Os generais se separaram e assumiram suas posições. Cada um em uma extremidade das linhas élficas. Aengor colocou seu elmo banhado a prata e tomou sua lança e escudo, não antes de levar a mão à cintura e sentir o pomo familiar das duas espadas que trazia junto ao quadril; assumindo seu lugar na linha de frente. Não era comum que os generais élficos lutassem em tal posição, já que geralmente eram eles a comandarem os exércitos nas guerras e não o próprio rei, de modo que preferiam que outros oficiais fizessem seu trabalho na frente de batalha. Mas com o rei em pessoa no comando, os generais tinham de mostrar seu lavor e que não era imerecido o posto que ocupavam.
O exército inimigo estava a cerca de seiscentos passos de distância, fazendo o que os exércitos humanos sempre faziam antes de um combate: Batiam suas armas nos escudos criando um som inquietante. Era uma espécie de ritual para os humanos, e eles não avançavam para o combate enquanto não o realizassem. O general inspirou, olhou à sua esquerda. Notou que as tropas de Aeldred estavam prontas e deu sua ordem:
— Avancem!
Os soldados élficos avançaram no mesmo ritmo, avançando lenta, porém inexoravelmente. Aengor olhou uma última vez à sua esquerda para se certificar que as tropas daquela ala também se moviam. Para seu alivio Aeldred também dera a ordem, já que as forças da esquerda se movimentavam. O general voltou seu olhar para frente, concentrado no inimigo que tinha diante de si. Agora os homens também avançavam em sua direção, do mesmo modo que os elfos: Escudos sobrepostos e lanças projetadas à frente. Aengor notou que eles vinham em um passo mais rápido e aceleravam gradativamente. "Tolos". Pensou.
— Mantenham o ritmo! Deixem que se joguem nas pontas de nossas lanças! – Gritou a seus soldados.
No momento em que Aengor bradou suas ordens os homens pararam seu avanço repentinamente a duzentos passos das forças élficas.
— Vejam! Parece que perderam a coragem de nos enfrentar. – Falou um dos elfos da linha da frente, e logo todos os elfos começaram a zombar de seus inimigos que por sua vez começaram a recuar lentamente. Os elfos perceberam a movimentação e se convenceram de que os inimigos estavam prestes a fugir e avançaram. Aengor gritou para que seus guerreiros mantivessem suas posições, mas no tumulto que se formou sob os gritos, tilintar das armas e passos dos combatentes somente aqueles mais próximos para ouvir a voz do general obedeceram.
Os elfos correram em velocidade para atingir os inimigos, mas quando os homens já estavam praticamente sob o alcance de suas armas uma voz humana bradou uma ordem que foi seguida de um longo toque de trombeta. Os homens que até então recuavam fincaram os pés no chão como se fossem estacas e ergueram os escudos e lanças enquanto formavam novamente sua parede de escudos. Quando os elfos perceberam a armadilha já era tarde demais para conter o avanço e boa parte dos guerreiros da primeira linha da ala direita pereceram nas lanças vingativas dos homens.
Aengor vociferava insultos e ordens aos seus guerreiros enquanto os primeiros instantes do combate se desenrolavam. Os elfos que escaparam das lanças inimigas recuaram para se juntar novamente a formação que era pressionada pelos atacantes. Os homens passaram por cima dos corpos dos primeiros elfos e foram de encontro aos guerreiros de Aengor. Os homens atiraram suas lanças enquanto avançavam; os elfos ergueram os escudos para se proteger e logo em seguida atiraram as suas próprias, a lança de Aengor acertou a boca de um homem que vinha correndo e atravessou-lhe o crânio. Naquela etapa do combate as lanças atrapalhariam mais que ajudariam, até mesmo uma espada seria se difícil manuseio no abraço apertado das paredes de escudo. Por isso elfos e homens tiraram suas espadas curtas das bainhas. E então houve o estrondo dos escudos se chocando.
Um golpe retumbante acertou a bossa de ferro do escudo de Aengor amassando-a, em contrapartida o general elfo impeliu sua espada curta contra seu agressor fazendo a lâmina perfurar a cota de malha e romper a camada de músculos até atingir os pontos vitais. O elfo empurrou com o escudo e torceu a espada para que ela não ficasse presa nas entranhas do inimigo, uma lança foi atirada de uma das fileiras de trás e cravou sua ponta na coxa de um homem. Com a dor do golpe ele vacilou por um momento e abaixou o escudo. Foi o suficiente para que um elfo brandisse sua espada e abrisse a garganta do homem. Outro golpe atingiu o escudo do general, com força suficiente para incliná-lo de lado, mas o escudo do soldado a esquerda de Aengor estava lá e ajudou a firmar o escudo do general que estocou novamente. A lâmina encontrou a madeira de tília do escudo do inimigo sem surtir algum efeito.
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Crônicas de Eretz: Queda de Reis (Concluído)
FantasíaA terrível guerra entre elfos e humanos está aproximando-se de seu fim. De um lado, os malignos e antigos elfos, liderados por Elendor, buscam conquistar o último reino dos homens e expandir ainda mais seus territórios. De outro, os homens, liderad...