XV

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- Me larga! Acabou! - grito. Puxo meu braço e caminho em direção a porta dianteira. Saio por ela e me sinto uma idiota. Olho em volta e começo a caminhar pela calçada soluçando. Droga! Até chegar em casa! Lembro que não tenho um centavo para pegar um taxi. Caminho pela calçada e me sinto tão pequena e humilhada. E chifruda. Por quê meus amigos! Acabo de see chifrada. Poderia fazer um master berrante com ele.

Caminho me sentindo um lixo e não si quando tempo se passa ou quantas horas caminho. Ainda é noite, mas passo ao lado da lanchonete. Estou morrendo de frio. Estou congelando. Atravesso a avenida e continuo meu caminho. Ando algumas quadras a mais e assim que estou no portao alcanço a chave dele. Começo a destrancar e assim que estou quase uma mão quente envolve minhas mãos frias e trêmulas. Olho para trás e vejo Drake. As lágrimas voltam e abraço ele. Seu corpo está quentinho e ele está com uma imensa capa com capuz. Parece ter saído de um filme medieval, pois está com roupas de guerra por baixo da capa. Sequer presto muita atenção. Apenas abraço ele. A verdade é que abraçaria um mendigo se ele fizesse o mesmo que Drake fez. Preciso de um abraço para me confortar.

- Mary... - a voz dele está cansada. - Alguém te machucou? - ele parece exausto. Mantenho a cabeça escondida e colada a seu peito.

- Por favor, me deixa te abraçar um pouco. - ele suspira e tosse em seguida. Me afasto com os olhos marejados e fico horrorizada. - Deus! Está ferido. - seu rosto está cortado na bochecha e analiso o restante do seu corpo. Tem sangue na lateral de seu abdômen onde a roupa está rasgada. Ele sorri de forma travessa.

- Volta a me abraçar. Está gelada e posso te deixar quente. - nego. Olho para o braço que coloquei ao seu redor e noto que manchei a jaqueta com sangue. Olho para ele desesperada.

- Preciso te levar em um hospital! Está sangrando. - meu coração acelera. Ele nega.

- Cuida de mim. Você... Não quero outra pessoa me tocando. - fico perplexa.

- Você precisa de médicos Drake! - ele aperta o maxilar.

- Mary... - sua voz se aprofunda e isso causa um reboliço em meu estômago. A voz dele está mais grave e mais tensa e ele parece faminto novamente. Engulo seco.

- Vem! Vamos tirar essa roupa e cuidar desses ferimentos! - digo. É melhor não deixar apenas no tirar essa roupa ou ele pode pensar em outras coisas. Puxo ele em direção a casa, mas ele me segura.

- Vem comigo. Me sentirei melhor em casa e com você cuidando de mim lá. - olho para ele.

- Não Drake! Está ferido. Preciso que fique aquecido e... - ele me puxa para mais perto e agarra minha nuca. Meu coração acelera mais. Ofego. - Drake? - ele coloca o rosto em meu pescoço e sinto quando passa a língua nele. Fico um pouco alarmada e olho para o céu. - Drake? - ele chupa meu pescoço e empurro ele. - Pare com isso! Está ferido! Está com febre? Delirando? - ele nega.

- Estou com fome... - engulo seco.

- Você come pessoas? - ele ri e nega.

- Não esse tipo de fome. - ele me olha de cima em baixo. - Gosto do seu gosto tanto quanto gosto do seu cheiro. Posso continuar? - nego. Ele aperta o maxilar e faz uma careta de dor.

- Vem ... - tento puxar ele novamente e ele trava novamente. - Rápido! - ordeno. Ele bufa e no segundo seguinte estou em seus braços e com ele andando. - Drake! - estamos nos afastando de casa e indo em direção a floresta. - Minha casa é na outra direção! - ele não me escuta. Apoio meus braços ao redor do seu pescoço.

- Quero te levar para minha casa. Pedi para Faruk deixar o portal aberto para que eu passasse com você. - pisco perplexa.

- Me põe no chão! - ele nega. Entramos na floresta e me encolho mais. Coloco a cabeça escorada em seu ombro. - Você está ferido... Se continuar me carregando pode piorar.

- Ótimo, assim você cuida de mim por mais tempo. - sorrio.

- Pare de agir assim! - digo. Acabei de levar um pé na bunda e estou frágil... Suspiro. Não vou dizer isso. Nos afundamos na floresta e sinto um calafrio ao escutar um grito alto, grosso e potente. Olho para cima. - Drake! Tem uma árvore nos encarando! - digo apavorada. Olho para ele e abro a boca em choque. Ele tem asas! Ó minha nossa! Ele tem ASAS! Ele alça vôo e me aperto contra ele. - Vamos cair! Desce! - ele me ignora. Sinto o vento passando pelo meu corpo e me apoio nele com força. Estamos voando. Estou voando! Abro os olhos depois de alguns instantes e a cena é incrível. Ele desvia das árvores em uma velocidade absurda. Está tudo escuro aqui dentro. Depois de algum tempo voando. O que parece a eternidade. Saímos em um lugar muito iluminado. Fecho meus olhos a princípio e abro me acostumando a luz. Olho para baixo e vejo um caminho em baixo. Estamos bem alto. O caminho é negro e me pergunto o que faz ele ser assim. Devem ser pedras. Voamos mais um tempo e passamos por um lago enorme escuro e um grande castelo. Sorrio. É lindo. Tem um jardim bem grande nos fundos e uma muralha grande que leva a um pequeno vilarejo. Ele passa pelo vilarejo e desce quando quase entramos em outra floresta. Só que essa parece ser mais normal. Ele pousa e caminha em direção a uma casa. - Drake? - ele me desce finalmente e coloca de joelhos apertando o ferimento. Me apavoro. Me abaixo perto dele. - Eu disse! - ele parece estar suando. Olho para ele e realmente ele tem asas. Lindas e enormes asas brancas.

- Abre a porta Mary... - ele pede com um grunhido. Levanto e abro a porta apressada. Tento fazer ele se apoiar em mim, mas ele caminha sozinho. Entramos e fecho a porta. Dentro da casa é impressionante. Tem uma sala com lareira e as coisas parecem ser feitas de madeira. Tudo. Sofá de madeira com estofado. Balcão, mesas, escadaria... Tudo. Ele começa a subir as escadas e noto que uma das asas está ferida. Ele sobe as escadas com dificuldade e sigo ele tomando cuidado para as penas não me atingirem. Ele tem asas!

Entramos em um cômodo. E creio ser o quarto dele. É lindo. Tudo parece mágico aqui. Ele se senta na cama tirando a capa e começa a se despir.

- Drake!? Não está pensando em ficar nu está?

Pode ir parando bonitão!
Que ousado ele neh

Quero *-*

DRAKE - Saga "Pearl"Onde histórias criam vida. Descubra agora