XXXV

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As memórias começam a voltar. Me vejo caminhando pela calçada e voltando do trabalho. Ouço algo e olho em direção ao beco. As próximas cenas me aterrorizam. É como se eu pudesse reviver elas. Assisto tudo. Vejo ele arrancar o coração do homem e droga! É Drake! Ele está matando os homens e nem usa armas para isso. Ele literalmente parece uma máquina de matar. As cenas rodam como uma fita na minha cabeça. Vejo ele soltar o coração e o corpo. E o que é pior. Ele parece sentir uma satisfação tremenda ao fazer isso. Ele estava certo quando disse que eu conheceria um Drake que ainda não tinha visto. Ele definitivamente é um Drake que nunca vi antes. Alguém descontrolado e disposto a fazer esses tipos de maldade não pode ser... Céus!

Drake mata o segundo homem e me encara. Ele definitivamente está me assustando. Quero gritar que ele pare, mas apenas posso assistir tudo e estou presa nesse loop! Ele suga o dedo com sangue e isso é pesado. Não quero que ele toque em mim, mas por algum motivo ele está vindo em minha direção. Vejo as cenas e é como se eu levasse um soco no estômago. Ligo para a polícia e o olhar dele me condena por isso. Ele começa a conversar comigo, mas não é para me acalmar. Ele está me ameaçando. Ele quer me matar? Mas achei que ele jamais me machucaria. Ele me dá um tempo para que eu corra e depois virá me pegar. Ele faria isso? Ele me mataria? Lembro de chegar em casa desesperada. Lembro de conhecer ele no dia seguinte. Ele bate em Faruk e parece se preocupar comigo. Tento correr dele depois que os dois decidem apagar minha memória. As lágrimas são um lembrete de que ele manipulou minhas memórias.

Ele me segura no chão e permite que Faruk apague minha mente. Ele simplesmente deixa que ele apague minha mente!

Puxo o ar com força e quando vejo estou na cela. Olho ao redor e as lágrimas retornam. Ele matou duas pessoas e ainda gostou de provar do sangue deles para em seguida me ameaçar. Céus! Ele é um controlador louco! Ele permitiu que Faruk apagasse minha mente para se aproximar de mim. Céus! Isso é perturbador. Sou levantada do chão e arrastada para fora da cela.

- Tem nossa gratidão Maia. - um dos homens diz. Sou colocada na carroça uma vez mais e estou em choque. Sequer consigo derramar alguma lágrima depois de tudo que vi e ouvi. As lágrimas estão aqui encrustadas em meus olhos. A carroça se move e atravessamos algo. O frio aumenta e agonizo. Morrerei congelada certamente. Pisco algumas vezes. Minha dor é maior por causa do sentimento de traição e terror que Drake me fez passar. Tenho nojo dele! Ele é horrível! Nunca mais deixarei que ele toque em mim. Ele me ameaçou de morte uma vez e poderá fazer isso novamente. Ele até permitiu que Faruk apagasse minha mente para que tivesse chances de se aproximar. Céus! Me envolvi com um desequilibrado.

Saímos em um lugar escuro e vejo imensas árvores. Já estive aqui antes. Não sei qual a pior opção. Morrer nas mãos desses caras ou permitir que Drake me toque novamente. De qualquer forma serei grata se o lobo decidir arrancar minha garganta. Pelo menos morrerei antes que tudo se torne pior. Aperto a boca em uma linha fica e sinto uma dor cortante. "Estava começando a me apaixonar por aquele sádico!"

A carroça se move durante um tempo e passamos por algumas árvores. Ofego ao ouvir o logo uivar. Olho para a mesma direção que ele está e arregalo meus olhos. Drake, Faruk, Ada, Téo, Aigon e outros seres alados estão vindo em nossa direção. "Corre Mary! Corre!" Lembro do dia que Drake matou os homens e ele me disse com clareza. Corra. Tento me sentar na carroça, mas meu corpo está fraco. Sinto um vento pairar sobre mim e no segundo seguinte estou voando. Alguém me segura contra o peito e ofego. Esse cheiro... Drake. Começo a ventilar. Ele pousa. Sou colocada sentada contra o tronco de uma árvore. Ele segura meu rosto e me encara com preocupação.

- Eles te feriram demais? Consegue falar? - ele parece desesperado. Encaro o homem na minha frente com terror. Ada e Téo pousam logo atrás dele e permanecem de pé. Não tiro os olhos de Drake.

- Sai daqui... - sussurro. Drake balança a cabeça.

- Mary... Não faça isso. - ele olha diretamente nos meus olhos. - Por favor. - ofego.

- Tira as mãos de mim ... - sussurro. Téo e Ada seguram os braços de Drake e tentam afastar ele. Ele se levanta e recua com os olhos em mim. Téo se aproxima.

- Fique calma. Te levaremos para o castelo e cuidaremos de você. - o ser alado violeta se aproxima e se abaixa. - Está segu...

- Téo. Sai! - A voz de Drake é repleta de raiva. - Se tocar ela irei... - Ada o empurra para trás.

- Não vai fazer nada! Sai daqui! Ela está aterrorizada e você é o motivo do choque dela. Não quer deixar ela mais traumatizada, quer? - ele encara Ada.

- Me deixe levar ela. Prometo sair assim que ela tiver com nossos Curandeiros. - Ada balança a cabeça.

- Ela não quer seu toque. - ele olha para mim e desvio o olhar.

- Ei... - Téo chama. - Ele estava louco a sua procura. Deixe ele te levar. Ele realmente só quer sentir que está bem e bom... Você parece estar gelada. Quase sinto sua temperatura de onde estou e nem precisei te tocar. - Olho para o ser alado violeta.

- Ele vai machucar... Ele matou duas pessoas na minha frente. - as lágrimas finalmente caem - me ameaçou de morte e para tentar me ter em seus braços eles apagaram minha memória! Ele me segurou enquanto Faruk tirou minha memória Téo! - tento gritar, mas faço uma careta de dor. Minha garganta dói. Téo aperta o maxilar e olha para o nada.

- Já sei que nunca devo pedir a Faruk para apagar a memória de alguém por mim. - ele volta a olhar para mim. - Olhe para ele... Você vê ele como ameaça? - Drake está parado com Ada na frente segurando ele. Ele parece assustado e seus olhos estão amarelos. Suas asas estão em posição de descanse e ele parece realmente frágil, mas algo dentro de mim implora que ele se afaste.

Sim! Vejo ele como uma ameaça.

DRAKE - Saga "Pearl"Onde histórias criam vida. Descubra agora