Thurgon acordou com os primeiros raios de sol do dia que entravam por uma abertura na janela e lhe aqueciam a face. Lembrava-se vividamente do sonho e das palavras de Tsaba'oh, sentia-se revigorado, as forças estavam restabelecidas e o coração estava mais tranquilo em seu peito. A primeira coisa que fez foi ir ao quarto de Talon, que ainda dormia profundamente. O rei beijou a testa do filho e o deixou dormindo. Se dirigiu ao salão principal, onde grande parte da criadagem já exercia suas atividades rotineiras.
O rei chamou um serviçal e ordenou que seu desjejum lhe fosse servido em seu quarto. Caminhou pelo salão dando algumas ordens, acabou por perder mais tempo do que desejava no processo, o rei era um homem bem-amado e ao vê-lo os serviçais acabavam por se demorar em saudações e cumprimentos cheios de afeto, a última das ordens de Thurgon foi para que chamassem a Erick e que o dissessem para comparecer em seus aposentos dentro de uma hora.
Depois de dar as ordens que tinha de dar o rei se dirigiu às salas de banho do bailey interno, caminhou pelo corredor em direção a sala mais ao fundo, reservada para si. Durante a caminhada Thurgon observava as portas trabalhadas em madeira de mogno, percebia pelo barulho de água caindo, que algumas delas já estavam sendo utilizadas para higienização dos servos. O rei tinha orgulho das condições de saneamento de Mannheim, as salas de banho existiam em todas as cidades do reino para que não apenas o rei e sua criadagem, mas todo o povo pudesse ter uma higiene adequada. Ao pensar nisso, o coração de Thurgon foi aguilhoado pela tristeza, pois nem as casas de banho, nem as outras cidades do reino existiam mais. Obrigou-se a pensar em outra coisa.
Finalmente alcançou a sala reservada para si. Abriu a maçaneta de bronze, esculpida em formato da cabeça de um grifo e logo fechou a porta atrás de si. O rei se despiu, deixando as vestes em um cabideiro próximo à entrada. Deu mais alguns passos em direção ao fundo da sala e se posicionou em baixo de uma comporta que se projetava em uma protuberância a um palmo da parede. O rei virou uma chave instalada na parede lateral e a comporta se abriu, deixando que as águas, conduzidas pelos aquedutos de Mannheim, caíssem sobre seu corpo. Thurgon demorou apenas alguns minutos em seu banho. Logo que terminou se dirigiu novamente a seus aposentos.
Chegou ao quarto antes mesmo de fazer uma hora que o sol brilhava no céu. O desjejum já estava o esperando. Thurgon tomou seu lugar a mesa e se pôs a fazer a primeira refeição do dia, que consistia em pão, queijo, ovos e leite. Minutos após o rei terminar a refeição Erick chegou à porta dos aposentos.
— Entre rapaz, temos de conversar.
— Meu rei, antes de tudo queria apresentar minhas condolências por Argon, o príncipe era um grande homem, digno da linhagem da qual provinha, sua memória jamais perecerá entre nosso povo.
— Obrigado, Erick, suas palavras dão algum consolo ao meu coração – Thurgon se comoveu com as palavras do escudeiro, que o fizeram pensar sobre a maneira como o filho seria lembrado, mas não se permitiu pensar demais no assunto – Mas por hora não há tempo para falarmos dessas coisas. Vejo que esteve com os homens que voltaram de Vinnfold. Diga-me, como eles estão? Hoje ainda pretendo vê-los.
— Bem, contando com vossa alteza, foram quinhentos e noventa guerreiros a retornar de Vinnfold, desses, dois morreram de ontem para hoje. Os demais, apesar de terem suas feridas, sobreviverão.
— É bom saber disso, temia que ainda mais homens perecessem.
— Quanto a isso, o rei pode ficar tranquilo, a maioria deles já está em ótimas condições.
— Excelente... Erick, quero que faça uma coisa por mim...
— Claro meu rei, basta dizer.
— Quero que percorra toda Vestfold, chame quantas pessoas achar necessárias para essa tarefa, leve minha ordem ao povo, a todo o povo de Vestfold, diga-lhes que eu os convoquei à praça do rei. Uma hora depois do meio dia todo o povo deve estar reunido para ouvir o que tenho a lhes dizer.
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Crônicas de Eretz: Queda de Reis (Concluído)
FantasyA terrível guerra entre elfos e humanos está aproximando-se de seu fim. De um lado, os malignos e antigos elfos, liderados por Elendor, buscam conquistar o último reino dos homens e expandir ainda mais seus territórios. De outro, os homens, liderad...