Estrada.

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Ana estava no banco do carona,segurando um mapa. Enquanto Carlos,dirigia. Envolvidos na companhia um do outro,escutavam canções do rádio. A estrada estava fazia. Fazia três horas que não paravam para descansar. Talvez fosse a sensação de segurança que fez Carlos não perceber um animal na estrada. Freiou violentamente...

As cabeças deles seguiram para frente. Talvez os corpos  teriam sacado da van se eles não estivessem com o cinto de segurança. Alguns minutos após o susto, Carlos se inclinou para Ana, confirmando que ela estava bem. 

Ele pensou que ela ficaria zangada pela desatenção dele. Mas, não. Apesar do susto, os lábios dela se desfizeram em um sorriso.

- não tem como passar por aqui sem enfrentarmos alguma turbulência, não?-

ele a acompanhou no sorriso. -Acho que não, querida.- respondeu ele, relembrando saudoso da última vez que eles estiveram ali.

Ela estendeu os braços para ele. Em resposta, Carlos a puxou para o colo e, passando seus braços pela cintura dela, a abraçou, mergulhando seu rosto nos cabelos dela. Respirando, de certa forma, aliviado.

-quanto tempo faz exatamente ?- ele quis saber.

-vinte anos-

- nossa... vinte anos. Quem diria que vinte anos depois estaríamos voltando aqui.-

-uhum...pois é.--

AQUI exatamente era a estrada de Tato. Uma estrada que a anos deixara lembranças na mente do casal.

- ok. Isso quer dizer que estamos perto daquela maldita vila.- concluiu ele, colocando Ana de volta no banco do carona.

- As coisas mudaram, Carlos. Ouvi dizer que eles estão mais civilizados agora.-

Ele suspirou. - é? tomara mesmo, pois estamos à caminho de lá e você sabe, matarei qualquer um que queira de roubar de mim.-

As sobrancelhas de Ana se ergueram.

-ah, é? Naquela época não foi assim. Você disse que ia me deixar lá.-

Ele balançou a cabeça, mudou a marcha e começou a movimentar a van.

- besteira. Eu estava chateado naquele dia.-respondeu ele,com a voz rouca

- sei...- 

Ana olhou pela janela, procurando rastro do animal que eles quase mataram e que quase tirara a vida deles.  Nem sinal. Ainda olhando para fora, ela o ouviu dizer:

- você sabe que eu sempre fui louco por você e que jamais eu iria roubá-la para dá-la a outro.

Impactada positivamente  pelas palavras dele, ela virou o rosto para ele e o encarou. Com um sorriso de orelha a orelha, ela ousou provocá-lo. 

-e você se arrependeu de ter me roubado? - O carro já estava na velocidade normal. Carlos estava mais atencioso na direção, no entanto, jamais poderia deixar de ouvi-la e de respondê-la. E, olhando para a frente e com um sorriso travesso, o fez.

- Nem sequer um dia da minha vida,querida.- Ele não virou o rosto para ver a expressão dela mas sabia muito bem como ela devia ter ficado: com a boca meia aberta e os olhos lagrimejados. Ana era uma mulher de pensamentos e atitudes fortes. Às vezes teimosa e até um pouco ranzinza. Mas para quem amava, sempre deixava sua muralha de lado e demonstrava as suas íntimas emoções se descobrindo dócil, carinhosa e romântica. Esse pensamento o vez,vagamente, lembrar da primeira vez que a vira...

Quando escolhemos amar(Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora