XVIII

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Ele me olha para minha cabeça e segura ela. Parece procurar algo.

- Não tem chifres aqui. - explodo em risos e ele se afasta me olhando confuso. Acho que aqui eles não usam esse termo. Ele arqueia uma sobrancelha e seus olhos voltam ao normal. Ele olha para seu colo e volta a me olhar. - Juro que não é um chifre. - meu riso morre. - Posso lhe garantir. - ele diz e desce as mãos ao cós da cueca. Seguro suas mãos.

- Não faça isso. - digo. Ele me olha com confusão.

- É as únicas duas coisas que consigo deduzir que esteja tentando me dizer. Se não tem chifres então deve estar pensando que meu...

- Drake! - ele para de falar. Sorrio. Volto a rir. - Não é você. Eu que levei um par de chifres. - Meu sorriso morre. - Dimy me traiu. - digo. Solto seus pulsos e ele parece muito bravo. Ele se levanta da cama e segue para o guarda roupa. Ele abre com violência. - O que vai fazer?! - pergunto saltando da cama. Ele me encara e recuo. Seus olhos estão vermelhos.

- Ele te feriu. Vou ferir ele. - ele diz e puxa uma calça. Nego. Seguro ele e ele lentamente me faz soltar. Ele volta para o guarda roupa.

- Não vai ferir ninguém! - ele me ignora e começa a vestir a calça. Assim que ele termina de subir caminha para as escadas. Corro e paro de frente com elas. Ele segura minha cintura e sou levantada do chão. Ele me tira da frente e começa a descer. - Drake! Pare! Eu não estou com ele e não quero que o machuque. Deixe ele em paz! - digo. Ele para quando chega no piso de baixo. Ele se volta para me olhar e seus olhos continuam vermelhos.

- Farei ele sangrar, mas não vou matar ele. Será apenas para ensinar ele a nunca te ferir. - arregalo os olhos.

- Se tocar ele irei sumir da sua frente como fumaça e nunca mais me encontrará. - seus olhos voltam ao amarelo. Ele aperta as pálpebras.

- Não faria isso, faria? Eu sou bom em rastrear. - cruzo os braços.

- Tente. Vai lá e eu sumo. - ele olha para a calça e fecha o zíper dela. Depois fecha os botões. Ele volta a subir as escadas.

- Não quero arriscar. - ele diz e para perto de mim. Ele move as asas e me envolve entre seu corpo e as asas. Olho para seu rosto e ele segura meu queixo. - Se eu não bater nele você fica aqui? Assim... Para sempre. - pisco algumas vezes e nego. Seus olhos continuam amarelos. - Mas não vou machucar ele. E nem você. - ele diz.

- Eu tenho empregos e uma vida. - digo. Ele assente e aperta o maxilar.

- Eu posso conseguir um emprego para você. Louise é uma mortal daqui e eu conversaria com Ada. Você pode escolher o que quiser. Sou um dos comandantes do batalhão. - ele diz. Olho para ele sem entender. Ele mal me conhece.

- Mas você nem sabe nada direito sobre mim. A gente pode se odiar e você nem sabe ainda. - ele nega.

- Pare de dizer essas coisas! Sempre diz algo assim. Eu não te odeio, não quero que morra e não quero te deixar ir. Minha cama é enorme e cabe nós dois. Minha casa é gigante e você pode chamar ela de sua. Seria mais sua do que minha já que eu trabalho fora a maior parte do tempo. - seus olhos voltam ao normal.

- Posso falar com Tessa e com Molly. Eu e você nos veríamos na minha casa e se funcionar a gente pode morar junto e até casar. - ele sorri.

- Você quer se casar? - coro.

- Não coloque palavras na minha boca. É uma suposição, mas não pode me fazer mudar assim. Primeiro preciso te conhecer. - ele tira as asas e me dá espaço. Ele desce as escadas e segue para a cozinha. Enche baldes de água. - O que esta fazendo? - pergunto.

- Primeiro você tem que tomar um banho e dormir. Depois podemos nos conhecer. - ele diz. Arqueio uma sobrancelha.

- Conhecer é conversar ok! - ele assente.

- Tanto faz. Podemos mudar a ordem e você conhecer meu corpo. Se gostar não precisa ir embora. - nego.

- Não! Não é assim! Vocês anjos são bem diferentes do que imaginei. - ele me olha por um momento.

- Não sou um anjo. Sou um ser alado. E seres alados também amam e precisam de alguém para apoiar. - meu coração aquece. Um ser alado? O jeito que ele fala me deixa realmente um pouco caidinha. Ele está dizendo que precisa de alguém para amar e para apoiar. É tão raro ver isso no dia a dia. Ele passa com os baldes e sobe. Ele mantém as asas relaxadas e elas se arrastam pelo chão. Ouço um barulho de água e entro no quarto. Ele enche uma imensa banheira no canto do quarto.

- Onde vocês fazem suas necessidades? - ele aponta para uma porta quase escondida no quarto.

- Banhos são todos na banheira. Então tira essa roupa que vou dar banho em você. - nego.

- Estou bem. Posso fazer isso sozinha. - digo cortando o barato dele. Caminho em direção a porta e abro. O banheiro é imenso. Pelo menos eles tem encanação aqui. Fecho a porta e olho para ele. Ele dá as costas e desce com os baldes. A banheira está pela metade. Ele não demora muito e retorna com mais baldes. Ele despeja e ela enche.

- Tira a roupa. - nego. Aponto a porta.

- Saia. - ele me olha confuso.

- Não vou te atacar. - dou de ombros.

- Você não vai me ver nua. - ele aperta o maxilar.

- Você estava ficando nua para aquele humano. - encaro ele e cruzo os braços.

- Você me viu nua? - ele nega.

- Estava concentrado demais odiando aquele humano. Ele te tocou livremente. Por que eu não posso? - ele parece chateado. Aponto a porta.

- Sai Drake. - ele bufa e se vira. Suas asas se arrastam no chão e ainda não me acostumei a isso. Ele some. Suspiro aliviada. Tiro a roupa e entro na banheira. A água está quentinha e me aquece do frio. Apesar que a casa é bem quente e o vento gelado do lado de fora não entra. Fecho os olhos aproveitando e ouço um baque. Drake é lançado contra a parede do quarto. Me sento direito na banheira e volto a mergulhar para que não me veja. Um ser alado maior que Drake entra. Ele tem o cabelo e as asas douradas. Ele entra e olha em minha direção, olha para Drake que está se levantando.

- Não acreditei quando Téo disse, mas é verdade. Você arrastou uma Humana para sua casa. - ele diz e sua voz aumenta de tom me fazendo estremecer. - Enlouqueceu Drake?!

Capítulo 18?
Aparece?

DRAKE - Saga "Pearl"Onde histórias criam vida. Descubra agora