Capítulo VI - Riscos

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    E seus homens mataram. Se lançaram cheios de fúria e com um vigor renovado sobre os elfos, que ainda estavam em choque ao ver seu general morrer, e assim como ele, todos foram trucidados pelas lâminas vingativas dos homens.

    Na ala esquerda Aeldred e seus guerreiros ainda lutavam contra as forças humanas quando os elfos que fugiam da ala direita chegaram. Atacaram a retaguarda de uma das forças humanas que lutavam separadas uma da outra pelas tropas comandadas por Aeldred. Os homens foram pegos de surpresa e atacados pelos dois lados pereceram rapidamente.

— De onde vocês vieram? – perguntou Aeldred aos elfos que surgiram inesperadamente.

— Éramos das tropas do general Aengor senhor, mas corremos para nos juntar ao senhor quando nossa ala foi derrotada. – respondeu um dos soldados.

— O quê? A ala direita caiu? O que aconteceu a Aengor?

— Sim, meu senhor, a cavalaria dos homens nos atacou e em seguida sua infantaria reforçou o ataque. O general Aengor está morto senhor. Derrotado pelo próprio príncipe dos homens.

    "Maldição! Logo o restante das forças humanas se reagrupará e cairá sobre nós. Maldito Aengor! Tenho que acabar aqui rápido. Onde estará o príncipe Érebo? "

— Vamos lidar com os inimigos que temos aqui primeiro. Escutem! Aengor e seus guerreiros caíram, e se nós não acabarmos com a batalha aqui rapidamente o resto das forças dos homens virá para cá e nós o acompanharemos à sepultura. Então matem! – Disse Aeldred alto o suficiente para que seus soldados o ouvissem enquanto se virava para enfrentar a outra parte das forças humanas que lhes fazia frente.

    Engrossadas pelos guerreiros de Aengor, as tropas de Aeldred se lançaram contra o inimigo. Os elfos da linha de frente empurravam violentamente osescudos contra a linha inimiga enquanto os elfos da segunda linha atacavam porcima das cabeças de seus companheiros. Fortemente pressionados pelas forças élficas, os homens não resistiram muito tempo e sua parede de escudos se rompeu e eles fugiram, correndo o na maior velocidade em que suas armaduras e feridas lhes permitiam. Aeldred ordenou a seus soldados que não perseguissem os inimigos. Uma nota alta soou novamente, a mesma nota que Aeldred havia escutado minutos antes. A nota que havia prenunciado a morte de Aengor, e que também prenunciaria a sua, caso não desse um jeito de escapar.

    O general olhou rapidamente para trás, em direção ao lugar onde havia estado a ala direita do exército élfico e viu que os homens tinham se reagrupado e marchavam em sua direção. Viu os cavaleiros que galopavam em sua direção com o estandarte do príncipe Argon e tomou sua decisão, decisão que golpeou tão forte como poucas armas poderiam fazê-lo. Uma decisão que feria o orgulho.

— Bater em retirada! Recuem! Recuem! – gritava Aeldred a seus guerreiros enquanto corria o mais rápido que suas pernas o permitiam.

    Os elfos corriam depressa e talvez até escapassem da infantaria inimiga, mas não dos cavalos. Agora eram muito poucos, não mais de cinquenta, mas aqueles cinquenta cavaleiros poderiam causar um estrago terrível atacando os fugitivos pelas costas, abatendo-os um a um. "Maldição. Tenho que lidar com esses cavaleiros. Se não me livrar deles as coisas vão ficar muito mais difíceis. " Aeldred olhou por cima do ombro e viu que a cavalaria inimiga já estava bem próxima, e a distância diminuía a cada momento.

— Parem! Formem uma parede de escudos! Vamos dar um jeito nesses cavalos. – bradou o general enquanto se virava e erguia o escudo. – logo os outros elfos interromperam a corrida e foram juntar-se ao general na formação da parede de escudos.

    Mas os elfos não foram rápidos o suficiente e a cavalaria humana se chocou contra eles antes que sua formação estivesse totalmente organizada. Sedentos pelo sangue de seus tão odiados inimigos, os homens manusearam suas espadas e lanças com uma eficiência mortal e causaram grandes baixas aos elfos antes que estes pudessem os envolver. Quando os elfos finalmente envolveram o inimigo a maré virou a seu favor e seus números muito superiores fizeram a diferença.

— Matem-nos! Matem antes que a infantaria chegue! – berrava Aeldred enquanto puxava um cavaleiro da cela e enterrava a espada na garganta do homem.

    O príncipe Argon, mais uma vez, estava entre os cavaleiros e outra vez durante aquele embate sangrento se viu cercado por um mar de inimigos. Um elfo impeliu uma lança contra seu cavalo, a arma passou entre as pernas do animal e encontrou seu ventre. O cavalo empinou, relinchando e escoiceando o ar com as patas dianteiras enquanto seu sangue cobria o chão. Argon saltou da sela antes que sua montaria tombasse sobre ele e, antes mesmo do inimigo desenterrar a lança da carne do garanhão, a espada do príncipe separou a cabeça de seus ombros.

— Aguentem! Logo nossa infantaria logo chegará e acabaremos com esses desgraçados. – gritava Argon enquanto bloqueava um golpe vindo da esquerda e estocava a garganta do inimigo a sua direita.

    Argon viu Aeldred entre os guerreiros élficos e reconhecendo-o, se pôs a abrir um caminho sangrento até o general inimigo. Apesar do aperto do combate alguns dos cavaleiros, agora já sem suas montarias que jaziam mortas ou agonizantes no meio de seus inimigos, conseguiram se juntar ao príncipe. Os guerreiros que não conseguiram se reunir com seus companheiros pereciam um a um sob as lâminas élficas apesar de sua valentia. Vendo a infantaria inimiga se aproximando cada vez mais, muitos dos elfos haviam abandonado o combate contra a cavalaria humana e fugiam desesperados por suas vidas.

    Aos berros e insultos Aeldred era empurrado e forçado a recuar por seus guerreiros, que insistiam para que o general recuasse. Naquela altura do combate só restavam vivos quatro cavaleiros e o príncipe Argon, mas os elfos estavam dispostos a poupar a vida daqueles inimigos com o fim de salvar as suas próprias já que a infantaria humana estava a menos de quinhentos passos de si. Foi quando o orgulho já ferido de Aeldred recebeu um novo golpe.

— Aeldred seu covarde! Fique e me enfrente. Ao menos seu amigo que matei teve coragem suficiente para isso e apesar de ter pago com a vida por essa coragem ele morreu com alguma dignidade. Mas você entrará para a história como o elfo que fugiu diante do príncipe dos homens. Aeldred o covarde! Assim a história se lembrará de você!

Aquela provocação foi demais para o elfo aguentar.

    Aeldred empurrou os elfos que tentavam o carregar para longe e caminhou em direção ao desafiante. Alguns de seus soldados tentavam o impedir, mas ele apenas os ignorava ou quando tentavam agarra-lo, os repelia com um movimento de sua espada.

— Tem certeza, meu príncipe e senhor? O senhor está ferido e cansado. – perguntou um dos homens ao ouvido de Argon.

    Argon olhou para o companheiro e sorriu enquanto erguia o escudo na direção do rosto do homem para que pudesse ver o próprio reflexo.

— Diga-me Malcon, qual de nós não está? Não se preocupe. Acho que posso suportar mais um pouco, só temos de ganhar um pouco de tempo. – o príncipe abaixou o tom da voz e apontou para os inimigos que haviam parado acerca de quatrocentos passos – veja, eles pararam para ver seu general combater. Só temos de ganhar algum tempo para que nossa infantaria chegue. Assim que o duelo terminar, independente de quem seja o vencedor, cairemos sobre eles e mataremos a todos.

— Mas, meu senhor, isso pode muito bem custar a sua vida. – insistiu Malcon, olhando para o inimigo que já estava a poucos passos de distância.

— Talvez, mas é um risco que tenho de correr. Já sabe o que deve fazer meu amigo. – O príncipe sorriu e se virou para encarar o inimigo.

Crônicas de Eretz: Queda de Reis (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora