Capítulo XXI - Os Elfos se preparam Para Marchar Contra Vestfold

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    Elendor esperava impaciente a chegada de seus generais para a reunião do conselho. Tinha se alojado na maior casa que restou próxima à praça principal de Vinnfold após o saque e destruição de boa parte da cidade. Estava assentado numa cadeira esculpida em madeira de carvalho banhada a ouro, junto a uma grande mesa circular que fora colocada ao centro da sala. O rei dos elfos olhava para os quatro assentos vazios e tamborilava os dedos sobre a superfície da mesa quando Érebo e os demais generais chegaram. Abriram caminho entre os guardas postados à porta e após uma reverência ao rei tomaram seus lugares.

— E então, as tropas estão prontas? Quantos soldados poderemos levar? E espero que não me façam esperar por mais um dia, hoje já é o quinto dia desde a batalha.

— Meu senhor, ainda hoje nossas forças estarão prontas para a marcha caso essa seja tua vontade – Érebo tomou a palavra – Mas poderemos contar com um número bem reduzido de soldados.

— E esse número reduzido seria? – Inquiriu o rei.

— Dois mil.

— O quê? Dois mil? Trouxemos seis mil elfos para o combate e depois você se juntou a nós com outros mil, como temos somente dois mil elfos para o próximo combate?! Não vá me dizer que os humanos mataram ou incapacitaram cinco mil elfos! – A ira exalava em cada palavra de Elendor.

    Aeldred, Gilgalion e Galahir se entreolharam, os generais se encolheram levemente em seus assentos diante do furor do rei. Estavam apreensivos com a situação, Érebo, que permanecia imperturbável, continuou:

— É verdade que dispomos de um número maior de soldados, mas me pergunto, deveremos deixar nossos feridos aqui sem nenhuma proteção?

— E quanto às bruxas? Elas seriam de uma ajuda inestimável no combate. – Questionou Gilgalion.

    No momento em que Gilgalion se pronunciou Érebo olhou sutilmente para Aeldred, que entendeu o recado e tomou a palavra:

— Creio que devemos deixar as bruxas aqui, vejam bem, por mais que elas nos sejam úteis para fins bélicos, as bruxas são também as curandeiras do exército. Sejamos mais exatos com os números: Perdemos dois mil soldados no combate, outros dois mil e trezentos estão feridos, se levarmos as bruxas conosco, poucos desses dois mil e trezentos sobreviverão.

    Elendor levou a mão ao queixo, pensativo. Galahir e Gilgalion se entreolharam, também refletindo sobre as palavras do companheiro. Érebo permaneceu inalterável. Como ninguém se pronunciou, Aeldred prosseguiu:

— Pensem bem, se levarmos as bruxas conosco terá sido em vão termos socorrido nossos irmãos, se fosse para lava-las conosco e deixá-los morrer, teria sido melhor termos perseguido Thurgon e os homens ao fim do combate.

— De fato, o que Aeldred diz tem sentido – Gilgalion se pronunciou novamente – Na ocasião eu fui a favor de persegui-los, mas já que não o fizemos justamente para socorrer nossos camaradas, não faz sentido os abandonarmos agora. Teria sido tudo em vão.

— É verdade – Concordou Galahir.

Elendor se manteve pensativo por mais alguns instantes antes de tomar a palavra.

— E você Érebo, o que pensa sobre isso?

— Não vem ao caso o que penso meu rei, sou minoria neste conselho já que temos três opiniões concordantes. Agora só resta sabermos da única opinião que verdadeiramente é importante, a tua.

    Elendor sorriu levemente, seu ego adorava ser massageado e Érebo sabia fazer aquilo como ninguém.

— Muito bem então, há bom senso nas palavras de Aeldred. Não seria racional termos feito o que fizemos pelos nossos feridos para, agora, os deixarmos para morrer sem o cuidado das bruxas. Que todas elas fiquem então! Mas se ainda sei contar, nossas bruxas somam apenas duas centenas e ainda sobram dois mil e quinhentos aos nossos números.

— Sim meu rei, são esses quinhentos que proponho deixarmos aqui, como guarnição. – Érebo falou novamente.

— Quinhentos? – Elendor estava pensativo, tinha dúvidas quanto a necessidade de tal número.

— Meu rei, temos de lembrar que por mais que nossas baixas tenham sido severas, as dos homens também o foram, na verdade foram piores. Duvido que tenham sobrevivido à batalha um número maior que quinhentos combatentes, e ainda que Thurgon tenha deixado uma guarnição em Vestfold, como certamente deixou, seus números serão menos da metade dos nossos. Esses dois mil que levaremos, serão a nata do exército élfico, o que há de melhor entre os nossos, certamente são mais que o suficiente para dar cabo dos homens.

    Elendor mais uma vez se manteve em silêncio, refletindo por longos segundos sobre a situação. Olhou para os demais generais que também meditavam nas palavras do príncipe. Um a um os elfos abaixaram suas cabeças em sinal de concordância com os argumentos de Érebo. Por fim Elendor tomou sua decisão:

— Muito bem. Marcharemos contra Vestfold com dois mil elfos, a elite de nosso exército. Partiremos ainda hoje. Aprontem tudo, não me permitirei esperar mais que duas horas.


NOTA DO AUTOR:

Sim foi um capítulo bem curto eu sei, mas acho que tenho um desconto já que os últimos tiveram uma média de duas mil palavras não é? Haha. Foi curto, mas era necessário para o desenrolar da história. Garanto que o próximo será maior.

Crônicas de Eretz: Queda de Reis (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora