Contorno.

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As bochechas dela estavam coradas. E ela não conseguia olhar nos olhos dele. Mas ela era tão fofa e meiga que tudo o que ele queria era deixá-la à vontade.

- tudo bem com você?- ele perguntou. 

- sim...- ela suspirou depois da resposta. - eu só estou...

-...nervosa?- ele completou.Ela sorriu.

- uh rrum..

Ele se esticou na cadeira, cruzou os braços e, depois de um suspiro charmoso, falou:

- está tudo bem. Sabe, eu também fiquei nervoso no  meu primeiro encontro.- Aquilo fez ela relaxar.

- sério? com quem foi?-

Ela tinha engulido a isca! Falar de outra pessoa com certeza iria deixá-la menos nervosa. Aquele acerto agradou Augusto.

- foi a muuuuito tempo...

A lanchonete estava quase fazia. E já passava das 6:00hrs quando eles terminaram de conversar. Depois, ele fez questão de levá-la para casa.

- tudo bem . Posso não parecer mas sou um cavalheiro.- brincou ele. A moto dele estava na oficina, então ele estava ali de carro. O carro do pai. Mas o que ele não sabia era que tudo o que Clara queria era andar na garupa da moto dele. 

- um dia você me leva nela?- 

Ele mexeu as sobrancelhas,algo que fazia quando era pego de surpresa, e respondeu:

- tem minha palavra.-

Ao se aproximarem da casa dela, Clara avistou Luísa, batendo na porta de sua casa.

- Ah, meu Deus!-  exclamou Clara. Ela saiu do carro às pressas. 

- Luísa, o que foi?- 

Luísa pareceu surpresa ao ver a amiga do lado de fora de sua casa. Ao olhar para a direção de onde ela viera, avistou um cara no volante. Já estava escuro e por isso ela não conseguiu distinguir quem era.Ela semicerrou os olhos para vê-lo.

- quem é aquele, Clara?- 

Clara se aproximou. Mais preocupada com a aparência e o estado da amiga do que com a pergunta dela.

- O que aconteceu?-

Luísa estava ofegante. Estava com os cabelos desgrenhados e os olhos vermelhos. Ela parecia ter chorado.Ela enxugou os olhos, dando-se conta de que a amiga, Clara, estava ocupada. 

- desculpa, eu volto outra hora...- ela virou-se para ir embora, mas a amiga a segurou pelo braço.

- ei, calma. Está tudo bem. O que houve? o que aquela bruxa fez dessa vez?- 

Luísa, ao ouvi-la, caiu aos prantos, abraçando a amiga. Elas estavam em frente a casa, estava escuro, elas precisavam entrar. E elas iriam mas Clara se lembrou de Augusto no carro, que as observava atentamente. Clara pediu um minuto para a amiga e foi até ele.

- sinto muito mas preciso ir.- 

Ele balançou a cabeça,entendendo.

- Algo de sério com a moça?-

- mais ou menos, a madrasta dela... bom...tenho que ir.-

- tudo bem- ele sorriu.

Ele ligou o carro, preste a partir, quando deu uma última olhada para Clara e outra para a loirinha, a quem descobriu se chamar Luísa. 

O carro se movimentou, se distanciando do local, mas o som de uma voz alterada o fez olhar para trás. Luísa, a loirinha, estava gritando para um homenzarrão. Por reação, Augusto parou o carro e foi até a dupla, onde Clara se encontrava entre.

- Eu não vou com você!- gritou ela mais uma vez.

- Luísa- advertiu a amiga, a segurando pelos ombros- você tem que ir.-

Luísa a olhou com descrença. - mas eu não quero ir!- gritou ela. Ela sabia que Clara na verdade  queria que ela ficasse. Se aquele homem não estivesse ali, ela com certeza deixaria a  dormir com ela, mas Clara era medrosa demais. Não podia ver um adulto falar alto que já se encolhia de medo. Mas ela,não. Ela não era assim. O homem se aproximou, a puxando pelo braço.

- você vai por mal ou por bem.-

- eu, não!- berrou. Aquela altura a vizinhança já estava acordada, espreitando pelas janelas a cena.

- ah, você vai!

- ei!Larga ela!- Um rapaz alto, de jaqueta preta e de cabelos bagunçados se aproximou.

O homem olhou surpreso. - quem é você?!-

- não interessa. Largue-a! -Luísa teve um sobressalto ao descobrir quem era o rapaz com quem Clara estava." Ele?!"

O homem largou Luísa de supetão,ela teria caído no chão porém Clara foi mais rápida e a segurou. A aquela altura eles já haviam chamado muito atenção. No outro dia eles seriam motivo de fofoca por uma longa semana,concluiu o homem. Ele encarou Luísa que acariciava o braço vermelho e disparou:

- Margarida saberá disso. - Então apontou para o garoto e disse:-

- sorte sua que eu não bato em crianças, garoto.- Dito isto, saiu às pressas pelo mesmo caminho em que chegou.

Os três entraram para dentro da casa de Clara. 

-vou pegar um gelo para você.- disse a amiga. Luísa a agradeceu. Mas esta estava mais preocupada com o que Fabio iria falar para Margarida e consequentemente para o seu pai, sobre aquele garoto. Mas depois se tranquilizou ao pensar que Fabio podia nem saber que aquele garoto era Augusto, o garoto que ela não podia chegar perto.

-E obrigada a você- ela por fim disse, se dirigindo a ele.

Ele levantou os olhos para ela,a encarando em silêncio. Depois,como resposta, acenou com a cabeça.

- sem problemas,loirinha- Por alguns instantes eles se olharam,em silêncio,ela pensando se as palavras do pai eram verdadeiras e ele, em como seria sua vida ao lado daquela loirinha. Se ao menos um deles olhassem para trás,veriam Clara com um saco de gelo nas mãos,os examinando ao perceber a forma como eles se encaravam. E por alguma razão desconhecida, sentindo seu peito doer... 

Clara era filha de pais historiadores, por isso eles  viviam viajando. Confiando na maturidade da filha, eles a deixavam responsável pela casa, sendo servida por empregados a seu dispor. "esse é o futuro dos jovens,disseram eles, no futuro, a maioria dos jovens irão morar sozinhos e serão responsáveis por si mesmos."

Aquela era uma noite estranha, constatou Luísa,pois sentiu que foi a partir daquela noite que uma fina linha de amizade se formou entre ela e Augusto.

O que achou? Comente. Beijos da Marrie.

Quando escolhemos amar(Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora