não estou me segurando... Isso que é estranho... É como se eu não precisasse ser completamente alado, é como se meu desejo fosse tão forte que antes que eu precise apelar meu corpo se entregasse. - coro.

- Então não vai me matar?

- Acho que não. - engulo seco.

- Acha?

- Você vai ficar?

- Acho que não. - sorrio devolvendo a resposta assustadora. Ele me aperta.

- Posso te prender aqui? - rio e nego.

- Não!