Casamento.

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O boato era de que Paula iria continuar os estudos em casa. O noivo dela, que era herdeiro de uma fábrica de doces, a iria levar embora do país.

Sentada a mesa com a família de Clara, Luísa se perguntava se Paula realmente estava feliz com aquele casamento.

A festa estava extremamente bem ornamentada. Cortinas de seda azuis, taças de cristais e grandes janelas de vidro demonstravam o quão ricos aquele casal era.

Mas algo no olhar de Paula enquanto ela caminhava para o altar, fez Luísa perceber com quem ela realmente queria estar.

Luísa acompanhou naturalmente a direção do olhar de Paula.

Foi certeiro o palpite da menina. No canto na festa, quase imperceptível , de pé e trajando um alinhado terno preto, estava Augusto.

Foi quase solidário o olhar que ele direcionou à noiva.

Luísa tentou não sentir nada com aquele pequeno flagrante, que tudo indicava ter sido apenas ela a fiscal.
Mas foi em vão, o peito dela se contraiu.

Diante desses sentimentos, Luísa nem percebeu quando Paula chegou ao altar e finalmente disse sim.

***

O vestido dela arrastava pelo salão, enquanto ela procurava por ele. Mas em nenhum lugar ela o achou. Foi então que Luísa se deu conta de que ele podia estar no jardim.

E assim, ela foi até lá ...

Em um canto pouco iluminado, perto dos verdes arbustos, um rapaz com brilhantina no cabelo,estava.

Luísa nem teve tempo de pensar no que dizer. Ao abrir a boca , ela o escutou sorrir.

- sempre atrás de mim, não é mesmo ?

Normalmente, ela iria se sentir ofendida ou envergonhada com a declaração dele, mas não daquela vez.
Ao olhar para ele, ela logo o compreendeu. Este estava tentando se distrair com qualquer coisa que não fosse os próprios pensamentos.

- como adivinhou ? -

Os lábios dele sorriram diante da resposta .

Ela se aproximou mais.

- o que faz aqui sozinho?

Ele levantou a mão esquerda, que segurava uma taça semi cheia, e depois a direita , com uma garrafa de vinho.

- não estou sozinho.

Luísa parou onde estava. Analisou o local. Havia algumas pessoas no jardim, mas estavam distantes o bastante para ouvi-los e o som da música vindo de dentro do salão ajudava.

Luísa cruzou os braços.

- então é assim que faz?

- assim que eu faço o quê? - ele quis saber.

Ela se aproximou, ficando lado a lado com ele.

- quer conversar sobre isso?

Ele arfou de forma zombateira.

- você disse que nós seríamos amigos, não? Amigos conversam.

Ele nada disse. Ao invés disso largou a garrafa no chão e passou uma das mãos pelo rosto, para então estender a mão para ela.

- me concede?

Ela semicerrou os olhos como quem diz " ora,ora", e então estendeu a mão para ele.

As mãos dele gentilmente passaram pela cintura dela, enquanto ele sentiu ela pousar os braços em torno dos ombros dele.

Sem esperar, ela sentiu o calor da voz dele perto do ouvido. Ele enfim tinha decidido falar.

Quando escolhemos amar(Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora