XXXII

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A mulher tem escamas azuladas pelo corpo e o cabelo é negro e grande. Bem maior que o meu. Ela estende a mão e franze o cenho.

- Ela não é uma mortal de Pearl. - a mulher diz e encara os homens.

- Seu chefe direcionou ela para cá por que? - os dois dão de ombros. Redirecionada?!

- Ele quer que ela lembre e disse que você faria isso mais rápido. - a mulher revira os olhos.

- Odeio quando recebo trabalhos assim. - ela se senta de frente com a cela. Olho para ela e ofego. Sinto um frio absurdo e preciso de roupas secas.

- Moça... Por favor... Preciso de algo para me aquecer. - digo com a voz trêmula de frio. Ela me encara com desdém e mantém a mão estendida.

- Seu nome é Mary Mark. Tem vinte e quatro anos e guarda uma mágoa profunda do seu pai. Sua mãe de abandonou. Você é sozinha... - seu olhar se torna raivoso. - Ama um alado. Como pode amar um alado? Eles são máquinas de batalha e não deveriam receber amor! Senso de justiça? - ela gargalha. - Eles podem até enxergar maldade nos outros, mas também são maus! Pessoas boas não matam Mary! - encaro ela.

- Estou com frio. - digo uma vez mais.

" Mary! Tem uma sereia aonde está? Uma mulher bonita com cabelos longos."

Meu coração se aperta. Ela realmente é bonita. Sinto uma pontada de ciúmes e cerro os dentes. Ele pode escolher ela. Ela parece ser bem forte e vai aguentar ele sem problemas. Ele poderá ir com toda a força e velocidade que quiser e pode ser intenso com ela. Bem mais intenso!

"É Drake! Ela é linda! E está dizendo o quanto você é cruel! Aliás, ela parece ser bem deliciosa. Não está afim de já levar ela para sua casa também não? Tenho certeza que ela iria e iria sorrindo."

Bufo. A mulher arqueia uma sobrancelha.

- Está se comunicando com ele não é Mary? - a mulher ri. - Ele vai demorar achar essa caverna. Infelizmente você é muito desafortunada. Una pena. - ela faz cara de dó. - Mary... Você vai sentir uma dor cortante e pulsante e vai implorar que eu te mate, mas vai resistir. Tenho que desbloquear uma memória. Parece que o guardião Severo não conseguiu substituir e eu consigo destravar, mas vai doer um pouco. Pode aguentar? - nego.

- Não me machuque. - a mulher sorri.

- Não sei de onde você é Mary, mas você é mais fraca que uma mortal de Pearl. Me pergunto por que está com um Alado. Eles são bem intimidadores quando querem. - ela suspira. - Aponto que um deles está apaixonado. - ela revira os olhos. - Alados! Me enojam. Basta que uma mulher tire a carapuça deles de puros e bons homens que se tornam sedentos por prazer. - ela bufa. - Como se chama seu Alado? - me mantenho calada.

"Mary... É minha impressão ou está com ciúmes? Ok... Vou te achar e te darei provas de que é única."

Bufo. Olho para a mulher e nego.

- Não vou dizer como ele se chama. - ela ri.

- Então ele já tem você? Achei que estava fugindo dele. A memória bloqueada que tenho acesso é bem perturbadora e não parece que você quer ele. - ela suspira. - O guardião Severo bloqueou a memória para seu lacaio te conquistar? - ela revira os olhos. - Eles são previsíveis! Como podem fazer isso a uma pessoa frágil! Você deveria poder escolher. Não acho que vai querer ele ao perceber o que ele pode ser. - ela olha para os homens. - Podem acender uma fogueira. A cascata vai anular a luz da chama. Se aqueçam. Levará a noite toda e amanhã para que eu consiga extrair a memória e reimplante nela. - olho para a mulher.

- Por favor... Não me machuque. - peço. Ela está as duas mãos e fecha os olhos. Uma luz vem em minha direção. Desvio da luz e ela muda de trajeto vindo em minha direção. Sinto uma pressão enorme quando ela toca minha testa. Cerro os dentes.

"Drake! Ela está me machucando! Ela disse que vai extrair e devolver uma memória perdida."

A dor aumenta e minha cabeça lateja. Ofego.

"Mary... Me prometa algo... Não vai me odiar e nem me temer. A memória que ela vai te devolver mostra um Drake que você ainda não conhece ..."

A dor aumenta. Solto um grunhido. Me curvo e apoio as mãos amarradas no chão. Sinto minha cabeça doer e é como se levasse agulhadas. Rosno de dor e grito em seguida liberando a tensão. A dor diminuí um pouco e ofego. A dor volta a aumentar e grito de dor. Parecem que estão enfiando agulhas em meu cérebro e me cutucando com elas.

- Pare! - suplico.

- Estamos só começando Mary...

***

Percorro a floresta verde fazendo um monitoreo dela. Ela tem que estar perto de algum desses rios ou lagos. Baixo em outro rio. Olho em volta e não vejo nenhuma caverna. Ada pousa ao meu lado e coloca a mão em meu ombro.

- Vamos achar ela. Fique calmo. Está transparecendo medo. - olho para Ada.

- Ela está sendo torturada Ada. Sabe o que é isso? Aquela maldita de escamas está torturando minha mulher! - grito. Ada me encara com pesar. Me arrependo de dizer a Ada essas palavras. Ela já foi torturada uma vez e por muitos anos.

- Eu sei que parece terrível, mas vamos encontrar ela. E quanto a tortura... - Ada engole seco. - Sei que é a pior coisa que se pode sofrer, mas Mary será forte como eu fui. Vamos encontrar ela. Se acalme. E por favor... Deixe os outros lados cuidarem dos sequestradores. Sabe que não matamos sereias mesmo que elas sejam perversas. Então se controle. Não mate na frente dela. Já será pesado para ela te ver nas memórias. - Assinto. Alçamos vôo. Sobrevôo toda a extensão do rio e vejo outro lago. Baixo e analiso ao redor. Nenhuma caverna ou cascata. Fecho os olhos. Apenas quero abraçar ela e garantir que isso acabe. Se ela me temer como fez antes não saberei o que fazer.

Abro os olhos e analiso ao redor. Aigon baixa.

- Drake. Vamos. Está parado por que? - olho para Aigon.

- E se ela não me quiser mais?

DRAKE - Saga "Pearl"Onde histórias criam vida. Descubra agora