A festa estava cheia de convidados ilustres. As famílias mais ricas e importantes estavam nela. Todos ali, para prestigiar o retorno do casal Fontes à cidade e a premiação pela descoberta arquiológica.Um casal de historiadores e arquiólogos não se via frequentemente naquela cidade.
- você está linda! - cometou um rapaz ao se aproximar de Clara com uma taça de licor em uma das mãos.
- obrigada...- respondeu,olhando não para ele,e sim para a multidão de convidados.
Ela estava a procura de alguém.
Ele não tinha ido à escola àquela manhã. Ele iria para a festa?
- então... você gostaria de...- as palavras do rapaz foram interrompidas pela repentina chegada de Mariana,no seu vestido preto bufante.
- oh, esse é o vestido azul mais lindo que eu já vi! - exclamou a amiga, animada.
Mariana se posicionou entre o rapaz e Clara.
- oh, estou atrapalhando?
O rapaz arqueou as sombrancelhas, claramente incomodado.
- na verdade, está...
- sinto muito!- respondeu Mariana, puxando a amiga pelo braço.
Clara respirou aliviada quando se viu distante do rapaz.
- ufa, obrigada.
- de nada - foi a resposta.- mas até que ele ficou uma gracinha naquele paletó. E acho ele muito mais apropriado para você do que aquele tal.
Clara revirou os olhos. Sabia de que "tal" Mariana estava se referindo.
- Mari...
- tá bom,eu sei. A propósito... Ele veio?
A ruiva começou a espremer as mãos. Olhando ao redor,ela concluiu:
- ainda não... será que ele vem? Ele não foi à escola hoje...eu...
- calma, talvez, ele só esteja atrasado.
Mariana odiava ver a amiga apreensiva.
- mas ele não precisa mais vir. Já sabe de tudo...
Mariana segurou o rosto da amiga,a fazendo olhá-la nos olhos.
- ei, calma. Ele virá sim. E se não vier azar o dele. Ele será o maior babaca de todos os tempos.
Clara sorriu diante da declaração da amiga.
Como ela queria que ele fosse, nem que fosse para se despedir. Ela ainda não podia acreditar que ele iria para o quartel.
- sabe que eu gosto dele, não? Desde o dia em que o vi- foram as palavras dela.- e eu não quero desistir, não depois de hoje.
Mariana encarou a amiga com intensidade. Ela pareceu perder a respiração por alguns segundos.
- deu positivo mesmo?
- eu ainda não sei direito. Mas meus pais falaram que íamos conversar depois da festa.
Em resposta,Mariana abraçou a amiga ,com força.
- e onde está Luísa? Preciso me desculpar com ela.- disse, fechando os olhos,como se estivesse sentindo dor ao admitir.
Os olhos de Clara ficaram tristes.
- ela não vem. Parece que a bruxa da Margarida surtou...
- nossa,que pena.
- oi
Ela não precisava nem vê-lo, ao ouvir a voz, já sabia que era ele.
Clara se encheu de alegria. Mariana rapidamente se distanciou, aquele, por mais que ela não quisesse admitir,era o momento deles.
Bastava olhar para ele,para os olhinhos dela brilharem. Ele percebeu,e àquilo a fez corar.
-oi- repetiu.
Foi a primeira vez que ela o viu de terno. Terno preto para ser mais exata. Os cabelos dele continuavam rebeldes,mas mesmo assim,ele parecia um príncipe.
- oi- sussurrou ela.
Vagarosamente ele se aproximou. Ao fazer isso,Clara pôde olhá-lo mais de perto.
O peito dela se apertou de dor.
- seu rosto...- disse assutada.
- tá tudo bem, eu caí- mentiu.
Porquê ele estava ali? Ele tinha ido se despedir.
- descobri mais sobre o meu destino.
Ele colocou as mãos no bolso da calça.
- ah, é?
- daqui a alguns dias é o meu aniversário,depois disso,vou para o quartel.
- mas e a escola?
Que sensível ela era,os olhos delas já estavam marejados.
Ele sorriu.
- será por pouco tempo. Só duas semanas, aí volto para a escola.
Os lábios dela se desfizeram em um largo sorriso.
- que bom!
- sim.- ele concordou.
Depois pigarreou.
- onde está Luísa?
O coração dela era um espelho lindo e sensível que naquele momento se quebrou em mil pedacinhos.
Ela gaguejou as palavras.
- qu-ê?
Ele balançou a cabeça, tentando desfazer a impressão que tinha causado.
- tenho que me desculpar pelas coisas que fiz à ela...
Os olhos dele já passeavam pela multidão a procura dela enquanto os olhos de Clara estavam fincados no chão.
- não precisa tentar,ela nunca o perdoará.
- o quê?- ele foi pego de surpresa pela declaração dela.
- ela não parece...
- mas é. Ela não perdoa, nunca. Não tente.
Mediante as palavras dela, Augusto examinou o rosto dela.
Estava vermelho. Era de raiva?
- mas em todo caso, ela não está aqui.
Vamos dançar?Augusto pareceu pensar um pouco,mas então estendeu a mão para ela. A conduzindo a um pequeno palco.
Uma das músicas de Elvis presly estava tocando, ela já estava acabando,dando vez a mais uma música, só que romântica.
- ah, eu amo essa música- declarou ela, com os olhos fechados.
Augusto ficou olhando ela com os olhos fechados por alguns minutos.
Então, vagarosamente,passou uma das mãos pela cintura dela e a outra pegou-lhe a mão. A conduzindo lentamente na dança.
O calor do corpo dele era tão aconchegante e ele cheirava tão bem,
que ela docemente,apoiou a cabeça no ombro dele, tornando a fechar os olhos. Ele era dela,se não era ainda,seria."Tudo bem" ele disse a si mesmo.
"Pegue minha mão,pegue meu coração e minha vida também, porquê eu não posso evitar de me apaixonar por você." Eram as palavras que Clara repetia na mente enquanto Elvis as cantava.
Gostou? Então não deixe de curtir. Beijos da Marrie ❤️
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Quando escolhemos amar(Concluído)
RomanceQuando o amor acontece em meio a guerra, rastros do passado ecoam no presente. Foi isso que Luísa e Augusto herdaram dos pais. Ambientado nos anos 66 e 45,acompanhe a trajetória do casal que luta para permanecer junto apesar dos fantamas que os cerc...