XL

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Fico um pouco preocupado com o que Téo falou sobre os humanos. Aqueles estrangeiros não eram humanos e sim de algum lugar do mundo místico. Infelizmente estou confuso e com a cabeça muito cheia para pensar sobre isso. Não quero sequer cogitar o que pode acontecer se humanos começarem a questionar a existência de Pearl. Humanos são ambiciosos e a primeira coisa que iriam querer se apoderar seria o ouro e as pedras preciosas daqui. Seria terrível.

O sol já se pôs e estou exausto. Levei uma surra de Faruk e Ada mais cedo enquanto tentava manter as mãos de Téo longe dela. Aquele alado não tem medo da morte e certamente não me teme. Suspiro. Na verdade Téo é um grande amigo meu. Estou descalço e com os coturnos ao meu lado. Geralmente fico avontade só em casa, mas ultimamente tenho me importado pouco como estou vestido. Alguém limpa a garganta e olho para trás. Faruk está parado Perto das portas duplas segurando Nox e Lux no colo.

- Entra. Preparamos um banho para você. A humana está dormindo desde a tarde. Tome um banho e vá vê-la. Aproveite enquanto Ada não tirou ela daqui. - me levanto e pego o coturno. Passo por Faruk e Lux estende os braços em minha direção. Pego Lux e acomodo nos braços.

- Você está muito triste tio Drake. Sorria para mim. - caminho pelo salão seguindo Faruk. Ele abre a porta que leva para os quartos e entramos no corredor mais estreito.

- Estou sem vontade Lux. - Lux envolve os braços ao meu redor e quase me enforca.

- Não fica triste não. Papai disse que se eu fosse dizer isso a você ele ia me por de castigo. - ele sussurra. Sorrio. Olho para Faruk. Ele abre a porta de Um quarto e entro. Paro de frente com Faruk.

- Vai com seu pai. - Lux estende os braços para Faruk e ele me encara com indiferença.

- Não gosto daquela Humana. É por isso que Alados se envolvem com gente do nosso povo e não com pessoas do outro lado. - ele diz. Arqueio uma sobrancelha.

- Ada é metade humana e o pai dela amou profundamente Khalifa.

- E mesmo assim nunca gostei disso. Sabe que ela podia ter encontrado um bom homem aqui. - reviro os olhos e fecho a porta.

- Vá reclamar com Ada. - digo e caminho em direção a banheira. Abro o zíper da calça e os botões. Baixo a calça e analiso meu abdômen. O ferimento está quase fechado. Realmente foi profundo para demorar tanto tempo a curar. Rasgo a costura da boxer e descarto o tecido. Gosto de sentir meu corpo livre dessas coisas. Faruk aprendeu a usar essas coisas com os humanos e trouxe o hábito para este lado. Tem uma única função. Me prender. Entro na água e movo uma asa para frente. Esfrego as penas com cuidado para não machucar a asa. Seria péssimo ter outro ferimento nela. Tomo meu banho com paciência e saio da água. Olho para baixo e suspiro. O ferimento sangra um pouco. Alguém bate na porta e ela se abre em seguida. Faruk entra e coloca a toalha e uma calça de couro limpa.

- Use as minhas. Vai ficar um pouco apertado em você já que tem mais massa muscular, mas servirá. - ele aponta para meu abdômen. - Deveria ir ver um curandeiro e não deixar curar sozinho. Estaria bem se fizesse isso. - olho para o ferimento novamente.

- Está melhorando. Vou deixar curar sozinho. - ele assente.

- Veste logo. - ele revira os olhos ao ver os retalhos da boxer. - Ja disse para não rasgar elas quando for tirar. - ele se vira para sair . - Ada faz a mesma coisa com as minhas. - ele para na porta e ri. - Aposto que a humana não tem força para rasgar uma...

- Sai logo! - Ordeno. Ele fecha a porta rindo. Caminho para perto da cama e pego a toalha. Me seco e tento não pensar em Mary, seria um problema fazer essa calça entrar se tivesse que conter minha excitação. Visto a calça e cerro os dentes. A calça marca tudo. Aperto o maxilar. Saio do quarto e sigo para o quarto que Mary está. Abro a porta lentamente e encontro Ada sentada acariciando os cabelos dela. Ela olha em direção a porta e sorri. Entro e ela arqueia uma sobrancelha apontando a calça. Ela faz um gesto para que eu saia do quarto.

- É por quê está apertada! - sussurro.

- Não está...

- Não! - sussurro. Ela lança um olhar desconfiado e gesticula para que eu me aproxime. Me abaixo com dificuldade e aperto o maxilar. Ada parece se segurar para não rir.

- É de Faruk? - assinto. Ela leva a mão a boca e reprime a risada. - Como está conseguindo ficar com ela? - faço uma carranca.

- Pode parar. Não tem graça. - ela assente. Olho para Mary e toco seu rosto. - Levarei ela embora assim que ela acordar. - Ada toca meu ombro.

- Eu sei que está triste, mas ela tem que escolher Drake. - Assinto. Sei que as coisas não são tão fáceis. Ada mesmo tendo uma linhagem marcada por tragédias e sangue demorou aceitar Faruk somete por ser criada como humana. Mary é humana e isso muda tudo.

- Não irei obrigar ela a ficar. Vou levá-la de volta e manter distância. - Ada suspira.

- Sinto muito mesmo... Nunca imaginei que alados fossem condenados a morte por amar humanos. Não entendo... - olho para ela e aperto o maxilar.

- Dizem... Para mim era uma lenda, mas dizem que por causa dos anjos que eles crêem e as forças que os protegem nós somos proibidos. Ela achou que eu fosse um anjo. Alados são uma afronta ao mundo deles. Pearl e todo o mundo místico são lendas do lado deles e do nosso está o amor a um mortal que possua humanidade. - rio amargamente. - Mereço ser castigado por isso e não importo se morrer. Quebrei a maior das regras já criadas para um alado. Estou amando uma humana. - Ada me olha com pesar.

- Só é proibido se ela não te amar.

DRAKE - Saga "Pearl"Onde histórias criam vida. Descubra agora