XLI

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Acordo com Drake olhando para mim. Sento na cama apressada. Ada e Drake estão no quarto. Ele me olha com certa cautela e desapontamento.

- Vamos? Vou te levar em casa. - ele se coloca de pé e abro a boca em choque. Drake esta usando uma calça de couro que marca tudo! Ele bufa. - Mary! - olho para seu rosto. Coro.

- Des-desculpe! - Ada gargalha. Ele me olha com um olhar bravo, mas seus olhos não estão vermelhos e se tem algo que aprendi é que quando ele está bravo seu olhar é mortífero. Saio da cama e me ponho de pé.

Ada sorri e acena. Sufoco um grito. Sou tirada no chão no segundo seguinte e arfo. Saímos pela janela e Drake plana no ar.

- Céus! - grito. - Por que não me avisou! - ele segura meu corpo como da primeira vez. Uma mão na cintura e outra entre meus seios. Entramos na floresta enganosa e sorrio. Não me canso de sentir essa sensação de liberdade ao voar. Meu coração se aperta. Acho que não sentirei mais essa sensação. Passamos pela floresta enganosa e observo tudo ao redor. Vejo criaturas assustadoras. Não sei o que são, mas Drake desvia deles e corta caminho. Eram seres azulados e com dentes afiados. Pareciam morcegos gigantes e tinham garras.

Depois de um tempo Drake pousa e olho para cima. A árvore se curva.

- Uma pulga e um alado! - "Eu? Pulga!" Cerro os dentes.

- Você me chamou do que?! - Drake me puxa pela mão.

- Ignora elas... Gostam de irritar quem chega. - ele me puxa e aponto o dedo para a árvore.

- Olhe aqui sua gigante centenária! Pulgas vivem em animais e eu definitivamente não pareço... - atravessamos e acabo parada de frente a uma pedra que me reflete. - uma pulga. - olho para Drake. - Você ouviu o que aquela árvore disse!? - ele revira os olhos.

- Vamos Mary. Não posso ficar muito tempo aqui. - suspiro. Caminhamos pela floresta.

- Por que? - ele parece deprimido. Meu coração se aperta. Realmente é um adeus e eu que provoque tudo isso. Acho que não estava preparada para conhecer alguém tão intenso. As palavras de Ada me consolaram. É difícil aceitar alguém que tem sangue nas mãos.

Assim que estamos na entrada da floresta ele solta minha mão.

- Tire o vestido e vista algo menos chamativo quando entrar. - ele diz. Meu coração parece pequeno e sinto um aperto constante.

- Você vai ficar bem? Não vai morrer? - ele dá de ombros.

- Faruk vai fazer o possível para tentar reverter isso tudo... Não acho que apagar você da minha memória vai ajudar, mas ele vai achar alguma forma de me manter vivo. - sinto uma estranha vontade chorar. Seguro o nó que se forma na minha garganta.

- É um adeus não é? - ele me encara e olha para o nada apertando o maxilar. Ele estende a mão sem me encarar.

- Não quero dizer adeus, mas não posso te obrigar a ficar comigo. Pegue minha mão e volte para a nossa casa se quiser. - respiro fundo e encaro a mão estendida. Fecho a mão e meu corpo trava. Parte quer segurar a mão dele e outra parte implora que eu não fique com ele. Meu coração palpita. Ele volta a me encarar e abaixa a mão. - Adeus Baby. - ele se vira a floresta e caminha. Observo enquanto ele some na floresta e algo quente desce por minha bochecha. Olho para os dois lados e levanto as mãos secando o rosto. Acabou. Sigo para casa e abro o portão olhando para a floresta uma vez mais. Entro e fecho o portão. Caminho pelo jardim e abro a porta da frente. Entro e encontro Tessa, tis Molly e Phelipe na sala. Tessa sorri e se levanta correndo ao meu encontro.

- Você voltou! - ela diz. - Não acredito! Achei que iria ficar lá para sempre! - não consigo retribuir o abraço. Tia Molly vem ao meu encontro.

- Tessa disse que você tinha ido morar em um convento e estava achando muito estranho, mas te vendo nessas roupas era verdade. - olho para Tessa.

- Sabia que ela não aguentaria muito tempo em um. Ela é humana! - Tessa diz. Evito sorrir. Acabo de dispensar um cara estranho, perturbador, assustador, mas ao mesmo tempo lindo, incrível e que se importava comigo. Phelipe encara minhas roupas.

- Eles se vestem assim? - assinto. Tessa ri.

- Tão antiquado não é? - eles riem.

- Vou tomar um banho e subir... Não estou me sentindo muito bem. - digo. Saio da sala e subo para o quarto. Pego algumas mudas de roupas e desço. Entro no banheiro e tomo banho. Assim que saio do banheiro encontro os olhares preocupados.

- Já comeu querida? - nego. Tia Molly sorri. - Imaginei... Deixei um prato servido na mesa. Coma. - Assinto e sigo para a cozinha. Me sento e me sirvo. Como tranquilamente e sinto vontade chorar. Sinto um vazio tremendo e não consigo explicar o por quê. Simplesmente sinto. Subo as escadas e vou para meu quarto. Me deito e adormeço.

Acordo no dia seguinte me sentindo um lixo. Meu corpo pesado. Fico horas sentada olhando para o nada até ouvir toques na porta. Tessa abre a porta e entra fechando novamente. Ela caminha até a cama e senta na ponta colocando uma perna dobrada sobre a cama.

- Quer conversar? Achei que ia ficar em Pearl. O que houve? - encaro Tessa.

- Drake matou pessoas e eu lembrei... Não sei o que fazer... Nunca pensei que me apaixonaria por alguém que já matou. - ela me olha com pesar.

- Deve ser difícil aceitar isso tudo, mas Drake nunca feriu alguém bom. - ela faz uma carranca. - Nunca pensei que estaria defendendo aquela praga! - rio. Ela me olha com preocupação. - Não acho que aqui seja seu lugar Mary... Algumas pessoas estranhas vieram atrás de você. Inclusive pessoas vestidas em termos pretos. Perguntaram se Mary Mark estava aqui e queriam falar sobre o assassinato que você presenciou. - ela suspira e tira um cartão do bolso do shorts. - Um deles deixou um cartão. Era uma mulher. Ela disse que queria falar com você e se eu conseguisse entrar em contato com você era para ligar. Ela pareceu uma pessoa boa, mas não a conheço. Ela veio com dois homens. Já os outros que vieram te procurar me deixaram apreensiva. Eles pareciam pessoas da pesada. Todos por um único motivo. O assassinato. - engulo seco. Pego o cartão e leio o nome.

"Kate Glosson"

DRAKE - Saga "Pearl"Onde histórias criam vida. Descubra agora