Capítulo XXX - Ascensão

16 2 23
                                    

    Elendor e seu exército continuaram a longa caminhada em direção ao palácio. O rei élfico olhava com orgulho para as largas estradas de granito de Svartálfar, com seu alinhamento e nivelamento perfeito, olhava para a imensidão das construções que se estendiam no horizonte, casas e mais casas todas construídas com o mármore mais branco da terra, uma mais grandiosa que a outra, para os magníficos templos dos deuses cultuados pelos elfos, templos três vezes maiores que aqueles encontrados em Mannheim, e para a multidão que, percebendo o retorno de seu soberano, começava a se aglomerar para vê-lo em sua glória conquistadora. " Nem mesmo a joia das civilizações humanas pôde rivalizar com meu reino. Svartálfar, belíssima! Hoje a capital dos elfos, amanhã a capital do mundo! " O exército élfico seguiu sem interrupções ou contratempos por parte do povo, que acostumado com aquela cena, logo passou a se dirigir em direção ao grande pátio situado aos pés de uma enorme sacada no palácio do rei, local onde Elendor falava ao povo após suas conquistas.

    Chegando próximo aos portões externos de seu palácio, Elendor despediu o exército para o quartel, deixando Aeldred e Gilgalion responsáveis pelos demais afazeres. O rei cavalgou direção aos portões de acesso ao palácio e logo foi recebido pelos guardas que abriram o portão e deram passagem a seu soberano. Dois escravos humanos, supervisionados por um serviçal elfo, correram ao encontro de Elendor para tomar as rédeas de Sleipr e conduzi-lo aos estábulos reais, Elendor desmontou e deixou que os escravos levassem sua montaria, dispensou outros serviçais que se aproximaram para oferecer seus trabalhos e caminhou silenciosamente até os portões do palácio, que se abriram logo que o rei se aproximou. Elendor caminhou pelas galerias cujo piso era forrado por marfim, o elfo andava devagar e mancava levemente. Tomou o caminho que conduzia à sacada onde proferia seus discursos.

    Elendor subiu pela escadaria de mármore sem pressa alguma, a cada degrau o elfo se relembrava de uma conquista diferente e, quando finalmente, passou pelo último degrau lembrando-se da conquista de Mannheim, o coração do rei estava cheio de orgulho. Se posicionou na sacada, as mãos apoiadas no parapeito revestido de prata, e olhou para a multidão que o olhava de baixo, ansiosa por ouvir suas palavras.

— Meus servos, hoje retorno de mais uma grande campanha. Os homens foram todos aniquilados e não restou pedra sobre pedra daquilo que outrora foi o reino de Thurgon, cujo qual eu mesmo despedi desse mundo! – A multidão se alvoroçou, comemorando as palavras de Elendor, mas logo foram silenciados por um gesto da mão de seu rei que prosseguiu – agora não há em todo Leste um perímetro de terra que eu não diga é meu. E logo todo esse mundo se chamara pelo meu nome. Meu maior opositor caiu e eu me levanto como senhor soberano dessas terras, quem poderá desafiar a minha grandeza?....

— Eu o desafiarei! – Alguém gritou dentre a multidão, interrompendo Elendor.

— Seu reinado já acabou! E você se tornou um fraco tanto na força de seus braços como de seu coração! Agora, pois siga as regras dos elfos, se é ainda se pode se achar algo digno de elfo em ti e aceite meu desafio ao teu reinado, que amanhã mesmo irá terminar!

    Fez-se um silencio absoluto, Elendor nunca havia sido desafiado em todo seu reinado ainda mais com palavras petulantes, ditas diante de todo seu povo. E algo fez com que a surpresa de todos fosse ainda maior, pois quem pronunciou tais palavras não fora ninguém menos que o próprio príncipe. Elendor não podia acreditar em seus olhos e ouvidos, o próprio filho lhe insultara e escarnecera dele em seu momento de glória perante seu povo, e ainda o diante de toda aquela multidão. O elfo encheu-se de ódio como nunca antes, e retrucou, em tom de zombaria:

— Ora, parece que a loucura dos homens se apossou de você meu filho. Está interessado em morrer? Muito bem, nunca houve perdão nem clemência para alguém que insultasse o rei, e não será diferente mesmo que meu próprio filho o faça! Seguiremos os costumes e amanhã colocarei empalado nessa praça o corpo daquele que traiu e insultou seu rei e pai. Que comecem os preparativos para o duelo! – Dizendo tais palavras Elendor se retirou da sacada palácio adentro com o sangue fervendo em suas veias. No pátio, todos olhavam chocados para Érebo, mesmo para os padrões asquerosos dos elfos sua atitude fora um excesso. O príncipe caminhando lentamente, sem se importar com a multidão que o encarava. Elendor se retirou. Foi encontrar-se com sua esposa, a maior bruxa que já tinha vivido entre todos os elfos, dirigiu-se aos aposentos da rainha e deu ordens para que não fossem incomodados.

Crônicas de Eretz: Queda de Reis (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora