Elendor acordou antes dos primeiros raios de sol tocarem a terra. Se vestiu para a guerra, algo incomum, já que geralmente escravos o ajudavam nessa tarefa, mas os elfos haviam optado por não trazer escravos consigo afim de que não retardassem sua marcha. O rei dos elfos saiu da tenda principal do acampamento. Olhou para as muralhas de Vestfold e se deleitou com a cena de carnificina que sua mente projetava: cortar, esmagar, mutilar e destruir era tudo que desejava fazer aos inimigos. Convocou seus generais e lhes disse:
— Chegou a hora. Matem todo ser vivente, saqueiem tudo o que possuírem de valor e não deixem pedra sobre pedra após o fim desse assalto.
— E quanto a algumas prisioneiras para nosso divertimento? – Perguntou Érebo.
Elendor sorriu...
— Vejo que seus desejos estão inflamados meu filho. Sinta-se livre para satisfazê-los, mas não quero ser estorvado por nenhum prisioneiro, use e jogue fora como o lixo que são. Agora organizem suas companhias. Daremos início ao ataque daqui uma hora!
Os generais se retiraram e começaram com os preparativos. Dentro de uma hora as fileiras de élficas se ajuntavam junto ao portão, sitiando Vestfold. Elendor ergueu Machairas Mairo, sua espada mortal, imbuída num brilho negro que enchia de medo o coração dos homens e dos elfos e com um gesto ordenou o ataque. As tropas avançaram ordenadamente para o portão ao som das sinistras trompas de guerra élficas. As primeiras companhias levantaram as escadas preparadas na noite anterior para subirem nas muralhas, as companhias seguintes traziam consigo um enorme Aríete de bronze para arrombarem o portão enquanto eram protegidas pelas tropas a sua volta e na retaguarda.
Os homens acordaram assustados com o som do aríete se chocando nos portões, mas não precisou de muito para que se dessem conta do que estava acontecendo. Rapidamente, começaram a vestir para a guerra. Os mais rápidos se dirigiram para a muralha e soaram o alarme interno a fim de que todos fossem aos seus postos.
Erick, escudeiro do rei, chegou apressadamente nos aposentos de Thurgon, trazia consigo as peças da armadura de seu soberano.
— Senhor os elfos iniciaram o ataque. Já posicionaram as escadas nas muralhas e estão usando um aríete para arrombar o portão. Em breve estarão aqui. O que faremos?
— O quê? Erick, o que está fazendo aqui? – Thurgon se virou para o escudeiro assustado.
— Bem, eu troquei de lugar com John, eu não tenho família, fui escolhido para acompanhar os refugiados apenas pela idade. John, apesar de também ser órfão, se casou a pouco tempo e não é tão mais velho que eu...
Thurgon olhava perplexo para o escudeiro. Caminhou em direção ao rapaz e o segurou pelos ombros com força.
— Tem noção da gravidade da escolha que fez meu rapaz? Sabe o que nos aguarda?
— Sim meu senhor... por isso mesmo decidi ficar.
Thurgon se afastou e o olhou, confuso.
— Meu rei, o senhor é o mais próximo que tive de ter uma família. Não pude simplesmente o abandonar. Sem falar que sou um guerreiro melhor do que John, serei mais útil que ele. Também quero proteger nosso povo! Eu não tenho nada, ninguém, mas posso proteger aqueles que tem. Por isso decidi ficar.
— Uma decisão nobre. – Thurgon respondeu depois de alguns instantes encarando o escudeiro. Novamente levou as mãos aos ombros do rapaz, dessa vez com mais brandura. — Uma decisão nobre... lamento não ter tido tempo para arma-lo cavaleiro Erick, certamente você já tem tudo o que é necessário para isso, na verdade já é um, só lhe falta o título... — O rei se afastou novamente.
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Crônicas de Eretz: Queda de Reis (Concluído)
FantasíaA terrível guerra entre elfos e humanos está aproximando-se de seu fim. De um lado, os malignos e antigos elfos, liderados por Elendor, buscam conquistar o último reino dos homens e expandir ainda mais seus territórios. De outro, os homens, liderad...