Sala de jogos

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Ele entrou na sala de jogos. Ela estava rodeada pelas amigas. Os raios do sol atravessavam as frechas das janelas. Era um raio alaranjado,que iluminando Luísa,acentuava a cor dos cabelos loiros dela.

Quando ele se aproximou, elas notaram a presença dele. As outras duas ficaram em silêncio, surpresas. Mas Luísa não escondeu seus olhos assustados pela presença dele. Ela engoliu em seco antes de falar.

-- o que faz aqui?-

Ele, vagarosamente,colocou um mão no bolso da calça, então dirigiu o seu olhar para Clara. Era duro demais olhar pra Luísa e o tanto que ela estava transtornada.

- vocês poderiam esperar lá fora? Quero conversar com ela.

-NÃO! -Gritou Luísa.- não tenho nada pra falar com você!- dito isto,ela levou as mãos ao rosto, tentando esconder as lágrimas que queriam cair .

Augusto insistiu para as meninas.

- por favor, será bem rápido.

As meninas ficaram em dúvida sobre o que fazer, até que,Mariana, suspirando,tomou a decisão e foi para fora,levando Clara consigo.

- seja rápido.- ordenou Mariana.

- não me deixem aqui! - Luísa pediu mas as meninas seguiram em linha reta, batendo a porta atrás delas.

Sabendo que elas não voltariam tão cedo, Luísa lançou um olhar furioso para Augusto.

- o que quer?

Ele caminhou em direção a ela. Os olhos dela estavam vermelhos por causa do choro, os cabelos estavam assanhados e pequenos arranhões marcavam o rosto dela.

Um em particular chamou a atenção de Augusto. Era um corte pequeno nos lábios. Suspirando, ele se agachou para ficar na mesma altura que ela, que estava sentada.

- olá...

Por um instante, ela pareceu levar um susto ao ver o rosto dele de perto.

Claro, ainda estava roxo.

Quando Augusto entrou naquela sala, ele sabia o que estava esperando por ele: gritos e acusações da parte dela. Pois ele sabia que Luísa sabia o porquê de ter sido agredida por Paula.

Mas ao ver o rosto de Augusto,ela engoliu todas as acusações que deveria fazer a ele.

Em silêncio, ela apenas ficou olhando o olho roxo. Por que ele estava assim? Ele...ele...

Por que ela não estava gritando com ele? Por quê? Augusto se indagava.

Eles dois, ali parados, assemelhavam-se a uma rosa e um cravo despedaçados. Ela com seus machucados e ele com seu olho roxo.

Quando ele se convenceu de que ela não iria falar nada, ele tomou a iniciativa:

- me perdoa...- as palavras dele foram ditas em um sussurro.

Os lábios dela semiabriram, querendo dizer alguma coisa,mas então...tornaram- se a fechar. Ela virou o rosto para o lado, tentando deixar de encarar aqueles olhos enfáticos.

- perdoe- me por Paula, por seu pai, por tudo que eu possa tê-la causado.

A sala permaneceu em silêncio. Nem uma palavra foi dita.

Mas as lágrimas insistiam em cair dos olhos de Luísa. E Augusto tinha plena consciência disso.

Então ele se levantou, tornou a colocar as mãos nos bolsos, e olhando para ela uma última vez, ele saiu da sala.

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Os passos dele eram firmes, as mãos continuavam nos bolsos da calça, sério e calado, ele entrou na quadra.

Quando escolhemos amar(Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora