Constantemente me encontro meditando sobre a admiração do homem pelo fantástico. Apesar de todas as belezas existentes no mundo, nós, seres humanos, temos um desejo inato por algo além do que a mera contemplação de tais belezas. Usando as palavras de C. S. Lewis: "Não queremos a mera contemplação da beleza, embora, Deus o sabe, isso já constitua grande privilégio. O que queremos dificilmente seria dito em palavras — ser integrados à beleza que vemos, queremos ser como ela, tê-la em nós,mergulhar nela, fazer parte dela. Por isso povoamos os ares, a terra e a água de deuses, e ninfas, e gnomos — para que, embora não possamos nós,possam essas projeções gozar a beleza, a graça e o poder de que a natureza é imagem." Dessa forma, ao criarmos seres e elementos fantásticos, de certa forma, nos tornamos parte dessa beleza e assim nos regojizamos ao "suprir" esses anseios.
Um outro aspecto da fantasia me chama a atenção: O escape e o consolo que a fantasia pode nos proporcionar nesse mundo pós-moderno. A fantasia nos permite escapar, não da vida em si, mas do nosso tempo presente e da miséria que nos mesmos criamos. Para usar as palavras de Tolkien, outro gigante da literatura fantástica:
"Mas também existem outros 'escapismos' mais profundos que sempre apareceram nos contos de fadas e nas lendas. Existem outras coisas mais repugnantes e terríveis das quais fugir do que o barulho, o fedor, a crueldade e a extravagância do motor de combustão interna. Existem fome, sede, pobreza, dor,pesar, injustiça, morte. E, mesmo quando os homens não estão enfrentando situações desagradáveis como essas, existem antigas limitações das quais as histórias de fadas oferecem uma espécie de escape, e velhas ambições e desejos (que tocam as próprias raízes da fantasia) aos quais oferecem um tipo de satisfação e consolo. Algumas são fraquezas ou curiosidades perdoáveis, como o desejo de visitar, livre como um peixe, o mar profundo, ou o anseio pelo vôo silencioso, gracioso e econômico do pássaro, esse anseio que o avião burla, exceto em raros momentos, quando visto alto e silencioso graças ao vento e à distância, voltando-se ao sol - isto é, precisamente quando é imaginado e não usado. Existem desejos mais profundos, como o de conversar com outros seres vivos. Sobre esse desejo, tão antigo quanto a Queda, fundamenta-se em larga medida o discurso dos animais e das criaturas nas histórias de fadas, e especialmente a compreensão mágica de sua fala característica. Essa é a raiz, e não a 'confusão' atribuída aos homens do passado não registrado, uma alegada 'ausência do sentimento de separação entrenós e os animais'. Um sentimento vivo dessa separação é muito antigo, mas também uma sensação de que foi um rompimento: um estranho destino e uma culpa repousam sobre nós. Outras criaturas são como outros reinos com que o Homem rompeu relações, e que agora só vê de fora, ao longe, encontrando-se em guerra com eles ou nos termos de um inquietante ar mistício."
Diante dessas e de tantas outras maravilhas as quais a fantasia nos permite desfrutar, eu os convido a ingressar no mundo de Eretz e mergulhar mais uma vez no "Belo Reino". Aqui poderão encontrar todo tipo de raças e criaturas fantásticas, que povoam a tanto tempo o imaginário humano. Aqui encontrarão seres já conhecidos (talvez com uma releitura) e desconhecidos. E espero que possam apreciar essa obra e, assim como eu, desfrutar dos prazeres que só a literatura fantástica pode proporcionar. E não se esqueça de deixar seu voto e comentário.
Nilton Cesar.
Referências citadas: C. S. Lewis - O Peso da Glória; J. R. R. Tolkien - Sobre Histórias de Fadas.
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Crônicas de Eretz: Queda de Reis (Concluído)
FantasyA terrível guerra entre elfos e humanos está aproximando-se de seu fim. De um lado, os malignos e antigos elfos, liderados por Elendor, buscam conquistar o último reino dos homens e expandir ainda mais seus territórios. De outro, os homens, liderad...