Os cabelos dela estavam esparramados pela grama verde.
"Nunca lhe confessei o meu amor com palavras,mas se os olhos falam,o último dos tolos poderia verificar que eu estava totalmente apaixonado."
Ele terminou a frase olhando para ela, enquanto fechava o livro. Sua tarde de leitor estava chegando ao fim. Mas ainda sim, ali estava ela, atenta as suas últimas palavras.
- acha que eles se amavam?- indagou ela, rolando no chão gramado para olhá-lo nos olhos.
Os olhos dele vagaram pela vasta imensidão verde. Ela notou o maxilar dele se movendo. O som de uma risada abafada pôde-se ouvir.
- acredito que sim. Todavia, eram tolos demais.
Ela estreitou os olhos, curiosa.
- tolos? Por serem jovens demais?Uma das sombrancelhas dela se ergueu, como dizendo: Jovens demais como nós?
Ela se aconchegou mais a ele, denunciando seu íntimo interesse pela opinião dele.
- acha que era isso que Emily Bronte queria que achássemos deles?- ela completou a pergunta.
Ele estreitou os olhos, como ela gostava de instigá-lo!
- claro que não. Eles eram tolos por serem corajosos demais para se amarem, mas covardes demais para ficarem juntos.
Luísa se impressionou com palavras dele, e então, permaneceu em silêncio, refletindo.
Uma nuvem escura sombreou os olhos dela, lhe dando um ar de preocupada.
- o que foi?- ele quis saber.
- não seremos tolos como eles, não é, Augusto?
O sorriso que ele deu ao finalmente saber o que a estava preocupando a estarneceu.
- claro que não, minha querida.
As mãos dele encontraram as dela, as levando aos lábios.
Luísa sentiu o doce beijo nas mãos acalmar seu coração. Então seus olhinhos se acenderam.
- me promete?
Aqueles selvagens olhos pretos sorriram.
- é claro que prometo... Mas agora,dei-me um beijo.- finalizou a última frase num tom gozado.
Os lábios dela sorriram.
- por quê?
- porque tenho que ir.
- mas já?
Ele se levantou, a ajudando a fazer o mesmo.
No íntimo, ele se lembrou que notícias perturbadoras no quartel o aguardavam,mas ele não diria isso à ela. Ao invés disso, disse algo esperado:
- sim. Diogo está me cobrindo nos serviços,mas tenho que voltar, senão sentirão a minha falta e aí, não poderemos nos ver mais.
Aquela altura, deixar de vê-lo seria o fim para ela.
Ela se jogou nos braços dele.
- tá bom. Mas prometa que voltará, que voltará pra mim.
O rosto dela, em tom quase de desespero, o fez se sentir mui querido. Quem diria que um dia teria alguém ansiando por sua volta?
Ele a enlaçou pela cintura, colando em seguida sua testa na dela.
- é claro, minha loirinha. Tudo o que me pedir para prometer eu prometo. É só pedir.
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Quando escolhemos amar(Concluído)
RomanceQuando o amor acontece em meio a guerra, rastros do passado ecoam no presente. Foi isso que Luísa e Augusto herdaram dos pais. Ambientado nos anos 66 e 45,acompanhe a trajetória do casal que luta para permanecer junto apesar dos fantamas que os cerc...