II

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Ele solta o corpo e o coração que ainda se move. Estou horrorizada. Ele pega o outro homem que tenta acertar algo brilhante nele. Meus olhos não processam o que a coisa brilhante é. Ele ergue o homem do mesmo modo e enfia a mão em seu abdômen. Minha boca cai e minha respiração sai logo de controle.

- Ó meu Deus... - Ele é grande e tem músculos bem definidos. "Se ele sequer notar que acabei de ver ele matando aqueles homens serei a próxima!"

Era tarde demais, ele virou o rosto em minha direção levando o braço ensanguentado a boca. Chupou o indicador enquanto me encarava. Se tivesse com a bexiga cheia jurava que ia me mijar! "Minha alternativa é correr!" Minhas pernas estão travadas. Ele solta o homem e continua me encarando. Ele definitivamente não é um senhor, mas seus cabelos são brancos. Completamente brancos. A montanha de músculos se vira em minha direção e começa a dar passos lentos para fora do beco. "Reage!" Mu corpo treme e tenho que fazer algo. Alcanço o celular no bolso e dígito o número do polícia. Coloco o telefone no ouvido. Ele continua avançando em minha direção e não consigo ordenar as minhas pernas que me obedeçam. Lágrimas se juntam em meus olhos.

- Boa noite! Qual sua emergência?

- Um homem acabou de matar dois na minha frente! - digo com a voz trêmula. Ele não parece gostar nada da minha atitude. Minhas pernas estão travadas.

- Passe seu endereço por favor. - digo o endereço e mantenho os olhos nele. Ele balança a cabeça levemente e leva o indicador na frente dos lábios já manchados com sangue fazendo o sinal de silêncio. As lágrimas descem e um soluço irrompe da minha garganta.

- Estamos a caminho! Por favor se afaste do assassino e vá para um lugar seguro! Estamos mandando ajuda! - ouço os bips do outro lado da linha e guardo o celular lentamente. "Se nova! Corre Mary!" Minhas pernas não obedecem. Ele avança mais e a luz alcança seu rosto com clareza. Ele é muito jovem e a beleza do assassino só me assombram mais. Ele sequer parece real de tão lindo. Ele tem heterocromia. Um olho negro e o outro azul. Sua pele é extremamente clara e ele definitivamente parece ter malhado bastante. Noto que ele está descalço. Meu olhar alcança cada traço dele. Ele aperta o maxilar quando mais um soluço irrompe da minha garganta. Ele dá mais passos em minha direção e se espreguiça. "Meu Deus! Ele vai me matar!"

- Pa-Pare! - tento gritar, mas minha voz sai como um miado. Ele para de avançar e se mantém olhando para meus olhos. - S-se me tocar eu gri-grito! - ele assente silenciosamente e talvez ele seja mudo. Mudo de idéia no segundo seguinte.

- Você não viu nada ok... Vou deixar que vá para casa... Quer brincar? - ele sorri e me pergunto se é um psicopata. - Faremos assim... Você corre e eu conto até dez e vou atrás de você... - ele passa a língua pelo lábio inferior - Se eu te pegar mesmo te dando essa vantagem então será minha e irei fazer o que quiser com você. - arregalo os olhos. - Um... Dois... - ele para um pouco e espreme a boca em uma linha fina. Ele coloca as maos na cintura e se inclina para frente sussurrando. - Corre... - Ele sorri - três... - "Corre Mary!" Começo a correr em direção ao fim da rua onde fica nossa casa e me desespero. Minhas pernas tremem. Meu corpo treme. Sinto toda a drenalina passando por meu corpo e sequer olho para trás. Assim que estou em frente de casa abro o portão desesperada e entro correndo. Abro a porta da casa e entro chorando. Caiu de joelhos e me volto para a porta fechando a porta e alcançando a maçaneta ainda de joelhos. Minhas mãos tremem. Tranco a porta e não consigo controlar o choro. Ouço passos apressados e em seguida Tessa está sentada ao meu lado e com os braços ao meu redor.

- Deus! Foi assaltada? - nego e abraço ela em desespero. Me agarro a Tessa e aperto ela. - Calma... Está tudo bem agora! Por favor se acalme, vai acordar mamãe! - tento conter o choro e ele se torna um gemido agoniante. Tessa fica comigo e não me solta até que eu me acalme. Ela me olha com preocupação. - O que houve? Por que parece tão desesperada? - olho para ela com muito assombro.

- Acabei de presenciar dois assassinatos... - digo com um fio de voz. Ela arregala os olhos e me oferece um olhar triste.

- Calma... Está segura agora. - ela diz e me abraça novamente. Sinto o calor de seus braços ao meu redor e quero que Tessa Nunca mais me solte. Tenho medo que seja pega por aquele homem misterioso. Sei que parece loucura, mas me pergunto por que um rapaz tão bonito virou assassino. Ele podia ser modelo ao invés disso! Pagariam uma nota a ele para que ele modelasse.

- Obrigada Tessa.

- Me conte com calma o que aconteceu depois que tomar banho... Vou subir para o quarto e te espero lá. - ela se afasta e assim que pisa no primeiro degrau sorri. Me levanto do chão e caminho para o banheiro. Entro e fecho os olhos suspirando. Me olho no espelho e minha voz trava na garganta por um momento. Olho para trás e não vejo nada. Sabe quando você tem a impressão de ver alguém atrás de você? Sim meus amigos! Isso é medo! Medo de ser pega pelo protagonista de seus pesadelos. Respiro fundo e solto o ar me acalmando. "Aquele homem não te seguiu... Relaxe... Seria loucura encontrar ele no banheiro."

Tiro as roupas que cheiram a fritura e tomo um banho tentando lavar o corpo e as lembranças daquele episódio. Saio do banheiro enrolada na toalha e apago as luzes. Subo e entro no quarto. Tessa me oferece um olhar carinhoso.

- Me conte o que viu. - assinto. Caminho para o guarda roupa e começo a me vestir.

- Olhei para o beco escuro que fica na na ponta da outra quadra sabe?

- Sei...

- Então... Tinha um homem lá e ele lutava contra dois outros... Ele era rápido e eu achei muito interessante ver como ele desviava dos golpes. No começo achei que era um velho... Mas daí ele era um homem bem novo... - termino de vestir o pijama e me deito. - Ele arrancou com as mãos um coração! Isso é possível?! Eu achava que não! - Tessa continua séria. - Então ele matou o outro. Achei que não tinha me notado, mas ele me olhou e levou o dedo na boca Tessa! Ele lambeu o sangue do cara! Quer dizer... Chupou! Sei lá! Foi perturbador. - as lágrimas ameaçam voltar. - Daí eu chamei a polícia...

- Chamou a polícia!? - ela parece chocada.

- Sim! O que queria que eu fizesse?!

- Deixasse para lá e corresse por sua vida! - "Claro! Estava bem fácil fazer isso!"

- Daí... - "Mania que tenho de dizer Daí ..." - ... Ele disse que daria dez segundos para eu correr e em seguida iria me perseguir. Ele é um psicopata dos grandes e está a solto por aí matando sei lá quem! - ela me encara com certo pavor.

- Ok... Dorme está bem! Descanse. Amanhã não irá voltar sozinha. Vou pedir a Dimy que te busque e te leve... Ou para Phelipe! Não sei! Bem... - ela suspira. - Apenas descanse. Não pense muito sobre isso. - ela sorri e assinto.

- Dorme aqui no quarto hoje amiga... Vamos Tessa... Sabe que estou apavorada. - ela assente.

- Volto já. - ela sai e olho para o teto. Meus olhos marejam.

"Que eu não tenha pesadelos com esse assassino e que a polícia prenda ele!"

DRAKE - Saga "Pearl"Onde histórias criam vida. Descubra agora