XXXIII

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- Conquiste ela novamente... Cara... É deprimente ver o que um amor não correspondido faz. Espero nunca conhecer alguém para amar. - Ele alça vôo. - Venha! - alço vôo.

Rodamos toda a floresta verde e a tarde cai. Mary não se comunicou mais e creio que não esteja conseguindo se concentrar. Baixo novamente. Sinto uma mão em meu ombro. Faruk me encara.

- Fique tranquilo. Vamos encontrar ela. Só precisa manter a calma. Os prisioneiros vão ser encontrados e deixo você torturar eles para arrancar respostas. - Assinto.

- Quero trucidar eles! Não tem ideia da ahonia que estou. - Faruk sorri e assente.

- Sei exatamente como se sente. É horrível se sentir incapaz e ter a única coisa importante de verdade arrancada de você. Dói. E é a dor mais insuportável que um alado pode sentir. - Assinto. Sinto como se meu corpo estivesse ligado no automático e mesmo que eu esteja com fome e sede não consigo parar de voar e pousar em busca de Mary.

- Como aguentou essa agonia dois anos? - pergunto. Faruk dá de ombros.

- Não sei... Talvez seiscentos anos esperando ela me fizeram ser paciente nas buscas. Pensei que tinha perdido ela quando ela fingiu suicídio, mas foi pior saber que ela estava viva em algum buraco e sendo torturada. - os olhos de Faruk brilham e ele desvia o olhar apertando o maxilar. Sinto uma dor profunda e minhas pernas fraquejam. Me recuso a cair agora. Tiro a mão de Faruk de meu ombro.

- Vou achar ela hoje ainda. Não aceito dormir uma noite longe dela. - Faruk me olha com pesar.

- Sabe que já averiguamos toda a floresta verde não sabe? - mordo o interior das bochechas e aperto o maxilar.

- Não faça isso comigo Faruk. Não corte minhas esperanças de encontrar ela. - ele suspira.

- Drake... Talvez ela esteja em outro lugar. - nego.

- Ela está aqui. Eu sei. - tiro o braço dele de meu ombro. - Ela está aqui droga! Eu sei! Eu sinto. - ele me olha com tristeza.

- Téo e Aigon já colocaram os batalhões espalhados dentro de Pearl. Estão procurando na floresta enganosa e no trajeto da trilha de pérolas negras. - Sinto lágrimas querendo aparecer. Aperto o maxilar e olho para o lago. - Que tal irmos para o castelo. Eu e você. Você precisa comer e descansar ou vai acabar desmaiando aqui. Ada está preocupada com você e eu estou começando a pensar em tomar decisões drásticas. - rio com descrença. Encaro ele.

- É para isso que veio?! - grito. - Veio pedir que eu volte? Sério? Você, de todos, você! - cerro os dentes. Alço vôo e olho em volta na floresta verde.

- Drake! Pare! Não me faça te apagar e levar para o castelo! Não quero te acorrentar enquanto procuramos ela. Se continuar procurando ela assim vai perder a razão. Descanse e coma algo. Pode voltar para cá depois. Se continuar dessa forma a raiva e a frustração vão te consumir. - pairo no ar e Encaro Faruk.

- Quer que eu sequestre Ada ou um dos gêmeos!? Posso fazer isso! Qual será sua reação? Aposto que não dorme! Eu te vi perder a cabeça mil vezes e recuperar mil vezes. Pare! - grito. - Apenas pare de me atormentar. Se não pensa em ajudar some da minha frente, mas não me diga o que fazer com minha mulher! Vou achar Mary nem que seja sozinho! Quer dispensar meu batalhão também? Quer? Vai lá guardião! Use de sua autoridade! - Faruk apenas me encara e paira no ar.

- Está bravo agora. Estou pensando no seu bem. - nego. A dor no meu peito aumenta.

- Não... Não está... - sinto a dor me consumir e pisco vezes seguidas resistindo a vontade súbita de derramar lágrimas por Mary. - Está com medo que eu entre em modo assassino e precise me eliminar. Não sou você Faruk. Não tenho essa escuridão que você carrega. - Faruk suspira.

- Nunca disse que tinha Drake... Seus olhos negam isso, mas nós dois sabemos que quando está bravo seus olhos são idênticos aos meus. Então volte. Não assuste Mary. Ela já vai te ver pelas memórias e ela não está na sua pele naquela hora para saber que estava tentando proteger ela. Ela viu tudo de uma forma diferente. - Aperto o maxilar.

- Se eu voltar com você. Tem que me prometer que não vai me acorrentar. Se fizer isso arrebento as correntes e então verá minha ira se dirigir a você. - Ele assente parecendo aliviado.

- Ótimo... Vamos descansar. Ficará no quarto com Nox e Lux. Os gêmeos vão te acalmar. Eles são adoráveis mesmo quando decidem brincar com as adagas de Ada. - Faruk ri e até poderia acompanhar seu humor se não tivesse tão preocupado. Alçamos vôo em direção ao castelo.

Pousamos assim que chegamos na porta do castelo. Faruk entra pela porta e Ada vem ao seu encontro. Ele a prende nos braços e desliza uma mão para sua cintura. Cerro os dentes. Desvio o olhar para não precisar ver os dois trocando carícias. Meu humor está ruim o suficiente para sequer pensar no que eu poderia estar fazendo se pudesse ter minha mulher.

- Drake. - olho para Ada. Ela sorri. - Que bom que voltou... Faruk falou comigo. Preparei o quarto das crianças para que durma lá também.

- Obrigado Guardiã. - reverencio Ada. Ela se aproxima e coloca as mãos em meus ombros.

- Você está péssimo. - sorrio fracamente.

- Agradeço o elogio. - Faruk limpa a garganta e puxa Ada.

- Como estou?! - reviro os olhos. Ela abraça Faruk.

- Você é lindo mesmo nos piores momentos. - sinto vontade colocar o dedo na garganta e forçar meu estômago e expulsar o que comi hoje.

Saio do salão e caminho para o corredor.

- Quer que preparem um banho? - Ada grita.

- Queria minha casa! - grito.

***

Ofego. Rosno de dor. Meu corpo está flutuando e não sei quando começou, mas não estou mais no chão. A dor é constante e pesada.

- Consegui! Tenho a memória dela! - meu corpo é largado no chão e estou fraca. Giro a cabeça para olhar para a mulher. Ela tem uma luz branca na palma da mão.

- Coloque nela de volta. Precisamos tirar ela daqui. - a mulher me encara e sorri.

- Hora de conhecer a essência dos seres alados Mary... Depois de ver seu alado matando tão friamente não sei se vai querer que ele te toque novamente. - ela diz e gargalha. - Queria ver a cara dele quando você o rejeitar. - ela diz e suspira. - Uma pena. Seria divertido ver ele implorando para não deixar ele. Aposto que vai se enforcar ou passar a lâmina na própria garganta a preferir viver sem a mulher que ama.

DRAKE - Saga "Pearl"Onde histórias criam vida. Descubra agora