Cigana imunda

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O cheiro de grama inundou os sentidos de Diogo, ele aspirou aquele cheiro e soltou a fumaça de cigarro. A sua frente, uma pequena praça do quartel, reservado para visitas. Mas a chuva da noite anterior molhou a grama, trazendo à tona o cheiro característico da sua infância.

- já disse que fumar faz mal, bambino.

A voz grave e segura saiu de forma irônica e afetiva. O jovem rapaz levantou os olhos, e transpareceu um sorriso cúmplice ao falante.

- é mesmo, pai?

***

Ele contou sobre o noivado, e sobre os últimos acontecimentos da vida. Edgar ouviu tudo com sincero interesse. O noivado do filho o deixara feliz, sua missão também, apenas os acontecimentos com Augusto o preocupavam.

- seu avô se transferiu para o Sul assim que soube que vocês iriam pra lá. E acredito que ele não vá ficar muito feliz com o seu noivado.-

Diogo sorriu.

- acredito que sim. O senhor vai falar com Augusto?

O fato do avô não gostar de Sofia pelo fato dela ser uma cigana não preocupava Diogo, apesar das tentativas do mesmo de mantê-los afastados, seu pai,sempre o apoiou. Naquele momento, ele queria saber como resolver o " estado" de Augusto.

- como o vovô sempre disse, não é bom ir para uma missão com a cabeça "virada".- completou o rapaz.

Edgar tomou o cigarro do filho e o levou a boca, dando uma tragada e a soprando depois. Ele olhou um pouco para o rapaz a sua frente, reconhecendo nele as características da mãe.

Depois um sorriso característico dele foi dado.

- claro, bambino. Vou falar com ele. Mas não se esqueça de prestar atenção em tudo que fizer na 0Imissão, tome cuidado e volte pra casa. Não importa o quanto o seu avô o persuada a ficar ,como  fez das outras vezes .

- volto sim, pai. Prometo.

Edgar se levantou. Jogou o cigarro no chão e o apagou com um dos pés.

- claro que promete, tendo uma noiva o esperando.

Os braços dele se abriram para receber o abraço do filho.

- tome cuidado, bambino.

Diogo se lembrou do momento em que o pai o disse essas mesmas palavras a anos atrás, e o fato dele sempre as repetirem significavam muito para ele.

- claro, pai.

***

Augusto não deu uma palavra ao ouvir o tio entrar no quarto e chamar por ele.

- está com raiva?

O silêncio persistiu. Então Edgar puxou uma cadeira próxima da cama e se sentou.  O cabelo bagunçado e o estado geral do rapaz denunciavam que ele estava deprimido.

- se ela gosta mesmo de você...

" Ela deu passos apressados. Depois começou a correr pela floresta"

- ela vai enfrentar todo mundo para ficar com você.

" Volte aqui menina!" Uma voz grave e zangada ecoou pela floresta, fazendo os pássaros se assustarem, e isso foi escutado e percebido pelos rapazes do quartel. Um em especial, de olhos pretos e selvagens se atentou e correu em direção ao barulho.

- o senhor não sabe o que aconteceu.

Edgar levou uma das mãos a sobrancelha, a alisando de leve.

Quando escolhemos amar(Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora