Capítulo XXVIII - Última batalha Parte II

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    Elendor ainda não tinha se juntado ao combate, apenas contemplava a última cidade do último reino dos homens, do reino de Thurgon, que foi quem lhe apresentara a resistência mais feroz. Deleitava-se com a destruição que começava, e mais ainda ao imaginar como tudo estaria no fim daquela batalha quando foi surpreendido por um homem, já ferido, avançando em sua direção com espada em punho, ao ver tal cena Elendor riu consigo mesmo. Em um movimento já havia decepado a cabeça de seu atacante e, voltando seus olhos para a batalha pôde ver o anel humano em meio ao pátio, resistindo a seus guerreiros. Em outros lugares também havia batalha e homens e elfos perdiam suas vidas em um combate cheio de fúria e carnificina.

    Thurgon, Erick, os membros da guarda real e um pequeno grupo de guerreiros que os acompanhavam, avançavam entre às fileiras de elfos junto ao lado leste da muralha. O rei era homem de meia idade, porém conservava muito de seu vigor e força da juventude, e naquele início de combate sua contagem de mortos ultrapassava uma dezena, seu escudeiro e guarda real que o acompanhavam não eram menos temíveis e cada um deles já havia matado ao menos quatro inimigos.

    Chegando ao pátio, Érebo dirigiu seu olhar ao leste e logo avistou o rei em sua majestade guerreira, reluzente em sua armadura de prata salpicada com o sangue de seus inimigos. Confirmou uma antiga suspeita que tinha quanto ao rei dos homens; ele era um adversário poderoso. Érebo desejou ele mesmo ceifar a vida daquele homem, mas calculando o quão forte Thurgon poderia ser, colocou freio em suas vontades, não por ter diante de seus olhos um inimigo que não pudesse derrotar, algo que nunca encontrou em sua vida, mas viu ali uma oportunidade de ouro para um plano que já traçava há tempos em sua mente e coração malignos. Desviou sua atenção para o oeste e se dirigiu ao combate que era travado por lá, não antes de, erguendo sua lâmina, emitir um feitiço luminoso em cores verdes que atraíram as atenções de muitos combatentes. Um desses foi Elendor, que mesmo estando longe, ao olhar para a direção em que a luz apontava pôde distinguir a figura de Thurgon, e seu coração se encheu de ódio e desejo de morte. Arremeteu com fúria na direção daquele grupo de guerreiros, ceifando as vidas de homens e elfos que entravam em seu caminho, enquanto a batalha ardia ao seu redor.

    Dos guerreiros que acompanhavam Thurgon, sobravam apenas seu escudeiro e a guarda real. Haviam acabado de rechaçar um grupo de elfos que arremeteu contra eles e outro grupo com outros vinte elfos caminhava em direção aos homens, que entraram em formação defensiva novamente; se agruparam com o rei no centro da formação, Bern se posicionou a direita do rei enquanto Edgar ia para a esquerda, Luigi e Djalma assumiram a ponta esquerda e direita da posição respectivamente, enquanto os demais guerreiros se posicionavam atrás de seus companheiros. Os homens ergueram seus escudos bem a tempo de conter a investida élfica que, desordenada, se lançou contra eles.

    Os elfos, arrogantes que eram, não julgaram que um grupo de onze homens seria capaz de os derrotar e continuaram seu avanço em direção à pequena parede de escudos inimiga, mas foram recebidos por pontas de lanças afiadas e se chocaram contra homens tão firmes quanto rochas. Um elfo pereceu com a ponta da lança de Bern atravessando sua garganta, outro teve a armadura, malha e abdome perfurados pela lança de Thurgon. Um dos elfos conseguiu se desviar da lança de Luigi e atacou com sua espada visando atingir a face do rei, mas Erick que estava atrás de seu senhor o protegeu com seu escudo e Djalma, à esquerda do escudeiro, cravou sua lança no peito do elfo, que tombou sem vida.

    Ao verem que sua investida foi facilmente rechaçada, os elfos recuaram alguns passos, finalmente percebendo que aqueles inimigos não seriam derrotados tão facilmente. Investiram novamente, dessa vez de maneira ordenada. Um elfo impeliu a espada na direção de Djalma, visando atingi-lo na região da cintura. O homem abaixou o escudo, bloqueando o golpe, mas quando o fez, um segundo elfo aproveitou-se da brecha e o atacou. Roger, que estava atrás de Djalma, repeliu o ataque com seu escudo e Djalma aproveitou a oportunidade para enterrar a lança no peito de seu agressor. A arma atingiu o elfo na região as costelas, penetrou a armadura, rompeu os ossos e se cravou nos órgãos internos, ficando presa. Djalma deixou-a enterrada no corpo do inimigo e sacou do ombro sua espada.

Crônicas de Eretz: Queda de Reis (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora