A volta

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Ele leu mais uma vez as palavras escritas em dourado no convite.

Depois suspirou e o guardou no bolso.
"Tudo bem" ele pensou para si mesmo. " Que seja feliz"

Ele saltou do trem. A farda de soldado ainda estava em seu corpo, nas mãos cheias de arranhões e hematomas, uma pequena mala.

A uma semana atrás havia recebido um convite de casamento que fez o coração dele recuar por alguns instantes. Mas depois, exposto a todo tipo de provações no quartel, deixou pra lá.

Apenas uma coisa o fez sentir vontade de voltar para casa, o telefonema do tio dizendo que sua mãe estava muito doente. E graças a isso, ele recebeu uma liberação para voltar para casa.

****

Ele entrou na casa, subiu as escadas e abriu a porta do escritório do tio.

Foi recebido por um sorriso caloroso.

- Olá, Bambino! - Edgar abriu os braços para abraça-lo. Augusto recuou.

- aonde está a minha mãe?

Edgar levantou o queixo. Como o sobrinho não tinha percebido que aquela notícia era falsa?

Ele colocou as mãos no bolso.

- ela está no quarto- respondeu.

Augusto acenou com a cabeça e deu as costas. Seus pés se moveram rapidamente para o quarto da mãe.

Ela estava sentada em uma cadeira, perto da janela. O olhar dela era triste e saudoso.

- mãe?- a jovem senhora de longos cabelos cacheados  atendeu ao chamado e encontrou o rosto agora magro e machucado do filho. Os olhos dela se encheram de lágrimas.

- filho...

Ele foi até ela, se ajoelhou e pegou as duas mãos dela.

- oh, mãe... O que aconteceu? Como a senhora está?

A mulher permaneceu muda, apenas falava com os olhos.

Vagarosamente, ela levou as mãos aos cabelos dele e o acariciou.

Augusto sentiu um forte alívio ao sentir aquele carinho. Então ele deitou a cabeça no colo dela e deixou- se ser consolado.

Eles estavam nas escadas... Brincando. Foi quando as portas do casarão foram invadidas por ladrões. Cinco deles. Os meninos ficaram perplexos com o ocorrido. A mãe os fez correr para se esconderem.Com uma agilidade impressionante os ladrões começaram a fazer um limpa na mansão.

A senhora Helena implorou que seus dois filhos ficassem onde estavam, escondidos, enquanto ela tentava negociar para que os bandidos levassem tudo o que queriam mas que fossem embora o mais rápido possível.,

- o meu marido está chegando.- ela alertou.

Mais um deles, o mais sagaz, a pegou pelo pulso, a intimidando.

Foi aí que o seu filho mais velho veio ao seu encontro. Valentim saltou em cima do bandido. Aquele ato impensado fez com que o um dos bandidos atirase nas costas do rapaz.

Depois disso eles fugiram com as coisas, deixando para trás o jovem rapaz afogado na própria poça de sangue.

Eles eram uma família feliz até àquele dia. O pai, sempre trabalhador mas sempre presente, naquele dia se atrasou na volta para casa, e aquilo o fez se sentir culpado. A mãe, cujo o filho tanto amava, se martirizou por não o ter protegido e o caçula, achou que tinha sido um covarde por não ter ido ajudar o irmão contra o agressor.

Quando escolhemos amar(Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora