Com um buquê de rosas em uma das mãos, ele bateu na porta da casa dela. Do lado de dentro ouviu sorrisos e palavras animadas. Provavelmente era um reunião de garotas... Ele devia ir embora e voltar em outro dia? Talvez seria o melhor.
Deu meia volta, descendo as clamorosas escadas. Mas então ouviu a porta abrir.
- Augusto?-
Por alguns minutos ele se arrependeu de ter ido ali. Se estava acontecendo um reunião de garotas, Luísa certamente estava ali. E Augusto não queria encontrá-la.
- o que faz aqui?- a voz saiu quase em um sussurro.
Ele suspirou. Deu meia volta e a olhou. Ao se deparar com aqueles furtivos olhos a encarando,Clara sentiu seu coração acelerar.
Mas então lembrou da cena que Augusto a fez passar. A ignorando perante todos,na escola,quando tudo o que ela queria era falar com ele. Consolá-lo,afinal,ela pensava ter essa intimidade.
Ele estendeu o buquê para ela.
- sei que fui um babaca. Aqui está as minhas desculpas.
Clara sentiu o coração se comprimir. Ele fora ali se desculpar? Ele realmente se importava com ela?
As questões vieram em turbilhão para ela. Mas ao invés de sorrir ,abraçá-lo e pegar o buquê das mãos dele,coisa que ela queria muito fazer, se conteve, e seriamente falou:
- então é isso? Você me ignora na escola e depois vem aqui se desculpar?
Augusto deu um passo para trás. Não esperava essa reação. Arqueou uma sobrancelha.
- rroou! O que esperava que eu fizesse? Eu estava zangado,agi sem pensar.
Dessa vez, foi ela quem se surpreendeu.
- e que culpa tinha eu?- retrucou ela, um pouco aborrecida.
Augusto nada disse. Na verdade,achou até graça ver aquela ruivinha sempre calma, zangada. As bochechas dela estavam vermelhas.
Não. Ele não a podia culpar .
- é verdade. Você não tem culpa. Não devia ter feito àquilo. Paenitet...
Dito isso,ele deixou o buquê no chão e se virou, partindo.
Clara permaneceu no lugar: na entrada da casa. O olhando dar seus passos fortes e apressados em direção à sua moto. Ela percebeu que ele exitou por alguns instantes em subí-la, mas então o fez.
Atrás de Clara, Luísa e Mariana apareceram, colocando as mãos no ombro da amiga,ambas tentando consolá-la. Elas tinham ouvido a pequena discussão. E ficaram orgulhosas da determinação da amiga.
- é melhor assim,Clara. Ele é apenas um babaca que gosta de aprontar todas e invadir casas...
- invadir casas?- a voz de Clara soou quase infantil.
Luísa arregalou os olhos para Mariana.
- Mari!- protestou ela.
Por instinto,Clara percebeu que as amigas guardavam algum segredo.
- me digam o que está acontecendo!- ordenou ela.
*Paenitet=desculpa/Latim
🍃🍃🍃🍃🍃🍃🍃🍃🍃🍃🍃🍃🍃🍃Clara ficou perplexa.
- como ele ousou fazer isso?!-
- pois é, amiga. Um cara estúpido.- disse Mariana.
Luísa estava calada. Apesar da invasão ter sido na sua casa ela parecia ser a menos afetada com a questão. Na verdade, ela estava era preocupada em como Augusto iria pagar por aquilo. Afinal, ouvira o seu pai e Fábio comentando sobre algo. Luísa só não sabia o que o aguardava. Ele merecia uma lição,isso era certo, mas ela tinha medo que aquela coisa desencadeasse algo maior.
- ele estava bêbado ainda por cima.- acrescentou Mariana.
- não, Mariana. Não se sabe ao certo.
Mariana e Clara a olharam incrédulas.
- não acredito, Luísa. De que lado você está?
Luísa olhou a dona da pergunta, depois olhou para Clara,que estava triste com toda aquela descoberta.
Com um suspiro, a filha de Pedro ousou dizer:
- olha... Sei que vocês estão abismadas com tudo mas... Ele não ficará impune por muito tempo.
Os olhos de Clara e Mariana se arregalaram.
- O QUÊ?!- gritaram em uníssono.
Mais um suspiro.
-meu pai...
Os olhos de Clara logo se encheram de água. Ela conhecia bem o pai de Luísa.
Naquele instante,ela também se deu conta de que Augusto iria sofrer consequências por àquela invasão.Não, não, não. Mesmo estando chateada com Augusto,ela não queria que nada acontecesse com ele. Não o queria mal. Sinceramente,ela até tinha se arrependido de ter discutido com ele.
- não, Luísa...o que você sabe?
Até Mariana pareceu mais sensibilizada com a notícia.
- não muito...
- mas ele não foi expulso.- lembrou Clara.
- verdade- acrescentou Mariana.
- todavia acho que ele terá que pagar um preço por essa "absorção".
As três amigas ficaram em silêncio, sentadas no tapete da sala,com os convites de festa em volta delas. Era isso que estavam fazendo antes da chegada de Augusto.
Uma festa seria dada em homenagem aos pais de Clara. Eles haviam ganhado um prêmio por um descoberta arquiológica. Por isso estavam voltando para casa mais cedo. As garotas estavam muito animadas com aquilo. Mas a dúvida sobre o futuro de Augusto as tomou a paz de espírito.
Clara pegou uma caneta e começou a escrever em um convite.
- o que está fazendo?
- mandando um convite para Augusto. Ele precisa saber que algo o aguarda.
- mas eu ainda não sei de nada. Não sei de nada concreto.- interveio Luísa.
Havia fogo nos olhos de Clara. Luísa e Mariana perceberam isso. É típico daqueles fogos que se acedem nos olhos quando algo ou alguém que amamos está em perigo.
- mas buscará saber. Até o dia da festa você já deve ter descoberto algo. Aí contaremos a ele na festa.
Sei que ele foi idiota com você,te chantageou e invadiu a sua casa...- ela levou o convite ao peito e o apertou contra si,fechando os olhos,como se aquele convite tivesse algum poder sobre o destino de Augusto.- mas por favor, ajude-o.Naquele dia as amigas souberam que realmente Clara nutria fortes sentimentos por Augusto.
Luísa assentiu. Claro que ela faria qualquer coisa pela amiga.
- tudo bem.
Mariana suspirou.
- isso quer dizer que todas nós nos esforçaremos para ajudar aquele babaca?
As outras duas sorriram ao ouvirem a "dúvida" de Mariana.
- sim, Mari.
∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆π∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆
Quando Luísa chegou em casa, foi direto para o seu quarto. Poucos minutos depois Mama entrou, a interrogando por seu estado de espírito.
- estou bem mama. Só preciso que me ajude com algo.- disse a menina, estirada sobre a cama.
Mama não exitou em respondê-la.- Sempre,minha querida.
A velha logo se espantou com o pedido mas ao compreender a situação,aceitou ajudar.
- ora,ora. O que não fazemos por amor, não é mesmo?
Gostou? Então não deixe de curtir. Até a próxima e beijos da Marrie. ❤️
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Quando escolhemos amar(Concluído)
RomanceQuando o amor acontece em meio a guerra, rastros do passado ecoam no presente. Foi isso que Luísa e Augusto herdaram dos pais. Ambientado nos anos 66 e 45,acompanhe a trajetória do casal que luta para permanecer junto apesar dos fantamas que os cerc...